70% dos moradores de rua de SP é formado por migrantes, aponta Censo - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
22/04/2016 - 13h49m

70% dos moradores de rua de SP é formado por migrantes, aponta Censo

Agência Brasil/Camila Boehm 
Rudnei Barbosa/Divulgação
Censo da População de Rua mostra que maior parte dos moradores de rua são migrantes
Censo da População de Rua mostra que maior parte dos moradores de rua são migrantes

São Paulo - A maior parte da população em situação de rua na capital paulista é formada por migrantes, de acordo com o Censo da População de Rua divulgado pela Secretaria de Assistência e Desenvolvimento Social da prefeitura. Os migrantes correspondem a 71% do total de pessoas que vivem na rua e a 73,4% do total das pessoas abrigadas nos centros de acolhimento da cidade. A maior participação é de pessoas procedentes da própria Região Sudeste e também do Nordeste.

O censo já havia sido divulgado no ano passado, mas o perfil socioeconômico da população em situação de rua foi apresentado quarta-feira (20) pela prefeitura. No total, a cidade tem 15.905 pessoas na rua, sendo 8.570 nos centros de acolhimento e 7.335 em vias e espaços públicos.

De acordo com a pesquisa, a presença de imigrantes vivendo em situação de rua – 7% acolhidos e 1% na rua – é um fato social relativamente recente na cidade. “Esses estrangeiros são oriundos principalmente de países africanos que, chegando à cidade, procuram os serviços da rede de assistência social”, informa o documento.

Apesar de constituírem um grupo relativamente pequeno, o censo verificou uma tendência de crescimento em futuro próximo, com a intensificação do fluxo de refugiados para a capital, procedentes de países que passam por dificuldades econômicas e conflitos de natureza política, étnica e religiosa.

Segundo a pesquisa, a maioria dessa população, tanto dos acolhidos quanto daqueles que vivem na rua, é do sexo masculino, representando 88%. A faixa etária média é de 43 anos entre os acolhidos e de 41 anos entre os que estão na rua. São Paulo - Com relação à cor declarada, 69,7% dos acolhidos e 72,1% dos que estão na rua se consideram “não brancos”, ou seja, são pretos, pardos, amarelos ou indígenas.

O nível de escolaridade é baixo, com um percentual de analfabetos de 9,6% entre os que vivem na rua e de 7,1% entre os acolhidos. A proporção daqueles que completaram o ensino fundamental também é reduzida: pouco mais de 15% nos dois grupos e, dos que concluíram o ensino médio, 20,9% de acolhidos nos centros e 16,6% de quem está na rua.

Mais da metade da população em situação de rua já passaram por internação em alguma instituição, destacando-se o sistema prisional e as clínicas de recuperação de dependência de drogas e álcool, mostra a pesquisa. Entre os acolhidos, 30,5% passaram por clínicas de recuperação, 27,5% pelo sistema prisional e 11% por instituições psiquiátricas. Pela Fundação Casa passaram 10%. Com relação àqueles localizados nas ruas, 40% já passaram pelo sistema prisional, 32,8% por clínicas de recuperação de dependência e 12% pela Fundação Casa.

Saúde

Os problemas mais citados durante a coleta de dados foram de saúde bucal (27,5% dos acolhidos e 34,5% dos que estão na rua), sequela de acidentes (26% dos acolhidos e 26,7% dos que vivem na rua), HIV (3,3% dos acolhidos e 4,5% da rua) e tuberculose (3,9% dos acolhidos e 4,5% dos que estão na rua).

Sobre o uso de substâncias psicoativas, o levantamento constatou que a mais utilizada é o álcool: 44,6% entre acolhidos e 70,1% entre os de rua. Com relação às drogas ilícitas, 52,5% dos que estão na rua e 28,7% dos acolhidos confirmaram o uso de alguma dessas substâncias.

Segundo a prefeitura, além da análise do estado de saúde dessa população, o estudo fez um levantamento sobre a utilização dos equipamentos públicos de saúde. Os dados revelaram que os serviços de atenção básica, como postos de saúde, unidades básicas de saúde e AMAs foram utilizados pela maioria dos acolhidos e dos que vivem na rua, com índices de 71,3% e 57,6% respectivamente.

Violência

A população em situação de rua sofre ainda com a violência em diversas formas, desde agressão verbal até tentativas de homicídio. Tanto os acolhidos quanto os moradores de rua foram vítimas das seguintes formas de violência: agressão verbal como xingamento, ofensa e humilhação (55% e 70% respectivamente), roubo ou furto (59% e 64%), agressão física (38% e 50%), tentativa de homicídio com facada ou tiro (16% e 24%), remoção forçada (25% e 38%) e violência sexual (4% e 6%).

Os praticantes das agressões são, em grande parte, as próprias pessoas que pernoitam nas ruas, os agentes de segurança pública (polícias Civil e Militar e Guarda Civil Metropolitana), os agentes de segurança privada e pedestres.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro