São Paulo (Agência Hoje) - Para o total e equilibrado funcionamento do nosso organismo é necessário que o meio externo (natureza) esteja em sintonia com o meio interno (nossos sistemas funcionais internos).
No meio externo temos a natureza, cujo desiquilíbrio, geralmente causado pela vida civilizada, tem impacto muito negativo na nossa saúde, levando ao adoecimento.
Um exemplo disto é a poluição que aumentou muito as chances de desenvolvimento de câncer de pulmão em algumas áreas urbanas do planeta.
Já o meio interno, depende muito do que comemos, como os micronutrientes.
Os micronutrientes são os minerais e vitaminas e estão relacionados com várias funções metabólicas do organismo como a degradação de proteínas, a síntese de hormônios e o transporte de oxigênio para as células.
A maioria das vitaminas não é sintetizada no organismo, devendo ser ingerida através da dieta.
Em dietas carentes desses muicronutrientes, deve-se suplementar para não levar a quadros de anemias como, por exemplo, as anemias por deficiência de ferro, que são as mais frequentes no mundo.
A alimentação inadequada é um dos fatores que podem levar a problemas nutricionais como a desnutrição com baixo peso e a obesidade e doenças crônicas na vida adulta, como o diabetes, hipertensão arterial, osteoporose, câncer e outras.
O conhecimento da associação da deficiência de vitaminas e minerais no desenvolvimento de doenças, nos leva a consciência da suplementação desses na prevenção e expectativa de uma vida mais longa e com saúde.
Desse conhecimento, a vitamina D tem sido muito estudada nos últimos anos, em diversas áreas da medicina.
Estudos mostraram que níveis altos de vitamina D no sangue dos pacientes portadores de uma doença neurológica degenerativa progressiva e grave, chamada de esclerose múltipla, apresentavam um prognostico melhor.
Os estudos mostraram que os níveis elevados da vitamina D retardaram a evolução da doença, reduzindo em 57% as taxas de aparecimento de novos eventos e lesões.
Na área de psiquiatria, os níveis elevados de vitamina D foram favoráveis no controle dos sintomas de depressão.
Atualmente, a depressão é um problema de saúde pública, pois acomete 10 a 20% da população em geral e dessas pessoas, 5% se tornam incapacitadas. (JAMA, vol. 289; 3095-3105 – 2003).
Esses estudos mostraram também uma melhora nos sintomas da depressão após o parto.
Outro beneficio da vitamina D é nos pacientes diabéticos.
Hoje sabemos que, com o envelhecimento da população, vida sedentária, alimentação inadequada e o estresse, levam ao aumento do peso e ao diabetes tipo 2, conhecido como resistente a insulina.
De acordo com a International Diabetes Federation, estima-se que a prevalência de Diabetes no mundo é de 8,7% da população mundial e que desses 85-88% são do tipo 2.
Estudos mostram a associação de baixos níveis de vitamina D com Diabetes, microalbuminemia e doença cardiovascular, sendo que a suplementação de vitamina D levaram a normalização da pressão arterial.
Fisiologicamente a vitamina D:
• Inibe o acumulo de gordura;
• Aumenta a síntese de insulina;
• Preserva as células do pâncreas, diminuindo a resistência da insulina;
• Favorece o controle da obesidade;
• Melhora os níveis de colesterol e triglicérides em pessoas com Diabetes tipo 2.
Um alerta é para mulheres na pós menopausa com níveis baixos de vitamina D que tem uma propensão maior de desenvolver diabetes do tipo 2.
Na última década tem se estudado muito a associação dos níveis de vitamina D e a associação de doenças crônicas como o câncer.
Há indícios de que a vitamina D possa estar relacionada com o controle de genes que codificam proteínas que controlam a diferenciação celular. (Scand J ClinLabInvestSuppl 2012, apr 243; 7-13).
Na oncologia, há um particular interesse na vitamina D que vai da prevenção de câncer de intestino ao tratamento de efeitos adversos causados pelo tratamento do câncer, como no tratamento do câncer da próstata e da mama que leva a aceleração do processo de osteoporose.
Em 2014 foi publicado um estudo na renomada revista CancerEpidemiolBiomarkersPrev 2014, apr01,no qual se discutia a associação do risco de desenvolvimento de câncer de intestino em pessoas que tinham pólipos no exame de colonoscopia, pois foi comprovado que baixos níveis de vitamina D no sangue em pessoas que tinham pólipos, tinham uma chance maior de desenvolver câncer no intestino.
Outros estudos confirmam esta suposição como o estudo publicado na revista Cancer Res, jan 15, 2011, 7(12); 413-423, o qual sugere que a suplementação de cálcio e vitamina D diminui muito a incidência de câncer de intestino.
Micronutrientes – Minerais:
• Ferro
O ferro é essencial para a manutenção da vida, pois é componente da molécula de hemoglobina que carreia oxigênio para os tecidos.
É o mineral mais encontrado na crosta da terra e sua deficiência leva a doença mais frequente na humanidade que é a anemia carêncial ferropriva.
No Brasil e em países em desenvolvimento, é um problema de saúde pública.
• Zinco
O zinco tem grande importância para o crescimento na infância, desenvolvimento cognitivo e sistema imunológico.
É o segundo elemento mais abundante no corpo e fundamental para o sistema imunológico.
As fontes alimentares de zinco são:
• Carnes;
• Ovos;
• Leite.
• Crustáceos.
Vitaminas
• Vitamina A
A deficiência de vitamina A leva a cegueira em crianças e propensão a infecção em adultos.
As fontes alimentares de vitamina A são:
• Carnes;
• Ovos;
• Leite;
• Fígado;
A pro-vitamina A, é encontrada em:
• Vegetais folhosos de cor verde escuro, como espinafre;
• Frutas não cítricas de cor amarela e laranja, como manga, pêssego e mamão;
• Óleos e frutas oleaginosas, como buriti, pupunha, dendê e pequi.
• Complexo B
O Complexo B é composto por vitamina B1, B3, B5 e B12.
A deficiência dessas vitaminas levam a quadro graves como a anorexia, pelagra, emagrecimento e a anemia, por deficiência de vitamina B12, que é muito comum em pessoas que fazem gastrectomia para tratamento de câncer de estômago.
Fontes:
Cancer Epidemiol Biomarkers Prev 2014
JAMA, vol. 289; 3095-3105 – 2003
Scand J Clin Lab Invest Suppl 2012
Cancer Res, jan 15, 2011
* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.