Artigo 27 - Cuidados e prevenção de tumores ginecológicos - Parte 3
Artigo escrito pela Dra. Silvia Regina Graziani*
O câncer do colo uterino é uma doença de evolução lenta e que acomete mulheres jovens, a partir de 25 anos.
Este tumor se deve a infecção de um vírus, cuja transmissão se dá pela relação sexual. Trata-se do Palpiloma Vírus Humano – o HPV.
O HPV é um vírus causador de muitos tipos de lesões como as verrugas vulgares, as verrugas genitais, o câncer de colo do útero e os tumores de cabeça e pescoço.
O HPV também infecta os homens, levando ao surgimento de verrugas na região genital e ao câncer do pênis.
Há centenas de sub-tipos do vírus HPV, mas somente 4 sub-tipos: 16, 18, 45 e 56 estão diretamente relacionados com o câncer.
Os sub-tipos: 6, 1, 41, 42 e 44, apresentam potencial intermediário.
Antes do surgimento do tumor maligno, ocorre uma infecção pelo vírus HPV e esta infecção passa por pelo menos quatro fases, que são chamadas de NIC – Neoplasia Intraepitelial cervical (do colo do útero).
São Chamadas de NIC I, II, III e IV, de acordo com a gravidade do caso, ou seja o NIC IV é quase o câncer e o NIC I é o primeiro estagio.
Na linha do tempo passamos:
1) Infecção pelo HPV - 1 ano
2) Fase pré-maligna (NCI I a IV) - 3 anos
3) Câncer do Colo Uterino - 4 anos
No Brasi,l a incidência de câncer do colo do útero está diminuindo graças as ações do governo de conscientização da população de do exame de citologia oncótica de Papanicolau, ou simplesmente do Papanicolau, como é mais conhecido, que é realizado em postos de saúde de Estados e municípios.
Acredita-se que 44% dos tumores do colo do útero que são diagnosticados hoje em dia, estão nos estágios iniciais, ou seja nos NICs I, II e III.
Nesta fase, a doença é curável.
Os dois tipos de tumores mais frequentes no colo uterino, estão relacionados a infecção pelo HPV.
Fatores de Risco:
-presença de verrugas na região genital.
-início precoce da atividade sexual
-ter tido múltiplos parceiros sexuais, ou ter um parceiro que tenha varias outras parceiras sexuais
-ter a imunidade baixa
-consumo de cigarro
-más condições de higiene
Alerta aos sintomas:
-nas fases iniciais não há sintomas, é necessário fazer o exame de citologia de Papanicolau para detectar a lesão.
-sintomas como sangramento vaginal principalmente após relação sexual, ou no intervalo das menstruações ou após a menopausa
-corrimento vaginal de coloração escura e com cheiro forte.
Nos estágios mais avançados:
-lesão em massa no colo uterino
-hemorragias
-obstrução das vias urinárias
-dores abdominais inespecíficas
-perda de apetite e de peso
O diagnostico é feito pelo ginecologista e através do exame de Papanicolau.
Este exame deverá ser feito uma vez ao ano, após o inicio da atividade sexual em todas as mulheres.
Se houver alguma área suspeita, esta será biopsiada pelo médico e encaminhada para análise.
PREVENÇÃO:
-a prevenção é feita com o uso de preservativo na atividade sexual. Embora não previne 100%.
-consultar o ginecologista com frequência para detecção de lesões em fase inicial, como os NICs, que são curáveis.
VACINA CONTRA HPV:
Este ano o governo federal iniciou uma campanha de vacinação para meninas de 9 a 13 anos, em escolas publicas, para a vacinação contra o HPV.
Há dois tipos de vacinas profiláticas para o HPV que são registradas pela Agencia Nacional de Vigilância Sanitária (ANVISA) e são comercialmente disponíveis:
-Gardasil (Merdk Sharp & Dohme) – quadrivalente, ou seja confere proteção para os subtipos 6, 11, 16 e 18.
-Cervarix (GlaxoSmithKline) – bivalente, para os subtipos 16 e 18.
No Brasil, foi assinada uma parceria dos laboratórios com o Instituto Butantan e a vacina é produzida em larga escala para suprir a necessidade nacional através do SUS, com a vacinação de meninas e meninos a partir de 9 anos, sem limite de idade para a vacinação.
A vacina é exclusivamente profilática, não está indicada para tratamento do HPV.
É contraindicada em gestantes, portadores de infecção aguda pelo HPV ou que apresentem hipersensibilidade para os componentes da vacina.
É administrada de forma intramuscular em três doses, sendo imediata, após 2 e 6 meses.
A vacina não exclui a pessoa que foi vacinada de realizar o exame preventivo como as consultas ao ginecologista e o exame de Papanicolau, pois só oferece proteção para quatro subtipos, sendo que mais de 30 causam lesão genital.
É necessário que a população tenha conhecimento deste fato e divulgue as informações para evitar uma das doenças mais frequentes em mulheres que é o câncer do colo uterino.
Fontes:
-Instituto Nacional do Câncer – InCa
www.inca.gov.br/conteudo_view.asp
INFORMAÇÕES
Uma inciativa que acreditamos dar certo é a informação.
E em homenagem ao Dia Internacional da Mulher de 2014, os profissionais da equipe multidisciplinar do Serviço de Oncologia de uma empresa na Zona Leste do Estado de São Paulo, tomaram a iniciativa pelo terceiro ano consecutivo de conscientizar a população em relação a prevenção do Câncer.
Este ano, em acordo com a campanha estabelecida pela Secretaria de Estado de Saúde e do Ministério da Saúde, a campanha foi para Conscientização do Câncer do Colo do Útero.
Profissionais da equipe e as pacientes se vestiram mais uma vez com uma roupa básica, baseada em uma blusa branca, o qual colocaram um lencinho sobre o pescoço, da cor de laranja, escolhido para chamar a atenção.
Iniciamos com uma caminhada e com a distribuição de um brinde confeccionado por elas e um panfleto, o qual constava orientação de prevenção e sobre a Campanha de Vacinação, iniciada neste mês na cidade de São Paulo, para mulheres jovens.
Após ocorreu uma palestra com o ginecologista Dr. Rogerio Pinheiro Arraes, que esclareceu a respeito da infecção pelo HPV e as medidas para evita-la, esclarecendo principalmente a Campanha de vacinação.
E para terminar, as participantes tiveram um Evento de Dicas para Auto maquiagem, com uma consultora da empresa Mary Kay.
Foi um grande sucesso e desta forma acreditamos que a a conscientização é o melhor remédio para prevenção do Câncer e que a participação ativa entre equipe cuidadora e pacientes, é uma experiência muito gratificante.
* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.
