Artigo 25 - Prevenção e sinais de tumores ginecológicos - Parte 1 - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
27/03/2014 - 08h45m

Artigo 25 - Prevenção e sinais de tumores ginecológicos - Parte 1

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 
  •  Serviços de saúde ensinam procedimentos para detectar sinais suspeitos na mama
  • Diagnóstico precoce é fundamental na cura do câncer de mama

Artigo escrito pela Dra. Silvia Regina Graziani*

Será discutida a frequência dessas doenças e principalmente os sinais em sintomas para o diagnóstico precoce, que aumenta em muito as chances de cura da doença.

Iniciaremos pelos tumores de mama, que segundo o InCa (instituto Nacional do Câncer) é o tumor ginecológico mais frequente e o que mais causa morte por câncer em mulheres no Brasil.

O Câncer de mama é caracterizado pela multiplicação anormal de células da mama, levando a formação de um nódulo tumoral maligno.

Sabemos que o diagnóstico precoce aumenta muito as chances de cura.

Como medidas de prevenção, o que sabemos da literatura medica é que a obesidade deve ser sempre evitada.

Dietas equilibradas e pratica regular de exercícios físicos é a recomendação básica para prevenção de câncer de mama.

Ingerir álcool, mesmo que de forma moderada, também não é recomendado.

Mulheres com idade inferior a 35 anos que receberam radiação, seja por motivo de tratamento de algum tipo de neoplasia anteriormente, como nos Linfomas na idade da infância ou adolescência, ou que se expuseram a radiação na região torácica, também tem risco aumentado de desenvolver câncer de mama.

O uso de pílulas anticoncepcional e de reposição hormonal nas mulheres na menopausa, ainda não está muito bem estabelecido o risco de desenvolvimento de câncer de mama.

Os sintomas mais frequentes são:

-alteração na coloração da pele que recobre a mama

-abaulamentos sobre a mama

-retração da pele ou do mamilo

-pele com aspecto de casca de laranja

-eliminação de secreção pelo mamilo, que pode ser de coloração branca ou até avermelhada, com a presença de sangue

-presença de nódulo palpável na mama, geralmente este nódulo é endurecido, indolor e de forma irregular. Pode não sentir dor ao apalpá-lo, sendo mais comum ser indolor e com pouca mobilidade.

A detecção precoce é o principal objetivo das campanhas de conscientização, pois como já foi dito, aumenta em muito as chances de cura.

Para se iniciar a compreensão de detecção precoce em câncer de mama teremos que entender alguns conceitos que são muito frequentemente perguntados pelas pacientes, pois há uma grande preocupação com os familiares e principalmente com as filhas.

Os tumores de mama hereditários são responsáveis por 10% das neoplasias de mama e teremos que considerar os fatores:

-histórico familiar com parentes de primeiro grau (mãe, irmã ou filha) com câncer de mama, cuja doença foi diagnosticada antes dos 50 anos.

Também considera-se fator de risco familiar os parentes de primeiro grau com câncer de mama bilateral ou de ovário em qualquer idade, ou histórico familiar de câncer de mama em homens e o antecedente de biopsias de mama com lesões proliferativas com atipia celular.

Essas situações são consideradas situações de risco de tumores familial e requerem medidas estratégias mais precoces, como o acompanhamento médico antes de 35 anos.

Outros fatores importantes a ser considerados:

Mulheres que tiveram menstruação precoce (antes de 12 anos) e menopausa tardia (após 50 anos), primeira gestação após 30 anos ou não terem tido filhos.

Também mulheres que após a menopausa apresentarem aumento significativo de peso e hábitos de vida sedentária ou que utilizaram terapia de reposição hormonal, após os 50 anos e que fizeram uso por mais de cinco anos consecutivos.

As mulheres que se encaixam neste perfil, com algum desses fatores devem procurar um profissional de saúde para realização de exame clínico das mamas e do exame de mamografia.

O Exame Clínico das Mamas deverá sempre ser realizado por um profissional de saúde.

Ele deverá ser feito pelo menos uma vez ao ano e a partir de 40 anos.

O autoexame da mama não é eficiente para a detecção precoce e não contribui para o diagnóstico precoce do câncer de mama pois podem levar a interpretações errôneas de lesões benignas e malignas.

Este exame serve como um alerta para o auto conhecimento do corpo e como ação de educação em saúde, pois o Exame Clinico das Mamas deverá sempre ser realizado por profissional habilitado.

A detecção precoce de câncer de mama em mulheres que não apresentam risco, deve ser realizado na idade entre 50 e 69 anos, com a realização do Exame Clinico da mama por um profissional de saúde habilitado e a realização de mamografia.

A mamografia é o exame realizado por aparelho de raio x que faz uma compressão das mamas, para a detecção de lesões.

O exame causa um desconforto momentâneo na hora e eventualmente poderá causar dores após algumas horas, mas o desconforto compensa o benefício do diagnóstico de tumores extremamente pequenos, que não serão nunca detectados por outro tipo de exame.

A ultrassonografia não substitui este exame, principalmente em mulheres na faixa de idade de 50 a 69 anos e só deverá ser solicitada se o médico tiver qualquer dúvida em relação ao exame de mamografia.

A Lei 11.664 de 2008, estabelece que todas as mulheres tem direito a mamografia a partir de 40 anos. Esta Lei entrou em vigor em 29/04/2009 no Sistema Único de Saúde (SUS) em todo território nacional.

O exame de mamografia deverá ser realizado a cada dois anos em mulheres que apresentem os exames normais, sem suspeita de malignidade, e anual para mulheres de alto risco ou que apresentam alterações suspeitas na mamografia de rotina.

Legislação:

-Portaria nª 1253/12 nov 2013 – garante o fornecimento de próteses após cirurgia de mastectomia para tratamento do câncer de mama.

-Portaria nª 874/16 maio 2013 – refere-se a Politica Nacional de Prevenção e Controle do Câncer na rede do SUS

-Portaria nª 18/25 julho 2012 – garante a incorporação do medicamento Trastuzumabe no tratamento do câncer de mama

-Portaria nª 931/10 maio 2012 – garante o tratamento de radioterapia pelo SUS

-Portaria nª 531/ 26 março 2012 – garante o Programa Nacional de Qualidade na mamografia

-Portaria nª 2012/23 agosto 2011 – garante recursos nacionais para Programas de Detecção Precoce de câncer de colo do útero e de mama

-Portaria nª 558/24 março 2011 – garante a politica de prevenção, diagnostico e tratamento de câncer do colo uterino e de mama.

-Portaria nª 779/2008, entra em vigor em junho de 2009 e institui o Sistema de Informações do Câncer de Mama

Essas estratégias do Governo Federal e principalmente o acesso a informações a respeito de detecção precoce do câncer de mama, inclui programas de informação para perda de peso e controle de obesidade e da prática de atividade física regular, bem como o acesso aos serviços de saúde pelo SUS.

Dicas para Prevenção do Câncer de Mama:

-controle dos fatores de risco (obesidade após a menopausa e/ou uso de terapia de reposição hormonal após a menopausa por pelo menos cinco anos consecutivos)

-evitar sedentarismo após a menopausa

-evitar o consumo de álcool, mesmo que socialmente

-utilizar dieta balanceada

-realizar atividade física regularmente, como caminhadas de pelo menos uma hora, três vezes por semana

-visita regular ao ginecologista para a realização do Exame Clínico das Mamas, que em mulheres de risco familiar deverá ser realizado após 35 anos e em mulheres sem risco familiar, após os 50 anos.

-realização de mamografia após os 50 anos, e regularmente a critério medico, até 69 anos.

-Após a idade de 69 anos, a recomendação do exame de mamografia deverá ser discutida com o ginecologista ou se houver alguma lesão alterada na mama.

-mulheres com idade de 40 a 49 anos, a recomendação é o Exame Clinico Anual das Mamas e a mamografia estará recomendada se ocorrer alguma alteração neste exame.

Lembre-se:

-Procurar um Posto de Saúde próximo a sua residência para consulta regular com ginecologista e realização do Exame Clinico das Mamas e pegar a solicitação do exame de mamografia, uma vez ao ano.

-a realização do autoexame das mamas não substitui o Exame Clínico das Mamas, mas será sempre um sinal de alerta e importante para você conhecer o seu corpo.

Este exame deverá ser feito uma vez ao mês e de preferência antes da menstruação.

Referencias:

-Instituto Nacional do Câncer:

-Sumário Executivo. Politicas e Ações para Prevenção do Câncer no Brasil – 2009

-Perspectiva Global de Prevenção de Câncer – 2007

-Brasil. Ministério da Saúde. Secretaria de Vigilância em Saúde. Secretaria de Atenção a Saúde. Politica Nacional de Promoção de Saúde. Brasília, DF, 2006

- www.inca.gov.br

- www.accamargo.org.br

-European Journal of Cancer, 2008; vol.44, pag. 2118-2121.

Normas e Manuais Técnicos de Atenção Primária a Saúde, número 29, 2010.

-Encontro Nacional de Rastreamento do Câncer de Mama, Resumo das Apresentações, 2008.

-Annals of International Medicine 2009; vol. 151(10), pag. 716-724.

World Cancer Report 2008, Lyon 2008.

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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