Artigo 46 - Câncer de rim, perspectivas para a era da terapia alvo - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 18/04/2024
 
13/01/2015 - 14h41m

Artigo 46 - Câncer de rim, perspectivas para a era da terapia alvo

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 

São Paulo - O câncer de rim é uma doença rara, que corresponde a aproximadamente 3% dos tumores malignos em pessoas adultas, sendo mais incidente em homens a partir de 60 anos.

O câncer de rim é, em média, duas vezes mais frequentes em homens e pode estar associado a uma doença hereditária chamada de Doença de Von-Hippel-Lindau.

Embora sua frequência seja baixa, dados estatísticos mostram um aumento da incidência nos últimos anos e um proporcional crescimento nos gastos com o custo do tratamento.

Nos Estados Unidos, se espera que 57000 pessoas desenvolvam a doença e 12900 pacientes com diagnóstico de câncer de rim venham a falecer por esta doença no mesmo ano.

O Câncer Renal não tem prevenção e por isso muitos pacientes tem o diagnóstico em fases mais avançadas da doença.

Com o conhecimento da biologia molecular, poucas neoplasias foram tão estudadas como os tumores renais e atualmente sabemos que esses tumores consistem em um conjunto de doenças de dos vários tipos de tumores no rim, mas 75% corresponde ao chamado Carcinoma de Células Claras.

Sabe-se hoje que esta ligado a uma mutação de um gene VHL. Esta mutação ocorre de forma aleatória e esta presente em 90% dos casos, o que abre uma grande possibilidade de esperança para os pacientes com esta doença, pois já existem pesquisas sobre medicamentos específicos para o tratamento.

O diagnóstico de câncer renal se faz através de exames de imagem de ultrassonografia, tomografia computadorizada ou ressonância magnética, que são exames que visualizam a lesão e o médico urologista conduz para que seja feito o diagnóstico anatomopatológico.

Como temos maior disponibilidade de exames de imagem, muitos pacientes recebem o diagnostico ainda na fase sem sintomas.

Os sintomas clássicos dos tumores renais avançados são:

- Hematúria que consiste no sangramento pela urina, muitas vezes imperceptível;

- Dor na região lombar, que é a popular “dor nos rins”;

- Massa palpável na região do abdômen, quando o tumor é muito avançado.

Após o diagnóstico, os pacientes realizam vários outros exames para avaliação da extensão da doença, que é a chamada pesquisa de metástases, e a partir daí, se indica a cirurgia para remoção do rim.

A cirurgia é o tratamento curativo desses tumores e esta pode ser realizada com a remoção parcial – nefrectomia parcial ou total – nefrectomia radical. dependendo do tamanho do tumor.

Há outras opções também de tratamento como as técnicas chamadas de procedimentos minimamente invasivos que consiste na ablação por radiofrequência e a crioablação, esta conduta dependerá do médico urologista.

Como os tumores renais são raros e não há exames de prevenção, a grande maioria dos pacientes recebe o diagnostico em fases mais avançadas da doença e necessitam de tratamento complementar.

O tratamento da doença avançada é baseado em 3 tipos de terapia:

- Imunoterapia: consiste em medicamentos que estimulam o sistema imunológico a combater a doença, que hoje em dia cada vez mais estudada e utilizada.

-Inibidores da angiogênese: são medicamentos que impedem a formação de novos vasos sanguíneos que nutrem as células tumorais.

-Terapia alvo: são medicamentos direcionados a alvo específico nas células.

Atualemente, a primeira linha de tratamento para câncer renal metastático é o medicamento Sunitinibe(nome comercial Sutent®), que é uma droga “alvo”, ou seja ela age em um local especifico da célula, bloqueando o crescimento tumoral, através do bloqueio da divisão celular e impedindo a formação de novos vasos que nutrem o tumor para que este possa crescer.

Graças aos conhecimentos de biologia molecular, hoje temos terapias especificas para o tratamento de tumores como o carcinoma renal.

O Sunitinib, embora seja um medicamento especifico para o tratamento do câncer renal e atinge as células tumorais especificas deste tipo de tumor, também apresenta alguns efeitos colaterais, que geralmente são de fácil manejo.

É necessário que o paciente esteja ciente desses efeitos para que possa contorná-los.

Os mais frequentes são:

- Náuseas;

- Alterações da pele;

- Síndrome mão-pé, que é a descamação da palma das mãos e dos pés;

- Anemia e outras alterações do sangue.

Para os pacientes que fazem uso deste medicamento, a Pfizer, que é a Indústria Farmacêutica que comercializa este produto no Brasil tem um Programa de Apoio ao Paciente, que é o Programa Muito Bem Vindo.

Este programa consiste no apoio a informações aos pacientes em uso de Sutent®, conforme a orientação de seus médicos, e o objetivo é a promoção do maior entendimento da doença e tirar as dúvidas do acesso ao medicamento.

Há duas formas de inclusão no programa, realizando o preenchimento de uma ficha no momento do atendimento médico ou ligando para o número 0800 726 7272 e fazer a solicitação da inclusão no programa.

A vantagem além das informações adicionais do medicamento, é que o paciente receberá um kit de boas-vindas, que inclui o material didático e mais:

- Protetor solar FPS 15 para proteção da pele exposta ao sol;

- Kit de higiene dental;

- Hidratante corporal;

- Loção oleosa para proteção da palma das mãos e pés.

Esta é mais uma parceria realizada entre a indústria farmacêutica, médicos e pacientes a fim de trazer melhorias aos pacientes que fazem uso deste medicamento.

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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