Artigo 18-A - Prevenção precoce de tumores em criança e adolesente - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 20/04/2024
 
28/11/2013 - 07h51m

Artigo 18-A - Prevenção precoce de tumores em criança e adolesente

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani  

Os tumores da infância e adolescência não apresentam evidências científicas na relação de fatores ambientais e o desenvolvimento do câncer. Desta forma não há medidas de prevenção para estes tipos de tumores.

O que há e deve ser considerado é a prevenção precoce. Alguns sinais devem ser valorizados.

Crianças que apresentem gânglios aumentados (ínguas) na região do pescoço, axilas e virilha, dores nos ossos não relacionadas a traumatismo e palidez devem ser levadas para uma avaliação médica.

Outras fatores como dores de cabeça, alteração visual e dores de barriga também devem ser consideradas como sinal de alerta.

Alguns tumores sólidos e doenças hematológicas, como as leucemias e linfomas, levam a sintomas que devem ser observados e levados em consideração, como os que seguem abaixo:

- Sangramentos anormais sem causa definitiva:

Pequenos hematomas são frequentemente encontrados em crianças nas regiões das pernas e braços, pois estão associados a áreas o qual as crianças normalmente sofrem traumas nas brincadeiras do dia a dia. Mas o aparecimento de hematomas fora dessas áreas e não relacionados a traumatismo é preocupante.

Pode ser alerta de plaquetopenia (queda do número das plaquetas, responsáveis pela coagulação do sangue) e pode estar relacionada a Leucemias.

- dores generalizadas:

A dor em crianças está associada à aproximadamente 60% dos diagnósticos oncológicos e pode ocorrer por muitos fatores, sendo o mais frequente a infiltração do tumor nos ossos ou as metástases ósseas.

Como algumas crianças são pequenas demais para definir a dor e desta forma mensurá-la, o que se deve estar ser observado é o fato de a criança apresentar diminuição das suas atividades do dia a dia, querer ficar deitada a maior parte do tempo, não querer brincar, se afastar de forma agressiva de qualquer tipo de contato físico, estar irritada e chorosa, apresentar dificuldade para dormir e não querer se alimentar.

10 a 50% das Leucemias em crianças apresentam estes sinais.

- ínguas (adenomegalias)

Em crianças as ínguas que correspondem a Linfonodos são frequentemente percebidos em fase de crescimento, devido a processos reativos de doenças benignas.

O que se deve observar é que essas ínguas podem apresentar alteração da consistência, ficando mais endurecidos e persistentes, pois nas doenças infecciosas esses linfonodos regridem.

Outro fator é o número de linfonodos envolvidos, no câncer há um número maior de envolvimento linfonodal.

De forma geral, linfonodos envolvidos com mais de 3 centímetros devem ser preocupantes.

- ínguas(adenomegalias) localizadas

- pescoço

- região axilar

- região inguinal – virilha

PRINCIPAIS NEOPLASIAS DA INFÂNCIA E ADOLEASCÊNCIA:

Leucemias Agudas

As Leucemias Agudas são as principais neoplasias em crianças e adolescentes. Seus sintomas surgem em pouco tempo, às vezes dias e no máximo em semanas.

Sinais de alerta mais comuns são:

• palidez

• fadiga

• irritabilidade

• sangramento anormal sem causa aparente

• febre sem sinais de infecção

• dores nos ossos e articulações

• ínguas generalizadas na região do pescoço, axilar e virilhas

Estes sinais de alerta devem ser considerados e a criança levada para uma avaliação médica do pediatra.

O diagnóstico é feito através de um exame de sangue denominado de Hemograma, que vai acusar o aumento dos Leucócitos (células brancas).

Após este exame, será necessária uma série de outros exames, como o mielograma, que vai determinar qual o tipo de Leucemia.

Linfomas

Os Linfomas estão entre os três tipos de Neoplasias mais frequentes na infância e adolescência.

Há dois tipos de Linfomas: Linfoma de Hodgkin e o Linfoma não Hodgkin.

O sinal de alerta é o aumento de gânglios localizados ou generalizados, que ao ser evidenciado deverá alertar para uma consulta com o pediatra.

Geralmente, essas ínguas são indolores e de crescimento rápido.

Tumores Sólidos

Os tumores sólidos na infância estão geralmente relacionados com massas abdominais, palpadas pela mãe ou o cuidador da criança durante o banho, por exemplo.

Esses tumores são:

• neuroblastomas – são tumores localizados no retroperitônio, dentro da cavidade abdominal

• nefroblastomas – Tumores de Wilms – tumores renais

• Linfomas não Hodgkin

• Hepatoblastoma – tumores no fígado

• Tumores de células germinativas – tumores no testículo em meninos e no ovário em meninas

Estas neoplasias são mais comuns em crianças de 1 a 5 anos e como elas são muito pequenas para a definição de dores, é necessário observar a persistência desses sintomas:

• dor abdominal crônica

• “massa” abdominal palpada por um cuidador

• palidez, dores generalizadas, perda de peso

• sangramento na urina – é um alerta de tumores renais como o Tumor de Wilms

• pressão alta

• obesidade infantil, acne e fraqueza

• aumento do volume do testículo em meninos

Tumores Cerebrais

São considerados os tumores mais frequentes nas crianças. O sintoma varia conforme a localização do tumor, podendo trazer os seguintes sinais de alerta:

• dores de cabeça frequentes e progressivas

• náuseas e vômitos matinais, ou a criança que acorda vomitando

• alteração para andar e coordenação motora

• convulsões

• estrabismo

• lentificação dos movimentos

• movimentos oculares anormais

• paralisia de um lado do corpo ou no rosto

• alteração visual

• alteração da consciência

• perda de peso

• sonolência

Tumores Oculares - Retinoblastoma

Estes tumores são relativamente raros, mas ocorrem somente na infância e 80% deles são diagnosticados entre 3 e 4 anos.

O sinal mais comum é o “reflexo de olho de gato”, um reflexo branco amarelado no olho por alteração da refração da luz na retina.

Sinais de alerta:

• olho de gato

• estrabismo

• irritação ocular

• alteração visual

• dores de cabeça e vômitos

• dores ósseas

Um fator muito importante é que, se a criança tem um histórico familiar de algum parente que já desenvolveu a doença, deve ser avaliada por um oftalmologista com frequência.

Tumores Ósseos

São mais frequentes nos adolescentes e os principaias tumores ósseos são o Osteossarcoma e os Sarcomas de Ewing.

A diferença é que os Osteossarcomas acometem mais ossos longos e os Sarcomas de Ewing são tumores basicamente da bacia e a parede do tórax.

Sinais de alerta:

• febre, que pode ocorrer em até 30% dos portadores de Sarcoma de Ewing

• dores ósseas

Observar o aumento do volume do membro.

Tumores de Partes Moles

São representados pelos Sarcomas de partes moles e deve-se suspeitar deles quando houver uma “massa” ou nódulo de surgimento inexplicável em qualquer localização e que esteja aderido aos planos profundos.

- geralmente não doem

- apresentam aumento progressivo do tamanho em curto espaço de tempo

Como podem ocorrer em qualquer local, podem surgir nas cavidades como:

• cavidade nasal – obstrução nasal com eliminação de sangue

• conduto auditivo – eliminação sanguinolenta pelo conduto auditivo

• retenção urinaria – quando na bexiga

• sangramento urinário

• secreção vaginal com sangramento na criança pequena.

Crianças de risco - Algumas Síndromes Genéticas são de maior risco para o desenvolvimento de neoplasias na infância e adolescência:

Síndrome genética: Síndrome de Down

Tipo de câncer: Leucemia

Síndrome genética: Síndrome de Ataxia telangiectasica

Tipo de câncer: Linfoma, Leucemia, Tumores de mama na adolescência

Síndrome genética: Síndrome de Beckwith-Wiedmann

Tipo de câncer: Tumor de Wilms, Hepatoblastoma, Neuroblastoma, Carcinoma de adrenal

Síndrome genética: Síndrome de Bloom

Tipo de câncer: Leucemia, Linfoma , Hepatocarcinoma, Sarcoma, Tumores no cérebro

Síndrome genética: Síndrome de Denys-Drash

Tipo de câncer: Tumor de Wilms

Essas Síndromes são raras e diagnosticadas por geneticista geralmente quando as crianças apresentam alguma alteração e o pediatra pesquisa a alteração genética.

Fontes de informação:

- Programa de Diagnostico Precoce do Câncer Infantil do Ministério da Saúde

- www2.inca.gov.br – câncer infantil

- National Instituto for Health and clinical excellence, 2005

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