São Paulo, SP, 25/04/2024
 
06/02/2014 - 22h41m

Artigo 23 - Autoexame auxilia na prevenção do câncer de boca

Dra. Silvia Regina Graziani* 
  • Figura 01- lesão inicial em lábio inferior
  • Figura 02- Área de leucoplasia na bochecha
  • Figura 3 - Passo a passo do autoexame da boca

Artigo escrito pela Dra. Silvia Regina Graziani*

O Câncer de Boca é um tumor muito frequente e como todos os outros tipos de tumor, quanto mais precoce o diagnóstico, maiores as chances de “cura”, ou seja, de controle da doença.

Vamos considerar a boca como as áreas: lábios. língua, bochechas, amidalas e palato (céu da boca) e assoalho da língua.

Alguns fatores são conhecidos como fatores predisponentes no desenvolvimento do câncer de boca, e os mais conhecidos associados a este tumor são:

- fumo, o hábito de fumar aumenta a incidência deste câncer de forma muito significativa e quanto maior o tempo de exposição ao fumo, maiores as chances de desenvolver câncer. Este fato é conhecido desde o século XVIII, há mais de 200 anos.

Pessoas que usam cachimbo ou fumo de corda também têm aumento de chances de desenvolver câncer na boca, mas nos lábios.

- álcool, o consumo de álcool associado ao fumo é a principal causa de câncer de boca (dentro da boca).

- uso de próteses traumáticas, o uso de “dentaduras” que causam lesão de irritação crônica por anos no mesmo local, pode levar ao desenvolvimento do câncer.

- exposição ao sol, principalmente em câncer de lábio inferior.

Figura 01- lesão inicial em lábioo inferior.

Fonte: Plenna cirurgia plástica

- exposição profissional: mais frequente em trabalhadores de indústria de metais, fibra têxtil, couro, níquel, álcool isopropilico e ácido sulfúrico. Este risco reduz nesses trabalhadores se esses usarem equipamento de proteção.

- infecção pelo vírus Papilomavirus Humano (HPV), da mesma forma que o mesmo vírus causa o câncer do colo uterino na mulher.

O hábito de praticar sexo oral, aumenta muito a incidência de infecção pelo HPV.

- hábitos alimentares como a deficiência de nutrientes do tipo ferro e vitamina A levam a uma lesão na parte interna da boca e aumentam o risco de câncer na boca, faringe e no esôfago.

O consumo de frutas e verduras leva a um efeito protetor, principalmente as frutas cítricas como laranjas e limões e as cenouras.

Como a boca é uma área à qual o acesso é fácil para o exame do médico ou do dentista, a procura de lesões precursoras por esses profissionais pode ter um impacto muito positivo na evolução da doença.

Outro fator é o hábito de se fazer o autoexame da boca, que pode muito contribuir para a detecção dessas lesões em fase inicial.

As lesões que podem ser detectadas pelo autoexame mais comuns são:

- ulcerações traumáticas: geralmente em áreas sujeitas a traumas contínuos como na gengiva, causadas pela dentadura

- leucoplasia: lesões esbranquiçadas que podem ocorrer em qualquer local da boca.

Figura 02- Área de leucoplasia na bochecha

Fonte: pesquisa internet

- irritações crônicas, que não melhoram após 4 semanas do aparecimento.

O tipo de tumor mais comum na boca é o Carcinoma Espinocelular, que ocorre na pele e nas mucosas, sendo a incidência de 90 a 95% dos casos. Os outros 10% são os tumores menos frequentes como Adenocarcinoma, Sarcoma e Melanoma.

Os Sarcomas referidos na boca são os Sarcomas de Kaposi, relacionado a Sindrome da Imunodeficiência Adquirida – AIDS, onde no inicio da epidemia desta virose a incidência de Sarcomas de Kaposi era muito alta (por volta de 50% dos pacientes infectados, apresentavam essas lesões).

A prevenção é o método mais simples e eficaz e deve ser incentivada em pessoas que têm hábito de fumar e beber álcool.

O hábito de fumar é responsável por 25% das mortes no mundo e embora se tenha feito nos últimos anos um esforço intensivo em campanhas anti-fumo, estima-se que mesmo com essas estratégias temos aproximadamente 65% de homens fumantes e 30% de mulheres.

Quanto mais tempo se fuma e se associa o uso de álcool, maiores as chances de desenvolvimento de câncer de boca.

DETECÇÃO PRECOCE:

Como 95% dos cânceres se iniciam na superfície da mucosa, podem ser visualizados com o exame minucioso.

EXAME DA BOCA:

- trata-se de um exame simples e qualquer pessoa pode fazer:

- use iluminação natural ou uma fonte com luz direta;

- sentar na frente do examinador;

- observar  a  face e o pescoço do paciente à procura de manchas, feridas ou tumores;

- se o paciente usar próteses deve-se retirá-las e observar com o auxílio de uma espátula a face interna dos lábios e da gengiva superior e inferior;

- após, afaste as bochechas examinando o canto do lábio ate próximo as arcadas dentárias, em ambos os lados;

- peça para colocar a língua para fora e para movimentá-la para cima e para baixo;

- segure a ponta da língua e afaste a bochecha para a direita e esquerda;

- observe a parte inferior da língua e o assoalho da boca até a garganta;

- observe o céu da boca, solicitando para o paciente inclinar a cabeça para trás;

- peça para o paciente pronunciar a vogal A para examinar as amidalas e as áreas próximas;

- palpar a lateral do pescoço para verificar a presença de gânglios enfartados neste local.

Figura 03 – Passo a passo do autoexame da boca.

Fonte: Santa Apolonia odontologia – prevenção câncer de boca

Se observar qualquer alteração neste breve exame ou lesões suspeitas, como lesões esbranquiçadas na mucosa, que não doem e não ardem, lesões escurecidas ou alguma área descamativa, tendendo a formar uma feridinha, principalmente no lábio, pode ser lesão precursora de câncer.

A recomendação é procurar imediatamente um médico para fazer o diagnóstico através da remoção da lesão e análise patológica.

Devemos sempre ter em mente que o câncer tem cura se for detectado de forma precoce e em muitas vezes pode ser prevenido.

Isto é valido para tumores de boca, que podem ser prevenidos com o autoexame da boca que detecta lesões iniciais, aumentando muito as chances dos pacientes.

Este exame deve ser encorajado a ser feito em todas as pessoas (homens e mulheres) que usam o fumo, e principalmente os que além do hábito de fumar, utilizarem o álcool.

Fontes pesquisadas:

- site InCa: www.inca.org.br

- Manual de Orientação do controle do Câncer de Boca do Estado de São Paulo, da Fundação Oncocentro de São Paulo – Secretaria de Estado da Saúde.

Autor: Joaquim Augusto Piras de Oliveira

www.fundonc.org.br

- Fotos do autoexame da boca do site do Dr. Augusto de Souza e Silva, www.santaapolonia.com.br

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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