Artigo 16 - Detecção precoce de tumores na infância e adolescência - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 18/04/2024
 
03/11/2013 - 09h42m

Artigo 16 - Detecção precoce de tumores na infância e adolescência

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani 

Artigo escrito pela Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56.925 *

Os tumores da infância e adolescência não apresentam evidências científicas na relação entre fatores ambientais e o desenvolvimento do câncer. Desta forma, não há medidas de prevenção para esses tipos de tumores.O que há e deve ser considerado é a prevenção precoce. Alguns sinais devem ser valorizados.

Crianças que apresentem gânglios aumentados (ínguas) na região do pescoço, axilas e na virilha, dores nos ossos não relacionadas a traumatismo e palidez devem ser levadas para uma avaliação médica. Outras alterações como dores de cabeça, alteração visual e dores de barriga também devem ser consideradas como sinal de alerta.

Alguns tumores sólidos e doenças hematológicas como as leucemias e linfomas levam a sintomas que devem ser observados e levados em consideração, como os que seguem abaixo:

Sangramentos anormais sem causa definitiva:

Pequenos hematomas são frequentemente encontrados em crianças nas regiões das pernas e braços, pois estão associados a áreas o qual as crianças frequentemente sofrem traumas nas brincadeiras do dia a dia.Mas o aparecimento de hematomas fora dessas áreas e não relacionados a traumatismo é preocupante.

Pode ser alerta de plaquetopenia (queda do número das células denominadas plaquetas, que são responsáveis pela coagulação do sangue) e pode estar relacionada a Leucemias.

Dores generalizadas:

A dor em crianças esta associada a aproximadamente 60% dos diagnósticos oncológicos e pode ocorrer por muitos fatores, sendo o mais frequente a infiltração do tumor nos ossos ou as metástases ósseas.

Como algumas crianças são pequenas demais para definir a dor e, desta forma, mensurá-la, o que se deve estar em alerta é o fato da criança estar apresentando diminuição das suas atividades do dia a dia, querer ficar deitada a maior parte do tempo, não querer brincar, se afastar de forma agressiva de qualquer tipo de contato físico, estar irritada e chorosa, apresentar dificuldade para dormir e não querer se alimentar.

10 a 50% das leucemias em crianças apresentam esses sinais.

Ínguas (adenomegalias):

Em crianças as ínguas que correspondem a linfonodos são frequentemente palpados em fase de crescimento, devido a processos reativos de doenças benignas. O que se deve observar é que essas ínguas podem apresentar alteração da consistência, ficando mais endurecidos e persistentes, pois nas doenças infecciosas esses linfonodos regridem.

Outro fator é o numero de linfonodos envolvidos, no câncer há um numero maior de envolvimento linfonodal.De forma geral, linfonodos envolvidos com mais de 3 centímetros devem ser preocupantes.

Ínguas (adenomegalias) localizadas

- pescoço

- região axilar

- região inguinal – virilha

Principais Neoplasias da Infância e Adolescência:

Leucemias Agudas

As leucemias agudas são as principais neoplasias em crianças e adolescentes. Seus sintomas surgem em pouco tempo, as vezes dias e no máximo em semanas.

Sinais de alerta mais comuns são:

- palidez

- fadiga

- irritabilidade

- sangramento anormal sem causa aparente

- febre sem sinais de infecção

- dores nos ossos e articulações

- ínguas generalizadas na região do pescoço, axilar e virilhas

Estes sinais devem ser considerados e a criança, levada para uma avaliação médica do pediatra.

O diagnostico é feito através de um exame de sangue denominado de Hemograma, que vai acusar o aumentos dos Leucocitos (células brancas).

Após este exame será necessário uma série de outros exames como o mielograma que vai determinar qual tipo de Leucemia.

Linfomas

Os Linfomas estão entre os três tipos de Neoplasias mais frequentes na infância e adolescência. Há dois tipos de Linfomas: Linfoma de Hodgkin e o Linfoma não Hodgkin.

O sinal de alerta é o aumento de gânglios localizados ou generalizados, que ao ser evidenciado deverá ser um sinal de alerta para uma consulta com o pediatra. Geralmente essas ínguas são indolores e de crescimento rápido.

Tumores sólidos:

Os tumores sólidos na infância estão geralmente relacionados com massas abdominais que são palpadas pela mãe ou o cuidador da criança durante o banho, por exemplo. São eles:

- neuroblastomas – tumores localizados no retroperitoneo, dentro da cavidade abdominal

- nefroblastomas – Tumores de Wilms – tumores renais

- Linfomas não Hodgkin

- hepatoblastoma – tumores no fígado

- tumores de células germinativas – tumores no testículo em meninos e no ovário em meninas

Estas neoplasias são mais comuns em crianças de 1 a 5 anos e, como elas são muito pequenas para a definição de dores, é necessário observar a persistência dos sintomas.

Sintomas de alerta:

- dor abdominal crônica

- “massa” abdominal palpada por um cuidador

- palidez, dores generalizadas, perda de peso

- sangramento na urina – é um alerta de tumores renais como o Tumor de Wilms

- pressão alta

- obesidade infantil, acne e fraqueza

- aumento do volume do testículo em meninos

Tumores cerebrais:

São considerados os tumores mais frequentes nas crianças. O sintoma varia conforme a localização do tumor podendo dar os seguintes sinais de alerta:

- dores de cabeça frequentes e progressiva

- náuseas e vômitos matinais, ou a criança que acorda vomitando

- alteração para andar e coordenação motora

- convulsões

- estrabismo

- lentificação dos movimentos

- movimentos oculares anormais

- paralisia de um lado do corpo ou no rosto

- alteração visual

- alteração da consciência

- perda de peso

- sonolência

Tumores Oculares - Retinoblastoma:

Esses tumores são relativamente raros, mas ocorrem somente na infância e 80% deles é diagnosticado entre 3 e 4 anos.

O sinal de alerta mais comum é o “reflexo de olho de gato” que é um reflexo branco amarelado no olho por alteração da refração da luz na retina.Foto da internet ilustrativa de tumor ocular – com sinal de alerta para Retinoblastoma.

Sinais de alerta:

- olho de gato

- estrabismo

- irritação ocular

- alteração visual

-dores de cabeça e vômitos

- dores ósseas

Um fator muito importante é que crianças tem um histórico familiar de algum parente que já desenvolveu a doença devem ser avaliadas por um oftalmologista com frequência.

Tumores ósseos:

Esses tumores são mais frequentes nos adolescentes. Os principais tumores ósseos são o Osteossarcoma e os Sarcomas de Ewing. A diferença é que os Osteossarcomas acometem mais ossos longos e os Sarcomas de Ewing são tumores basicamente da bacia e a parede do tórax.

Sinais de alerta:

- febre, que pode ocorrer em ate 30% dos portadores de Sarcoma de Ewing

- dores ósseas Foto ilustrativa da internet de osteosarcoma em fêmur esquerdo.

Observar o aumento do volume do membro.

Tumores de Partes Moles:

Esses tumores são representados pelos Sarcomas de partes moles e deve-se suspeitar deles quando se tiver uma “massa” ou nódulo de surgimento inexplicável em qualquer localização e que esteja aderido aos planos profundos.

- geralmente não apresentam dor

- apresentam aumento progressivo do tamanho em curto espaço de tempo

Como podem ocorrer em qualquer local, há o risco de atingirem as cavidades:

- cavidade nasal – obstrução nasal com eliminação de sangue

- conduto auditivo – eliminação sanguinolenta pelo conduto auditivo

- retenção urinária – quando na bexiga

- sangramento urinário

- secreção vaginal com sangramento na criança pequena.

Crianças de risco:

Algumas Síndromes Genéticas são de maior risco para o desenvolvimento de neoplasias na infância e adolescência:

Síndromes genéticas relacionadas ao câncer infantil:

Síndrome de Down - Leucemia

Síndrome de Ataxia telangiectasica - Linfoma

Leucemia - Tumores de mama na adolescência

Síndrome de Beckwith-Wiedmann - Tumor de Wilms

Hepatoblastoma/Neuroblastoma - Carcinoma de adrenal

Síndrome de Bloom - Leucemia

Linfoma - Hepatocarcinoma

Sarcoma - Tumores no cérebro

Síndrome de Denys-Drash - Tumor de Wilms

Estas síndromes são raras e diagnosticadas por geneticista geralmente quando as crianças apresentam alguma alteração e o pediatra pesquisa a alteração genética.

As informações foram retiradas das fontes:

- Programa de Diagnostico Precoce do Câncer Infantil do Ministério da Saúde

- www2.inca.gov.br – câncer infantil

- National Instituto for Health and clinical excellence, 2005

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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