Artigo 59 - Pesquisa de novos medicamentos é tema do ASCO 2015 - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 23/04/2024
 
29/07/2015 - 09h18m

Artigo 59 - Pesquisa de novos medicamentos é tema do ASCO 2015

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 

São Paulo - O Congresso Americano mais expressivo na área da oncologia, o ASCO – American SocietyofClinicalOncology, que ocorre anualmente nos Estados Unidos e neste ano foi na cidade de Chicago.

Este congresso mobiliza milhares de profissionais que trabalham na área de oncologia, entre cientistas, pesquisadores, médicos oncologistas, enfermeiros, farmacêuticos e pacientes oncológicos.

Neste evento é discutido os principais trabalhos e avanços na área da oncologia, que na realidade são muito esperados por nós no Brasil, para assim podermos proporcionar melhor tratamento aos pacientes oncológicos.

Os ensaios clínicos na área médica ocorrem desde 1747, quando o médico inglês James Lind dividiu uma população de marinheiros com escorbuto em 6 grupos e propôs tratamento diferente para cada grupo, a fim de descobrir qual era a melhor medicação a ser dada para o tratamento desta doença que na época matava muitos marujos.

Para cada grupo Sir Lind adicionou a dieta um item como: cidra, vinagre, laranja e até um elixir com ácido sulfúrico, então ele publicou que o tratamento para o escorbuto era adicionar laranja a dieta, hoje sabemos que é a vitamina C que trata esta afecção, mas usa contribuição foi impar na época para o tratamento.

Em 1920 foram estabelecidos modelos de ensaios clínicos, que usamos ate hoje, pelo Sir Ronald Fisher e em 1950 se instituiu os modelos de estudo que são usados em oncologia para determinar se um medicamento é ou não eficiente para o tratamento de uma determinada doença.

Foram os estudos randomizados, onde se escolhe aleatoriamente em que braço do estudo o paciente vai receber ou não o medicamento estudo e assim se fara a comparação com os que não receberam o medicamento.

O desenho do estudo clinico é central no processo de aprovação de um medicamento pelas agências reguladoras, no Brasil, a ANVISA.

Quando no estudo o medicamento falha, não se mostrando eficiente para o tratamento de determinada doença, diz-se que o estudo teve um desfeche negativo.

Para se fazer o estudo de um medicamento gasta-se milhões de dólares. Em média um estudo de um determinado medicamento na área de oncologia demora aproximadamente de 10 a 20 anos para ser comercializado e custa em torno de 1,1 bilhão de dólares.

Atualmente, muitos estudos clínicos mostram que estamos chegando a era da medicina personalizada, ou seja, há um medicamento especifico para uma determinada doença que expressa alguma característica genética.

Por exemplo nos carcinomas de mama, intestino, melanoma e pulmão, que foram os grandes destaques deste congresso esse ano.

No câncer de mama temos o desfeche final de um estudo muito promissor para tratar pacientes que na imunohistoquimica são receptores de estrógeno positivo.

Trata-se de uma nova droga que ainda não está disponível no Brasil, Palbociclib, que quando associado ao Fulvestrano (Faslodex® - AstraZeneva), eleva de forma significativa os resultados em doença avançada.

No câncer de pulmão, muitos estudos promissores com drogas estimuladoras do sistema imunológico. Também não disponíveis no Brasil, mas muito promissoras como o Nivolumab, em tumores escamosos de pulmão.

Para os tumores de intestino a novidade está em medicamentos promissores que estão disponíveis no Brasil, como o Cetuximabe (Erbitux®- Merck) e Pazopanibe (Voltrient® - Glaxo), com resultados muito promissores em tumores de intestino KRAS não mutado.

Os Melanomas também foram destaques com muitos novos medicamentos também na linha de imunoterapia, ativando o sistema imunológico.

Um estudo em especial chamou atenção e foi dedicado a prevenção de lesões de pele causadas pelo sol, que sabemos que com o tempo se transforma em tumores de pele malignos.

Este estudo abordou o uso de vitamina B – nicotinamida, previne que essas lesões de queratosesactinicas não virem câncer de pele.

Muitas novidades promissoras e muitos estudos recrutando pacientes para testar novas drogas e cada vez mais perto da medicina personalizada na área da oncologia.

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

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