São Paulo - De acordo com a Organização Mundial de Saúde (OMS) o câncer é uma doença muito incidente nos seres humanos e dados estatísticos fornecidos pelo Instituto Nacional do Câncer –InCa, que notifica os casos de câncer no Brasil, no ano de 2014 foram diagnosticados 253.030 casos novos, com 53.000 mortes.
O câncer de mama teve incidência de 57.120 casos, com média de 56,6 mulheres para cada 100.000 mulheres, sendo mais frequente nas mulheres da região Sul e Sudeste, na região do Nordeste é a segunda neoplasia mais frequente.
Muitos estudos têm demonstrado a contribuição da relação de hábitos de vida com a incidência de câncer, evidenciando que o estresse leva a um bloqueio no sistema imunológico.
A atividade física é vista como um fator promocional na qualidade de vida e prevenção de muitas doenças como as doenças cardiovasculares, o diabetes e o câncer.Também tem um impacto muito positivo na manutenção da força muscular, saúde, energia, humor, imagem corporal e autoestima.
Estudos em mulheres com câncer de mama que praticam atividade física, confirmam a hipótese de que ocorre manutenção da qualidade de vida, minimizando os efeitos adversos do tratamento quimioterápico.
Saço LF e colaboradores em 2010, publicaram um trabalho realizado entre mulheres portadoras de câncer de mama em tratamento quimioterápico, com idade entre 21 e 51 anos, no qual concluíram que as pacientes que realizam atividade física regular suportam mais os efeitos adversos da quimioterapia, principalmente a fadiga, comparada com mulheres sedentárias.Porém, a conclusão foi de que devesse considerar o repertório cultural de vida da paciente, para a proposta da programação da atividade física.
A fadiga é o sintoma mais frequente no tratamento quimioterápico, estando presente em 75% das pacientes após o primeiro ciclo e nos estágios mais avançados da doença. O exercício físico durante a quimioterapia auxilia na manutenção do peso e no combate a este sintoma.
O avanço no tratamento oncológico em geral tem levado a um aumento significativo no tempo de vida das pacientes com antecedente de câncer, contudo este aumento de tempo de vida leva a outras preocupações como a manutenção da qualidade de vida após o tratamento e a preservação da autonomia física o qual requer reabilitação para reduzir o risco de outras doenças.
Muitos estudos têm demonstrado que a prática de atividade física regular está relacionada com a redução do risco de câncer em até 30%.
Este fato está relacionado aos seguintes fatores:
Controle de peso: previne câncer de mama e câncer ginecológico, sendo o ideal a manutenção da taxa do Índice de Massa Corpórea (IMC) entre 18,5 a 25 kg/m2.
Manutenção das funções fisiológicas e metabólicas: leva ao equilíbrio do sistema e reduz o risco de desenvolvimento de câncer.
Nos pacientes em tratamento este fator auxilia na manutenção dos níveis de energia, contribuindo para manutenção da vida diária, otimizando os períodos de sono e descanso. Os exercícios aumentam o consumo de oxigênio com melhora de até 40% da capacidade funcional.
Nos Estados Unidos, o departamento de Saúde Pública conhecido como World Cancer Research Fund e outros tem incluído em seus guias de recomendação a atividade física, e sugere o mínimo de 30 minutos à uma hora de atividade física de intensidade moderada a vigorosa, de dois a cinco dias por semana.
Já a recomendação da comunidade Europeia para a redução do risco de câncer contém 12 itens, são eles:
1 - Não fume e não use nenhuma forma de tabaco
2 - Conviva em ambiente livre de tabaco em sua casa e seu trabalho;
3 - Mantenha o peso ideal;
4 - Pratique atividade física diária;
5 - Mantenha uma dieta saudável com consumo regular de frutas e vegetais e limite o consumo de calorias, carne vermelha e sal;
6 - Limite o consumo de álcool;
7 - Se exponha ao sol com moderação e sempre utilize filtro solar nas áreas expostas;
8 - Evite locais que possam ter substâncias potencialmente carcinogências;
9 - Evite exposição à radiação ionizante;
10 - Para mulheres: auto exame da mama e evitar terapia de reposição hormonal, que aumenta o risco de câncer de mama;
11 - Para os jovens: utilize os programas de vacinação para Hepatite B, HPV em meninas;
12 - Incentive seu/sua parceira a fazer exames de prevenção: Colonoscopia – câncer de intestino (homens e mulheres), Mamografia – mulheres,Citologia de Papanicolau - mulheres.
De forma muito resumida o impacto da atividade física no câncer se da seguinte forma:
Atividade física --> aumenta o gasto energético no organismo (consumo de glicose) --> aumenta a exigência de substrato (diminui os níveis de insulina) --> compete com a glicose que seria utilizada pelo tumor --> reduz o risco de desenvolvimento tumoral.
Fontes pesquisadas:
-Peak J et al. Atividade física na prevenção e na reabilitação do câncer – ExerciseabdImmunologyReview v.10, 129-141, 2004.
-Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(4): 313-318
-Revista Brasileira de Cancerologia 2005; 51(1): 67-77
-Revista Brasileira de Cancerologia 2002; 48(4): 577-583
-Revista Brasileira de ciência e movimento 2010; 15(4): 11-17
-CancerEpidemiology(homepage) – 2015
-http:dx.doi.org/10.1016/j.canep.2015.03.009
* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.