Artigo 17 - Fitoterapia: alívio dos sintomas no tratamento de câncer - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 28/03/2024
 
18/11/2013 - 08h42m

Artigo 17 - Fitoterapia: alívio dos sintomas no tratamento de câncer

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani  

A fitoterapia, que consiste no tratamento através do uso de plantas medicinais, tem sido vista com novas perspectivas em muitas áreas, entre elas a oncologia.

A relação do tratamento oncológico com a Fitoterapia é muito estreita e a quimioterapia esta mais relacionada a esta pratica milenar.

Dentre os tratamentos oncológicos a quimioterapia consiste na etapa mais longa do tratamento e esta baseada no uso de medicamentos, cujo 60-80% deste arsenal quimioterápico é derivado das plantas.

Abaixo, seguem os principais quimioterápicos na prática médica oncológica que são derivados sintéticos ou semi-sintéticos de plantas.

Classe: Alcaloides da Vinca;

Fármaco: Vincristina, Vimblastina, Vinorelbina;

Derivado semi-sintético: Vindesina;

Planta: Cantharanthus Roseus.

Classe: Taxanos;

Fármaco: Paclitaxel;

Derivado semi-sintético: Docetaxel;

Planta: Taxus Brevifollia.

Classe: Derivados da Camptocinas;

Fármaco: Irinotecano, Topotecano;

Derivado semi-sintético:

Planta: Campitoteca Acuminada

Classe: Derivados do Podophilin Pentatun;

Fármaco:

Derivado semi-sintético: Etoposide, Teniposide, Vinflumina;

Planta: Podophilun Peltatun.

Os efeitos adversos mais comuns da quimioterapia são as náuseas, vômitos, mialgia, fadiga, alopecia, e os efeitos sistêmicos, como efeitos hematológicos de leucopenia, anemia e plaquetopenia. Também há os efeitos no sistema renal como a nefrotoxicidade induzida por quimioterápicos do tipo derivados da Platina, amplamente utilizados no tratamento de tumores de pulmão, colo uterino e cabeça e pescoço. AAlém disso, temos a toxicidade hepática, sendo que a hepatite medicamentosa leva à limitação da utilização do quimioterápico, levando a prejuízo na progressão da doença.

Avalia-se que 80% dos pacientes em tratamento com quimioterapia sentem efeitos adversos de moderado a intenso.

Também temos que considerar os efeitos adversos do tratamento hormonal relacionado ao câncer de mama e próstata, uma vez que ambas as neoplasias são as mais frequentes na população acima de 50 anos.

O mais representativo desses efeitos é a exacerbação dos sintomas da Síndrome do Climatério, com queixas de fogachos, irritabilidade e insônia, que também acomete a população masculina.

Outro efeito grave é a absorção da massa óssea, levando à osteopenia e evoluindo para osteoporose.

Como essas pessoas têm contra-indicação absoluta da suplementação de hormônio, então uma das opções alternativas seguras é o uso de fitoterápicos no controle desses sintomas, e nesta linha de pesquisa há muitas referencias com uso de fitoterápicos

Abaixo serão descritos os fitoterápicos que podem ser usados em oncologia:

1 - Gingko Biloba L.

Parte da planta utilizada: folha.

Está presente em regiões tropicais e temperadas.

Ação: na Medicina Chinesa é muito utilizada em várias doenças com ação anti-oxidante, antiplaquetário e anti-radicais livres.

Recentemente foi descrito na literatura médica a associação deste fitoterápico para pacientes que necessitem do quimioterápico Cisplatina, que trata tumores de pulmão, ovário, testículo, entre outros.

Cisplatina tem um efeito tóxico no rim e pode levar à insuficiência renal.

Este estudo mostrou que quando se usa Gingko Biloba com a Cisplatina, as chances de lesar o rim são muito menores.

Referência:

- Antunes LMG, Bianchin MLP. Antioxidantes da dieta como inibidores da nefrotoxicidade induzida pelo antitumoral Cisplatina. Ver Nutr. V. 17, nª 1 – 2004.

2 - Echinacea purpúrea Moench

A Equinácea é um dos fitoterápicos mais utilizados no mundo e há nove espécies do gênero Echinácea , originários da América do Norte.

São usados como estimulantes do sistema imune desde a década de 1930.

A ação é de estimular a medula óssea para produzir células de defesa e a principal indicação é na prevenção de infecções, principalmente nos meses frios do ano, que são bem mais frequentes.

Referências:

Barret R. Medicinal properties of Echinacea. A critical review. Phytomedicine 2003.

Hobbs C. Echinacea: A literature reviw. HerbalGram – 1993, pg. 30.

Barret BP, Brown RL, Locken K et al. Treatmento of common cold with unrefined Echinacea. A randomized, double-bind, placebo controlled trial. Ann Intern Med 2002; 137-139-46.

3 - Glycine Max – Soja

Parte da planta utilizada: semente

Encontra-se em regiões da Ásia, hoje é produzida em todo mundo.

Ação: há dois componentes de interesse na soja isoflavona genísteina e daidezeina, cuja estrutura bioquímica do 17 beta-estriol que age na mama em mulheres e no sistema cardiovascular, levando a melhora no perfil de gorduras do sangue(colesterol) e também melhora nos sintomas do climatério.

As isoflavonas são classificados como drogas moduladoras que agem melhorando os efeitos da falta de hormônios femininos.

Não devem ser usadas por mulheres que tenham ou tiveram câncer de mama, porque são semelhantes aos estrógenos, hormônio feminino, e desta forma podem causar crescimento do tumor ou das metástases.

Mulheres que usam isoflavonas como suplemento alimentar apresentam menor ocorrência de efeitos relacionados a menopausa.

A soja pode ser potencialmente usada como medicação alternativa em mulheres após a menopausa e com sintomas de climatério, sendo proibido para mulheres com câncer de mama com receptor estrogênico positivo na imunohistoquímica, para alívio dos sintomas vasomotores.

Referências:

Vincent,A; Fitzpatrick,LA- Soy isoflavones: are they useful in menopause? Mayo Clin Proc 2000; 75: 1174-84.

Anderson,JW; Johnstone,BM; Cook-Newell,ME- Meta-analysis of the efects of soy protein intake on serum lipids. N Engl J Med 1995; 333: 276-82

Brzezinski,A; Debi,A- Phytoestrogens: the “natural” selective estrogen receptor modulators? Eur J Ob Gyn rep Biol 1999; 85; 47-51.

Morito,K; Hirose,T; Kinjo,J; Hirakawa,T; Okawa,M; Nohara,T; Ogawa,S; Inoue,S; Muramatsu,M; Masamune,Y- Interaction of phytoestrogens with estrogen receptors Alpha and Beta. Biol Pharm Bull 2001; 24(4): 351-6

4 - Panax Ginseng

Parte da planta utilizada: raiz.

Há vários tipos de Ginseng, porém o mais utilizado em preparações fitoterápicas é o Fanas Ginseng, pois essas raízes contém propriedades de sedação, estimulante afrodisíaco, antidepressivo e diurético por ação no sistema nervoso central e no sistema imune.

Referências:

Gross GE, Barasso R, Principios gerais do tratamento na infecção pelo Papiloma Virus Humano – HPV. Artmed, Porto Alegre. Pg. 47-62, 1999

5 - Cimicifuga Racemosa – Actéia

A parte da planta utilizada é a raiz.

A Actéia Snake root, blck cohosh (Cimicifuga racemosa) era utilizada pelos indígenas americanos para tratamento dos distúrbios das mulheres como Síndrome pré-menstrual e dos sintomas relacionados à menopausa.

Referência:

Taylor,M.- Alternatives to conventional hormone replacement therapy. Comp Ther 1997; 23(8):514-32

6 - Hypericum Perforatum L.

Há mais de 400 espécies do gênero Hypericum, porém o mais conhecido e comercializado é o Hypericum perforatum.

Sua principal indicação é como antidepressivo.

Referência:

Teske,M.; Trentini, A.M.M.- Herbarium compêndio de fitoterapia. Herbarium, Curitiba, 3a edição, 1997, 317pg

7 - Piper Methysticum – Kava-Kava

A Kava – Piper methysticum é conhecido no ocidente desde o século XVIII graças a ação de relaxamento muscular e anticonvulsivante. Também age no sistema nervoso periférico, sendo equivalente a anestésicos tópicos.

São indicados nos casos de ansiedade leve, não sendo descrito a associação de dependência física e psíquica em seu uso prolongado.

A indicação em pacientes oncológicos é como indutor de sono e na mialgia causada pela quimioterapia.

Referência:

Warnecke,G. – Psychosomatis Dysfunktionenim weiblichen Klimakterium. KlinischeWirksamkeit und verträliglichkeitche von Kawa-Kawa-Extract beim klimakterischen Syndrom. Z. Phytother 11: 81-86, 1991.

8 - Valeriana officinalis - Valeriana

Parte da planta utilizada - raiz.

A Valeriana é um dos fitoterápicos mais utilizados na prática médica usual no tratamento dos distúrbios do sono, antiespasmódicos e antiflatulento, principalmente pelos seus poucos efeitos adversos.

Há mais de 200 espécies de Valeriana, sendo a mais utilizada a Valeriana Officinalis, cuja indicação clinica são os distúrbios do sono.

Referência:

Vorbach, E.U.; Görtelmeyer,R.; Brüning,J – Therapie von Insomnien: Wirksamkeit und Verträglichkeit eines Baldrian-präparates. Psychopharmakotherapie 3: 109-115; 1996.

Stevison C., Ernst E. Valerian for insônia. A systematiuc review of randomized clinical trials. Sleep Med 200; 1: 91-9.

9 - Passiflora incarnata – Maracujá

Parte da planta utilizada: folha.

A Passiflora tem ação semelhante a morfina, sem depressão do sistema nervoso central, com ação sedativa, tranquilizante e antiespasmódica , também usada em cólicas intestinais e náuseas.

Potencializam o efeito do álcool, anti-histaminicos e os efeitos analgésicos da morfina.

Na população oncológica tem indicação de uso para ansiedade, insônia, irritabilidade, distúrbios neurovegetativos, hipertensão arterial leve e sintomas relacionados ao climatério.

Referências:

Schulz,V; Hänsel,R; Tyler,VE – Fitoterapia Racional. Editora Manole Ltda., São Paulo, 2002, 386pg

United Kingdom Study, apresentado no British Menopause Society Annual Meeting, London, junho, 2001.

10 - Spirulina Sp

A Spirulina é uma microalga de águas doces. O habitat preferencial se da em locais com luz do sol abundante em águas claras e doces(especialmente em lagos), habitualmente encontrada no México, Japão, Tailândia e alguns lagos da África, cujo PH e alcalino(aproximadamente 11).

O gênero Spirulina compreende em 35 espécies e são cultivadas nos Estados Unidos e na Argentina.

Essa alga era utilizada pela cultura asteca como uma fonte de proteína alimentar, pois em sua composição química encontramos 60 a 70% de proteína seca, composta por 22 aminoácidos, sendo nove deles essenciais, como o triptofano, na maior parte da composição. Também é composta por: vitaminas, como vitamina B12, B1, B6, D, K, E, niacina, biotina, inusitol, ácido pantonico, provitamina A e traços de ácido ascórbico e ácido nicotínico; minerais, como cálcio, fósforo, ferro, sódio, magnésio, potássio, selênio, cromo e zinco; ácidos graxos insaturados, como ácido linoléico; gama linoléico e carotenóides.

Em oncologia pode ser usada como suplemento alimentar.

Referências:

Karkos PD; Leong SC; Arya AK; Papouliakos SM; Apostolidou MT; Issing WJ

Complementary ENT': a systematic review of commonly used supplements

J Laryngol Otol: 121(8):779-82, 2007 Aug.

11 - Syllibum Marianus L

São compostos fitoterápicos cujo princípio ativo mais importante é a silibina, com importante potencial de uso em doenças hepáticas.

Em oncologia esta sendo estudado para reduzir os riscos de hepatites relacionadas ao uso de outros medicamentos.

Referências:

Jacobs B, Dennehy C, Ramirez G, Sapp J, Laurence VA. Milk Tristle for the treatment of liver disease: A systematic review and meta-analisis. Am J Med 2002; 113: 506-15.

12 - Cassia Angustifolia L.

Parte da planta utilizada: folhas.

Esse fitoterápico é muito utilizado na prática médica oncológica, principalmente no tratamento da constipação intestinal induzida por uso de analgésicos como os derivados da morfina: Codeina, Tranadol e morfinas.

Tem ação rápida e não há relato de interação medicamentosa.

Referências:

Gooding EW, Laxatives and special role the Senna. Pharmacology 1988; 36(suppl:1), 230-6.

Marletti JA, Li BU, Patrow CJ, Bass P. Comaprative laxation of psyllium with and without senna in a ambulatory constipated population. Am J Gastroenterol 1987; 82: 333-7.

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