A anemia é uma expressão muito utilizada no dia a dia, pois sempre que temos uma situação de uma pessoa estar pálida e com falta de energia, a primeira lembrança que temos é da situação de anemia.
Porém o conceito mais importante é que a anemia não é uma doença, mas um sinal de doença que muitas vezes pode ser a primeira manifestação de doenças graves como o câncer de intestino e as leucemias.
É uma situação complexa que pode indicar uma dezena de doenças.
De forma alguma deve-se interpretar um estado anêmico como relacionado a doenças oncológicas, mas abaixo pretendemos discutir as principais causas como sinal de alerta e a motivação para a procura de um médico especialista para as solicitações de exames e esclarecimento do diagnóstico da doença que esteja por trás das anemias.
Nos pacientes oncológicos a anemia ocorre em 70% dos pacientes em alguma fase da doença.
A anemia nos pacientes oncológicos é geralmente causada por múltiplos fatores como a perda de sangue, aumento da destruição de glóbulos vermelhos ou diminuição de sua produção.
Pode também estar relacionada com a deficiência de ferro proveniente da dieta deficiente em algumas fases do tratamento.
Também nos pacientes oncológicos a anemia causa uma série de sintomas que alteram muito a sua qualidade de vida, como redução da capacidade de executar exercícios, dores de cabeça, falta de ar, perda da libido, tonturas, palpitação, náusea, depressão e disfunção cognitiva (quadro de confusão mental).
A anemia é muito frequente e prevalente nas populações de todo o mundo, sendo mais frequente nos países em desenvolvimento.
A definição de anemia é a redução da concentração de hemoglobina, nas hemácias do sangue.
O sangue contém duas partes: plasma e as células.
O plasma é a parte líquida e corresponde a 55% do volume do sangue, e este é composto por água e nutrientes (proteínas, anticorpos, enzimas, glicose, sais minerais, hormônios, etc.)
As células compõem 45% do volume do sangue e são:
- Hemácias, ou células vermelhas, são carreadoras de oxigênio e responsáveis pela coloração vermelha do sangue humano. (Figura 01)
- Leucócitos, que são as células brancas e responsáveis pela defesa do organismo. (Figura 02)
- Plaquetas, que são as células responsáveis pela coagulação. (Figura 03)
A hemoglobina é um pigmento vermelho que está dentro da hemácia e se liga ao oxigênio, sendo que as hemácias são transportadoras de oxigênio para os tecidos do corpo.
O ferro é o elemento essencial da hemoglobina.
Nas células do corpo o oxigênio é liberado para a célula realizar o ciclo metabólico e produzir energia, o que nos mantém vivos.
A anemia mais frequente é a anemia carencial, ou seja, para que a nossa medula óssea produza a hemácia é necessário proteína, vitamina B12, cobre, zinco e ferro.
O ferro é proveniente da dieta, ou seja, é necessário alimentar-se com alimentos que sejam fonte de ferro para este ser absorvido e transformado em matéria prima na formação de hemácias.
Por este motivo, pessoas que têm dieta exclusiva vegetariana devem realizar controle com hemograma frequentemente, para avaliação da anemia carencial.
Tabela 01- Listagem de alimentos ricos em ferro:(Tabela 01)
Grupo alimentar x Alimentos mais ricos em ferro
Carnes
Vermelha, principalmente o fígado, do qual o ferro é mais facilmente absorvido
Cereais
Quinoa, aveia, trigo, cevada, pães com farinha integral
Feijões
Branco, carioca, rosinha e preto
Oleaginosas
Castanha-de-caju, avelã, amêndoa e pistache
Sementes
Abóbora, gergelim, linhaça e lentilha
Verduras
Beterraba, agrião, rúcula, brócolis, mostarda e verduras de folha verde
Frutas secas
Damasco, pêssego, figo, uva passa
Fonte: Revista Vida Saudável, julho 2013, edição 10, ano 1
Das anemias carenciais a mais comum é a anemia ferropriva, ou seja por deficiência de ferro.
A causa mais frequente á a dieta pobre em nutrientes que contêm ferro, principalmente a dieta pobre em carne vermelha.
Tem maior incidência em crianças por má nutrição e em adultos geralmente está associada a uma doença crônica, como doenças reumáticas e até o câncer de intestino, por exemplo.
Prevenção:
- dieta com alimentação rica em ferro (Tabela 01)
- não beber suco de laranja com a refeição, porque atrapalha a absorção da vitamina C.
- evitar temperar salada de folhas escuras com limão, pois reduz a absorção de ferro
- evitar associar alimentos ricos em cálcio como queijo a carne, pois altera a absorção de ferro contido na carne.
O diagnóstico da anemia é feito pela dosagem das hemácias no sangue através do exame de Hemograma.
Considera-se que os níveis normais de hemoglobina são:
Em mulheres: 12 a 16 gr/dl
Em homens: 13 a 17 gr/dl
Valores abaixo dos valores de referência do exame são considerados anemia.
Os valores de referência variam de laboratório para laboratório e o exame tem que ser interpretado sempre por um médico.
Outras causas de anemia:
- Câncer do intestino, úlcera gástrica e sangramento menstrual:
Podem causar sangramento com perda de hemácias que leva a anemia.
Este tipo de anemia não resolve com a reposição de ferro e se o paciente apresentar sintomas de anemia, tiver 50 anos ou mais e referir que eventualmente percebe sangue nas fezes, deve-se investigar câncer do intestino.
- Infecção, que atinge a medula óssea e impede que a medula produza as hemácias.
- Uso de medicamentos que levam a destruição das hemácias.
Desta forma o diagnóstico de anemia é considerado complexo e requer sempre a investigação da causa.
Mesmo que as anemias carenciais sejam as mais frequentes, deve-se sempre prosseguir a investigação para afastar outras causas.
O tratamento com suplementação de ferro só está indicado para as anemias carenciais.
Anemias primárias:
- Anemia falciforme - doença genética na qual há um defeito na formação da hemácia e ela assume a forma de foice.
Hemácia em forma de foice (Figura 04)
- Talassemia – doença genética com alteração genética na molécula de hemoglobina.
Hemácia com alteração na molécula heme (Figura 05)
- Anemia Sideroblástica – doença genética em que, por um distúrbio funcional da hemoglobina, há um deposito de ferro na hemácia levando a alteração na sua forma e coloração.
Hemácia com depósito de ferro, com alteração na forma e coloração, comparada com a hemácia normal. (Figura 06)
- Esferocitose – doença genética na qual a hemácia assume forma esférica e desta forma não se liga aos tecidos para oferecer o oxigênio.
Hemácias em forma esférica. (Figura 07)
Os demais tipos de anemias primárias como a hemoglobinúria paroxística noturna e a deficiência de G¨PD são muito raras.
Nas anemias primárias, o paciente nasce com o defeito genético e não produz hemácias saudáveis.
Os outros tipos de anemia são chamados de anemias secundárias, e o paciente passa a ter anemia após desenvolver algum outro problema de saúde.
São as anemias secundárias causadas por:
- deficiência alimentar de ferro – anemia ferropriva
- deficiência de vitamina B12 e ácido fólico – anemia perniciosa
- câncer de intestino
- leucemias
- linfomas
- mieloma múltiplo
- doenças do trato gastrointestinal
- hipotireoidismo
- toxicidade da medula óssea por medicamentos
- infecção
- doenças autoimunes como lúpus
- insuficiência renal
- AIDS (Síndrome da Imunodeficiência Adquirida)
- alcoolismo crônico
Os sintomas das anemias são inespecíficos, mas os mais frequentes são:
- cansaço
- fraqueza
- dores no corpo
- dores de cabeça
- perda da libido
- aparência é de palidez cutânea, que pode ser percebida por pessoas leigas.
A recomendação é que sempre que houver suspeita de anemia deve-se procurar um médico para investigar a causa.
Fontes:
-www.abcdasaude.com.br
- www.sitemedico.com.br/site/espaco-medico/artigos/7000-anemia
- www.aafesp.org.br
- www.thalassemia.org/
- www.mayoclinic.com/health