2 milhões de pessoas protestaram em 17 capitais e 438 cidades - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
22/06/2013 - 02h01m

2 milhões de pessoas protestaram em 17 capitais e 438 cidades

Agência Hoje 
Agência Brasil/Marcelo Camargo
Ato da quinta-feira na avenida Paulista, em São Paulo, transcorreu sem incidentes graves
Ato da quinta-feira na avenida Paulista, em São Paulo, transcorreu sem incidentes graves

São Paulo (Agência Hoje) - No balanço feito hoje, 21, das manifestações realizadas nesta quinta-feira no país, constatou-se que os protestos alcançaram repercussão muito maior do que o previsto. De um público inicialmente estimado em 1,2 milhão de pessoas, o número foi corrigido por especialistas para dois milhões. E de 100 cidades, para 438.

Também cresceram os registros de violência, patrocinado por baderneiros e vândalos infiltrados no movimento. Autoridades ligadas à segurança registraram ações de minorias formadas por pequenos grupos de 10 a 20 elementos, a maioria jovens que não participavam das manifestações, mas se dedicavam a atacar prédios públicos e lojas comerciais.

Em todas as capitais, os vândalos apareceram e assustaram a população. Os atos mais violentos ocorreram no Rio de Janeiro, Porto Alegre e Belém. As cidades com menor registro de incidentes foram São Paulo, Recife e Palmas. No interior, das 438 localidades que receberam protestos, 90% também tiveram participação dos baderneiros.

Em Palmas, a manifestação transcorreu de forma pacífica. A única exceção foi uma vidraça do Palácio Araguaia quebrada com uma pedra atirada de estilingue por vândalo ainda não identificado. Em passeata e gritando palavras de ordem contra a corrupção, cerca de 12 mil pessoas seguiram da Praça dos Girassóis até o prédio da Prefeitura, passando pela avenida JK.

Cada vez mais, a população e os próprios integrantes dos movimentos sociais pedem mais rigor do policiamento contra os indivíduos que se infiltram nos movimentos sociais para praticar atos violentos. "É necessário identificar, prender e processar", comentou um professor universitário. "Para os vândalos, o rigor da Lei", declarou o deputado César Halum, do Tocantins.

Como Aconteceu

Em um dia de manifestações em várias capitais e mais de 400 cidades do interior, estima-se que cerca de dois milhões de pessoas saíram às ruas para protestar contra o transporte urbano, os gastos com as Copas, a corrupção, a PEC 37 e a falta de estrutura na saúde e na educação.

A mobilização pacífica agrada o público de todas as idades, nível social e cultural, mas há grande preocupação com o crescimento dos casos de vandalismo, provocados por grupos minoritários que se infiltram entre os manifestantes. Ontem, 20, ocorreram vários, mas os piores foram registrados em Salvador, Fortaleza, Belém, Vitória e Rio de Janeiro. Ribeirão Preto, no interior de São Paulo, também teve atos de violência, com uma morte.

As manifestações mais tranquilas aconteceram em Recife, onde os soldados da PM circulavam com uma tarja branca onde estava escrito PAZ, e em São Paulo. Na capital paulista, apesar da multidão de 100 mil pessoas que ocupou a avenida Paulista, os protestos foram acompanhados de longe pela Polícia Militar e não houve registro de conflitos sérios.

A sociedade cobra cada vez mais uma ação específica contra os vândalos. Eles são rejeitados pelos próprios manifestantes, se aproveitam do movimento para praticar furtos, provocar danos ao patrimônio público, danifiicar lojas e bancos, saquear e incendiar carros. Na Argentina, há dois anos, a população que participava de movimentos populares costumava sentar no chão quando notavam a presença dos "infiltrados". Assim, a Polícia os identificava e prendia.

Também está sendo rejeitada a esperteza de alguns que praticam atos de vandalismo e algumas horas depois, ao serem flagrados e levados para as delegacias, dizem que erraram, pedem desculpas e são liberados. Os próprios manifestantes, preocupados em manter uma imagem positiva junto à população, acham que todos vândalos devem ser punidos exemplarmente, independentemente da condição social.

PERTO DE 2 MILHÕES DE BRASILEIROS NAS RUAS, MAS OS VÂNDALOS CONTINUAM ASSUSTANDO

Brasília (Agência Brasil/Aline Leal, Sabrina Craide e Wellton Máximo) – As manifestações pela redução das passagens do transporte público, contra os gastos com as obras da Copa do Mundo e pelo aumento dos recursos para a saúde e educação atingem várias cidades do país.

Além do Rio de Janeiro, de São Paulo e Brasília, os protestos ocorrem também em Salvador, onde foram registrados atos de vandalismo por parte de um pequeno grupo de pessoas, segundo informou a Secretaria de Segurança Pública da Bahia, por meio da assessoria de imprensa. Eles depredaram pontos de ônibus, ônibus, placas de sinalização e banheiros químicos.

Policiais do Batalhão tiveram de usar bombas de gás para dispersar os manifestantes. Um policial militar ficou ferido e foi atendido no local.

A manifestação na capital baiana começou de forma pacífica, por volta das 16h, reunindo cerca de 20 mil pessoas no centro da cidade, segundo a Polícia Militar (PM). O grupo se dirigiu para as proximidades da Arena Fonte Nova, onde jogavam as seleções da Nigéria e do Uruguai pela Copa das Confederações.

Em nota, o prefeito de Salvador ACM Neto lamentou a destruição de equipamentos públicos e privados por um pequeno grupo de vândalos. “A maioria das pessoas que foi às ruas se manifestar fez de forma ordeira e pacífica. A manifestação faz parte da democracia e é plenamente aceita, devendo ser entendida por todos. O lamentável é a ação dos radicais”, disse.

No Recife, de acordo com a Polícia Militar, a manifestação reúne cerca 52 mil pessoas. Inicialmente, a Secretaria de Segurança Pública de Pernambuco informou que 100 mil pessoas estavam nas ruas, mas o número foi revisado para baixo.

De acordo com a PM, apesar de registros de pequenos incidentes, o protesto seguiu tranquilo, sem ocorrências de depredações. Parte dos manifestantes, está na Assembleia Legislativa do estado e outra parte segue para o Marco Zero, no centro histórico da cidade.

Em Teresina, de acordo com o coronel José Fernandes, da PM, a manifestação foi pacífica. Cerca de 13 mil manifestantes, segundo a PM, caminharam pela Avenida Frei Serafim e se concentraram em frente ao Palácio de Karnak, a sede do governo piauiense.

POLÍCIA CONFIRMA MORTE DE JOVEM EM RIBEIRÃO PRETO

São Paulo (Agência Brasil/Bruno Bocchini) – A Polícia Militar (PM) de São Paulo confirmou a morte de um jovem por atropelamento em meio à manifestação que ocorria hoje (20) em Ribeirão Preto (SP). O acidente ocorreu no cruzamento das avenidas João Fiúza e Adolfo Molina.

Pelo vídeo disponibilizado pela PM no Twitter da corporação é possível ver que o motorista, que dirigia um utilitário, tentou furar o bloqueio feito pelos manifestantes no local. Após o motorista discutir com alguns ativistas, são ouvidos barulhos de pancadas na lataria do carro. Após isso, o carro avança violentamente sobre os manifestantes, deixando vários feridos e um morto.

Em São Paulo, onde a manifestação reuniu cerca de 100 mil pessoas segundo PM, apenas um incidente grave ocorreu durante a passeata: um conflito entre membros de um partido político e um grupo supostamente de extrema direita. Uma pessoa saiu ferida e foi socorrida pela PM.

Em Fortaleza, de acordo com a estudante e uma das organizadoras dos protestos Camila Marreiro, a manifestação começou na Praça Portugal e segue, em passeata, rumo ao Palácio da Abolição, sede do governo cearense. No Maranhão, o protesto se dirige para o Palácio dos Leões.

BALANÇO MOSTRA VIOLÊNCIA E DEPREDAÇÕES EM VÁRIAS CIDADES

Brasília (Agência Brasil/Carolina Sarres e Yara Aquino) – As manifestações de ontem (20) foram marcadas por atos de violência e depredação em várias partes do país. Na manhã de hoje (21), autoridades fazem um balanço dos prejuízos e o governo estuda as medidas a serem tomadas de agora em diante. A presidenta Dilma Rousseff está, neste momento, em uma reunião emergencial com ministros. O encontro foi marcado para discutir os protestos que levaram cerca de 1 milhão de pessoas às ruas ontem em várias cidades brasileiras, segundo informações da Polícia Militar.

Dilma cancelou a viagem que faria ao Japão no próximo domingo devido à onda de manifestações. Segundo a Secretaria de Comunicação da Presidência da República, ela preferiu não se ausentar do Brasil por quase uma semana diante do cenário de movimentação popular.

A imprensa brasileira divulgou, entre a noite de ontem e a manhã de hoje, que a Federação Internacional de Futebol (Fifa) estudava o cancelamento da Copa das Confederações, que vai até o dia 30 deste mês, devido aos protestos no país. A Fifa negou essa informação.

Jornais de diversos países destacaram hoje os protestos no Brasil e os episódios de violência. Autoridades internacionais também têm orientado os turistas a evitar os tumultos. A embaixada dos Estados Unidos no Brasil chegou a publicar nota de orientação a seus cidadãos.

Ontem, em diversas cidades, manifestantes depredaram prédios públicos, lojas, bancos e agrediram policiais. Em Belém, chegaram a tentar atirar pedras contra o prefeito. Em Ribeirão Perto, um manifestante morreu atropelado.

Em Brasília, após confronto com a polícia no gramado em frente ao Congresso Nacional, onde a multidão foi dispersada após o lançamento de bombas de efeito moral e gás lacrimogêneo, os manifestantes invadiram o Palácio do Itamaraty. Hoje, a Polícia Federal faz uma perícia para avaliar os danos. O ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota, disse, por meio da assessoria de imprensa, que os “atos de vandalismo não podem se repetir”.

No Rio de Janeiro, a confusão foi deflagrada depois de um confronto entre os próprios manifestantes, em frente ao prédio da prefeitura. No centro da cidade, depois de quatro horas de enfrentamento entre o público e a polícia, o tumulto ainda se espalhou por outros pontos.

Em São Paulo, estima-se que cerca de 100 mil pessoas tenham comparecido à manifestação no centro da cidade. Os protestos em São Paulo foram, em grande parte, pacíficos. Os manifestantes comemoraram a revogação do aumento nas tarifas do transporte público na capital. Em nota publicadas nas redes sociais, o Movimento Passe Livre (MPL), que deu início às manifestações pela redução das tarifas de transporte público na capital paulista, repudiou os atos de violência e a depredação cometidos ontem. O MPL também anunciou que não convocará mais protestos em São Paulo.

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