Artigo 53 - Câncer de mama: novo remédio é aprovado pela Anvisa - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 23/04/2024
 
08/04/2015 - 09h59m

Artigo 53 - Câncer de mama: novo remédio é aprovado pela Anvisa

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 
  • Ilustrativa da ligação do medicamento anticorpo monoclonal ao receptor celular
  • Ilustrativa dos medicamentos que agem na membrana da célula tumoral
  • Ilustrativa da estrutura da mama mostrando os ductos e lóbulos que formam a glândula mamária

São Paulo - O câncer de mama é uma doença múltipla e conhecemos alguns subtipos como o Carcinoma DuctalInvasivo que é o mais frequente, sendo este subdividido em 5 subtipos baseados em exame de imunohistoquímica, o qual é feito a análise da expressão dos Receptores de Estrógeno, de Progesterona e da expressão do Receptor da proteína c HER 2.

Os tipos conhecidos são:

Carcinoma Ductal e Lobular: as mamas são formadas por glândulas e lóbulos que se dividem em estruturas menores: ductos e lóbulos mamários e a classificação do câncer se refere ao local onde iniciou a divisão celular.

O tipo mais comum é o Ductal que se origina nos ductos mamários. Este pode ser muito localizado, denominado de “in situ”, ou invasivo, que se não tratado a tempo, evolui para formas invasoras.

Tipo Inflamatório: não é muito frequente e na apresentação inicial lembra uma mama inflamada, com sinais inflamatórios, como se estivesse infeccionada com a cor avermelhada, quente e inchada.

Receptores Hormonais: todo o tumor de mama tem que ser testado a expressão dos receptores de estrógeno e progesterona, que são proteínas localizadas na membrana das células tumorais. Esta informação é muito importante para a definição do tratamento a ser instituído após o diagnóstico.

Proteína HER 2: também é uma proteína localizada na membrana da célula tumoral e fundamental na escolha do tratamento após o diagnóstico.

Os tumores Her-2 positivos geralmente tem características mais agressivas e crescem mais rápido devendo ser tratados com tratamento específicos para bloquear o crescimento dessas células.

Muitos avanças ocorreram nas últimas décadas para o tratamento de cada subtipo, como por exemplo a hormonioterapia para o tratamento dos tumores de mama Receptores de Estrógeno positivo.

Desde a descoberta de que bloquear os hormônios femininos retardaria o crescimento do câncer de mama com a retirada dos ovários (ooforectomia) publicada em 1896, seguido pelos procedimentos nos anos de 1977 quando se incorporou ao arsenal terapêutico do câncer de mama o medicamente usado até hoje chamado de Tamoxifeno, muitos outros medicamentos da mesma linha e eficácia foram aprovados para os tratamentos desses tumores como Anastrozol, Letrozol, Fulvestrano e outros.

Um grande avanço foi o conhecimento dos receptores celulares para a proteína HER – 2, o qual inicialmente foi desenvolvido o medicamento Trastuzumabe, do Laboratório Roche, que é um tipo de medicamento novo do grupo de anticorpo monoclonal e ao ser incorporado ao esquema de quimioterapia para o tratamento dos tumores HER- 2 positivos (fortemente positivos no exame de Imunohistoquímica), aumentaram de forma significativa as chances de vida deste subtipo de câncer.

Os estudos prosseguiram e hoje sabemos que a associação de mais um medicamento do tipo anticorpo monoclonal chamado Pertuzumabe - Perjeta®, também desenvolvido pelo Laboratório Rochepara evitar a ligação do receptor HER – 2 com os outros receptores da família Her.

Esse processo de ligação de receptores na membrana celular da célula tumoral é considerado um fator importante no crescimento das células cancerígenas.

Ao impedir a ligação ao receptor HER, o Pertuzumabe bloqueia a sinalização celular e bloqueia o crescimento dessas células.

Outro fato interessante desta medicação é que ela também ativa o sistema imunológico das pacientes para destruir as células tumorais.

Este medicamento foi aprovado pela Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa), que é o órgão regulatório no Brasil para a aprovação de um novo medicamento para ser usado no país.

A aprovação se deu através da análise de um estudo chamado CLEOPATRA que foi realizado em vários países, inclusive com pacientes brasileiras.

Este estudo analisou 808 pacientes cujo tumor de mama expressava o Receptor HER-2 e tinham a doença metastática e não tinham recebido tratamento ainda para a doença metastática.

Elas receberam os medicamentos Trastuzumabe, Pertuzumabe e o quimioterápico Docetaxel em um grupo e outro grupo recebeu a mesma associação, porém sem o Pertuzumabe.

Os resultados foram muito promissores, com o tempo de progressão de doença de 8 meses a mais para as pacientes que receberam o medicamento Pertuzumabe na associação da quimioterapia.

Este trabalho foi publicado na renomada revista médica: The New EnglandJournalof Medicine, janeiro 2012(vol. 366, páginas 109 a 119).

Contudo existem alguns problemas para o uso desses medicamentos e um desses é a indisponibilidade no Sistema Único de Saúde (SUS).

Estima-se que das 57000 pacientes que tiveram diagnóstico de câncer de mama em 2014, 41600 (73%) mulheres dependem do SUS.

O medicamento Trastuzumabe– Herceptin ® está disponível para a indicação de prevenção do aparecimento de metástases, ou seja, no tratamento após a cirurgia e associado à quimioterapia, por período de um ano de uso.

Não é disponível para a doença avançada e o Pertuzumabe não esta disponível pelo SUS.

A novidade é que este medicamento não é usado apenas para aumentar a sobrevida das pacientes sem a chance de cura, mas também estão desenvolvendo estudos para a redução do tamanho do tumor antes da cirurgia, em tumores HER – 2 positivos.

O Pertuzumabeeste aprovado na Europa e nos Estados Unidos.No Brasil foi aprovado em 29/10/2014, com o nome comercial de Perjeta® e a bula está disponível no site do Roche.

Fontes pesquisadas:

www.sbmastologia.com.br/.../81-pertuzumabe-nova-droga-para-cancer de mama

www.onconews.com.br/.../743-cleopatra-confirma-superioridade-do-pertuzumabe

www.dialogoroche.com.br/content/.../Perjeta/Bula-Perjeta-Paciente.pd

www.roche.com.br

www.inca.org.br

Serviço Gratuito de Informações Roche - 0800 7720 289

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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