Artigo 19 -Interpretação da DOR intensa no paciente oncológico - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
16/12/2013 - 22h38m

Artigo 19 -Interpretação da DOR intensa no paciente oncológico

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 

Artigo escrito pela Dra. Silvia Regina Graziani*

Compreendendo a interpretação da DOR no paciente oncologico

A Dor é descrita como uma sensação única, pessoal, intransferível e de avaliação subjetiva, levando os profissionais de saúde de algumas áreas específicas, como a oncologia, a ter uma grande dificuldade em interpretar a intensidade da dor e o impacto desta na vida do paciente oncológico.

A Organização Mundial de Saúde (OMS) estima que 42% dos pacientes oncológicos sentem algum tipo de dor e que 85% dos pacientes com doença avançada sentem dor por causa da inabilidade dos profissionais de saúde em interpretar a dor.

Nos casos de Dor é necessário um roteiro sugerido pela OMS:

-causa da dor

-identificar a estrutura da dor

-determinar a origem da dor

A origem da dor no câncer geralmente é de mais de uma causa.

Pode estar relacionada ao crescimento do tumor que comprime estruturas próximas, ou pode estar relacionada ao tratamento do câncer como alguns quimioterápicos causam quadro de dor como efeito adverso.

Tipos de dor relacionados ao câncer:

-dor neuropática, relacionada a compressão de estruturas nervosas próximas ao tumor

-dor nociceptiva – dor relacionada ao próprio tumor que comprime estruturas locais.

-dor irruptiva – que é a exacerbação do quadro de dor de forma aguda e lancinante e muito rápida

-dor incidental – exacerbação do quadro de dor relacionada a atividade física

-dor mista – quando mais de um fator influencia na dor

Há varias formas sugeridas para avaliação da dor.

Escalas analógicas, como as escalas numéricas, de carinha, de cor, onde se mensura a dor junto ao paciente.

Exemplos de escalas para avalição da dor:

Essas escalas auxiliam a interpretação da dor para o profissional medico optar por qual analgésico devera prescrever para o paciente no momento da avaliação.

Sempre considerar os efeitos da dor na vida das pessoas, desta forma considerar:

-qual ao causa da dor

-fatores que levam a piora do quadro de dor

-se a dor causa alguma disfunção orgânica

-se há alguma limitação relacionada a dor

-se há restrição da atividade de vida social devido ao quadro de dor.

O tratamento da dor relacionada ao câncer pode ser de duas formas:

-farmacológico (com medicamento)

-não farmacológico

O tratamento farmacológico está muito bem estabelecido e orientado pela OMS, onde há uma escala analgésica a ser considerada, baseado na intensidade da dor (descrita nas escalas de avaliação analógica de dor)

Nivel 1: analgésicos não opióides consistem em analgésicos comuns como corticoides, anti-inflamatórios não hormonais como bupeprofeno, naproxifeno e outros

Adjuvantes são a dipirona e o paracetamol, que podem ser usados nos intervalos das medicações.

Nível 2: Opióide fraco:

-codeina

-tramadol

Nivel 3: Opióide forte

-morfina

Exemplos de analgésicos Opióides comercializados no Brasil:

Codeína

Opioide fraco de uso oral exclusivo e indicado no tratamento da dor oncológica de moderada a forte intensidade.

Tem apresentação farmacêutica associada com:

-paracetamol

-diclofenato

Cloridrato de Tramadol

Opioide sintético que pode ser usado por via oral, parenteral ou subcutânea .

Apresentação oral de 50 e 100 mg (25 gotas)

Comprimidos de ação imediata de 50 a 100 mg

Comprimidos de ação lenta(12 horas) 50 e 100 mg

Comprimidos associados: 37,5 mg + 360 mg de Paracetamol

Metadona

Opioide sintético:

Comprimidos de 10 mg, usados a cada 12 horas

Morfina

Solução oral e comprimidos de ação imediata de 10 mg/ml e 10 e 30 mg

Comprimidos de ação lenta(12 horas) de 30, 60 e 100 mg

Orientar o paciente a usar em intervalos regulares. Um erro comum e o uso se necessário.

Caso o paciente necessite de analgesia durante os intervalos, optar pelo uso de dipirona.

Morfinas em geral não tem teto de administração, porém a superdosagem pode levar a quadro de sonolência e desidratação.

A intoxicação aguda por morfina pode ser tratada com um antídoto que e a Naloxane.

Morfinas de ação subcutânea são indicadas para tratamento da dor aguda e de preferência em ambiente hospitalar.

Fentanil Transdermico

Adesivos de liberação lenta (72 horas) de 12,5; 25; 50; 75 e 100 ucg/hora

Oxicodona

Comprimidos de 10, 20 e 40 mg

*lembrar sempre dos efeitos adversos do uso de opióides que levam principalmente a quadro de náuseas, tonturas no inicio do uso e de constipação intestinal, que deve ser tratado no inicio do uso dos opióides fracos ou fortes.

O tratamento não farmacológico consiste nos recursos não medicamentosos para o tratamento da dor, como:

-Radioterapia, muito utilizado no tratamento da dor óssea localizada e é feita através de um equipamento que emite radiação no local da lesão.

Figura ilustrativa do aparelho de radioterapia.

-terapia manual do tipo fisioterapia, que hoje tem recursos muito eficientes para o tratamento da dor oncológica.

-acupuntura – técnica milenar e muito eficiente para tratamento de dor. É baseada na inserção de agulhas em áreas especificas que bloqueiam a informação do cérebro em relação ao local da dor.

Funciona em alguns tipos de dor relacionadas ao câncer.

Fonte de informação:

-Clin Pharmacol Ther 1990: 639-46

-J Pain Sympton Mange 1996; 12(3): 182-9

- www.inca.org.br  

- www.diretrizes da OMS para tratamento da dor

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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