Artigo 63 - Orientação oncológica para pacientes e familiares - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 18/04/2024
 
23/09/2015 - 15h08m

Artigo 63 - Orientação oncológica para pacientes e familiares

Agência Hoje/Dra. Silvia Regina Graziani* 

São Paulo - Com o objetivo de informar e auxiliar no tratamento do câncer no último dia 12 a equipe de Oncologia Clínica Centro Médico São Gabriel realizou mais um evento sobre orientação oncológica para pacientes e familiares

O câncer é uma doença muito complexa, causada por vários fatores e em linhas gerais consiste em células que começam a se dividir sem parar e levam a formação do tumor.

O tratamento consiste em muitas etapas, são elas:

Cirurgia – operação para remoção do tumor;

Radioterapia – uso de uma fonte de energias para destruir células cancerosas;

Imunoterapia – estimula o organismo a combater o câncer;

Quimioterapia – aplicação de drogas para matar células cancerosas ou inibir o crescimento e proliferação do tumor;

Quimioterapia

A quimioterapia objetiva acabar com as células cancerosas que crescem no órgão que as originou e invade outros órgãos (órgãos vizinhos ou através da circulação sanguínea ou linfática), esta situação é chamada de metástases. Porém, a quimioterapia afeta todas as células que estão em crescimento rápido.

Formas de quimioterapia:

• Comprimidos

• Injeção

• Na Veia

• No Tecido celular subcutâneo

• Na Artéria

• No Músculo

• Nas cavidades, como na pleura e no peritônio

Os medicamentos precisam ser administrados em tempos determinados para que o objetivo do tratamento seja alcançado. É importante seguir corretamente as orientações do seu médico e da equipe que lhe assiste.

Principais efeitos do tratamento quimioterápico

Imediato

Náuseas

Vômitos

Diarréia

Mucosite - situação onde por ação do medicamento o tecido que recobre a boca, esôfago, estômago e intestino sobre uma descamação, chegando inclusive a formação de lesões ulceradas (forma pequenas feridinhas) que dificultam a mastigação e digestão dos alimentos.

Tardio

Anorexia

Alopecia (queda do cabelo)

Alterações no sangue (queda de glóbulos brancos – leucócitos e glóbulos vermelhos – eritrócitos e plaquetas)

Imediato – logo após receber o tratamento de quimioterapia

Tardio – pode demorar meses ou anos para aparecer

Radioterapia

A radioterapia, muitas vezes chamada de terapia de radiação consiste no emprego de raios penetrantes de ondas de alta energia ou correntes de partículas chamadas de radiação.

As radiações utilizadas no tratamento do câncer provem de máquinas especiais ou de substancias radioativas. A máquina utilizada para a radioterapia direciona quantidades especificas de radiação para o local do tumor e áreas próximas de onde se encontra a lesão.

Hormonioterapia

Alguns tumores como os da próstata no homem e o de mama e do útero na mulher podem depender de hormônios para seu aparecimento e crescimento. Desta forma uma das estratégias do tratamento desses tipos de câncer pode ser terapia para bloquear o efeito desses hormônios, impedindo que os tumores cresçam.

Isso se chama terapia hormonal ou hormonioterapia e se baseia no uso de medicações dadas por via oral. Esses medicamentos não devem nunca sem esquecidos ou interrompidos sem ordem de seu médico. Outras formas de administrar a hormonioterapia é com o uso de medicações injetáveis pelas vias intramuscular ou subcutânea, uma vez por mês ou a critério de seu médico.

Cuidando dos Cuidadores

Palestra da enfermeira Simone Trombetta

Cuidador é a pessoa, membro ou não da família, que, com ou sem remuneração, cuida do idoso doente ou dependente no exercício das suas atividades diárias, tais como alimentação, higiene pessoal, medicação de rotina, acompanhamento aos serviços de saúde e demais serviços requeridos no cotidiano.

Para começar, é muito importante que o cuidador não confunda cuidar da paciente com assumir suas tarefas. Em muitos casos, isso não é necessário e pode até prejudicar. Lembre-se de que a paciente precisa participar ativamente do processo de tratamento. Incentivar, estimular, orientar, supervisionar e acompanhar pode ser muito mais produtivo.

O cuidador não deve nunca se deixar de lado. É muito normal aparecerem sentimentos como raiva, culpa, frustração e até mesmo certa sensação de impotência, mas é fundamental lembrar que, se ele está fazendo todo o possível para ajudar a paciente, está sendo de grande utilidade. E, para continuar esse trabalho, é preciso estar com a saúde física e emocional em dia.

A informação é uma ferramenta importante neste momento. Sempre que possível leia e aprenda coisas novas a respeito da doença e do tratamento.Inteire-se das novidades relacionadas ao câncer.

É muito comum os cuidadores descuidarem da sua própria saúde enquanto providenciam o melhor cuidado possível para as pacientes. Maus hábitos alimentares, insônia, estresse, depressão são problemas frequentemente encontrados.

Efeitos colaterais comuns durante a quimioterapia

Palestra da enfermeira Rosana Mota

Diferentes drogas podem causar efeitos colaterais, são previsíveis para determinadas classes de drogas, a experiência de cada pessoa com a quimioterapia é única. É sempre bom ter uma conversa com seu médico sobre os efeitos secundários específicos que podem ocorrer ou estão ocorrendo.

Feridas na boca e garganta

A quimioterapia pode danificar as células que revestem a boca e garganta. As feridas (também conhecidas como mucosite) aparecem geralmente de cinco a 14 dias após o tratamento com quimioterapia e podem ser infecciosas.

No entanto, elas costumam sarar completamente quando o tratamento é terminado. Uma dieta menos acida, e uma higiene bucal adequada, pode propiciar mais conforto a esses efeitos.

Fadiga

Sensação persistente de cansaço ou exaustão. É o sintoma mais comum relatado pelos pacientes que recebem quimioterapia.

Procure relaxar, descansar, poupar o corpo de esforços, lembre-se que agora ele está trabalhando para recuperar a sua saúde.

Diarréia

Certos medicamentos provocam a eliminação de resíduos moles ou líquidos. Um bom monitoramento sobre a alimentação pode prevenir e evitar que o paciente fique desidratado (condição quando o corpo não recebe a quantidade de líquidos que necessita) ou o desenvolvimento de outros problemas. Lembre-se que a consulta com a nutricionista é primordial, ela te orientara a melhor dieta para amenizar estes sintomas.

Náuseas e vômitos

A quimioterapia pode causar náuseas (vontade de vomitar) ou vomitar propriamente dito. Um risco que depende do tipo e dose de quimioterapia. Com os medicamentos adequados, esses efeitos podem ser evitados em quase todos os pacientes que normalmente são prescritos pelo seu médico.

Constipação

A quimioterapia, assim como outros medicamentos que utilizamos para tratar náuseas, vômitos, dor, depressão, diarreia, pressão arterial, diabetes e outros podem causar prisão de ventre.

Novamente reforço a consulta com a nutricionista. Pois através de uma dieta balanceada, amenizara estes efeitos.

Dor

A quimioterapia pode causar dor, para algumas pessoas, incluindo feridas na boca, dores de cabeça, dor muscular, dor de estômago e lombalgias, e outras dores. Procure sempre comunicar o médico, pois ele te ajudará a amenizar estes sintomas.

Perda de apetite

As pessoas que recebem quimioterapia podem comer menos do que o habitual, não sentir fome, ou se sentir satisfeitas depois de comer apenas uma pequena quantidade. Uma contínua perda de apetite, ou a diminuição do paladar ou mesmo o gosto metálico pode levar à perda de peso. Entretanto pode ficar mais complicado para o organismo se recuperar após a quimioterapia.

Perda de cabelo

Os pacientes que recebem a quimioterapia podem perder o cabelo por todo o corpo, gradualmente. O renascimento dos cabelos ocorre geralmente de 1 a 3 meses após início da terapia de manutenção ou após o fim da quimioterapia intensiva.

Efeitos colaterais a longo prazo

Muitos efeitos colaterais da quimioterapia desaparecem no final do tratamento. No entanto, alguns podem persistir, retornar, ou surgirem mais tarde.

Conclusão

Concluindo, devemos ter sempre em mente que o tratamento é desafiador, porém nos promove a possibilidade de cura, controle e até uma qualidade melhor de vida em relação ao diagnóstico.

No dia que você for realizar a quimioterapia, procure tomar os medicamentos de uso contínuo, comunique qualquer alteração com o seu médico, pois ele te ajudará a amenizar os sintomas pós quimioterapia.

Aspectos psicológicos do enfrentamento do câncer

Palestra da Psicóloga Daniele A. G. do Carmo

O diagnóstico de uma enfermidade, o processo de adoecimento e tratamento geralmente vem acompanhados de diversos tipos de perdas que são vivenciadas pelo paciente: a perda da saúde, a perda do emprego, a perda da autonomia, a perda da rotina habitual são alguns exemplos que podemos mencionar.

Receber um diagnóstico de câncer pode ser altamente estressante e assustador em um primeiro momento, por este motivo espera-se que o paciente vivencie ao longo do tratamento um conjunto de reações emocionais que merecem ser observadas e compreendidas por toda a equipe de saúde. Nesse contexto, o acompanhamento psicológico torna-se uma importante ferramenta de suporte e enfrentamento tanto para o paciente quanto para seus familiares.

As reações emocionais mencionadas acima são divididas em cinco estágios, não necessariamente ocorrem na mesma ordem ou são todas vivenciadas, mas espera-se que pelo menos duas delas sejam experimentadas durante o processo de adoecimento. Cabe ressaltar que os familiares também podem vivenciar estas reações emocionais ao longo do tratamento. São elas:

1) Negação: recusa em aceitar o diagnóstico mediante a realidade da enfermidade;

2) Raiva: comportamento agressivo e de revolta por estar doente, frustração e irritabilidade;

3) Barganha: tentativa de “negociar” a cura com a equipe médica, com os amigos e até com forças divinas em troca de promessas, acordos, sacrifícios;

4) Depressão: a perspectiva de morte é sentida frente a impossibilidade de negar os acontecimentos. O paciente apresenta sinais de humor deprimido como desesperança, retraimento.

5) Aceitação: aceitação da experiência do adoecimento.

Em resumo, o acompanhamento psicológico é fundamental durante o tratamento oncológico, seja para compreender melhor as reações emocionais mais comuns ou para obter suporte e desenvolvimento de recursos de enfrentamento mediante o contexto da enfermidade.

Atividade física e bem estar

Fisioterapeutas Sheila RibeiroE Rosana Soares E.S. Lima

O exercício físico orientado é um grande aliado para pacientes com câncer e auxilia na redução do risco de câncer de mama e de cólon, próstata pulmão endométrio, estômago, fígado e rim.

Efeitos terapêuticos

• Melhora a fadiga oncológica;

• Melhora a qualidade de vida;

• Auxilia o controle de peso que influencia a disponibilidade hormonal e a carcinogênese;

• Contrapõe o efeito da depleção hormonal sobre o sistema musculoesquelético.

Dicas para manter a qualidade de vida

• Realize atividades diárias;

• Satisfação do paciente com seus níveis de funcionalidade;

• Estratégias: tem se evidenciado na literatura os efeitos positivos da atividade física na qualidade de vida;

• Atividade física, quando realizada de maneira regular, vem demonstrando ser um opositor aos efeitos deletérios do tratamento;

• Resultando em uma melhoria das capacidades cardioventilatória e funcional. Essas melhorias ocorrem não somente com intervenções após os tratamentos para o câncer, mas também durante os mesmos.

Recomendações

• Seja moderadamente ativo fisicamente;

• Realize uma caminhada acelerada por no mínimo 30 minutos todos os dias;

• À medida que seu condicionamento físico melhorar procure exercitar-se moderadamente por 60 minutos ou maisou por 30 minutos ou mais, de atividade física vigorosa todos os dias;

• Limite hábitos sedentários tais como assistir à televisão.

Prevenção do câncer

Palestra da Dra. Patrícia Massae Marubayashi

O câncer é considerado uma doença devastadora, porem há muitos mitos a respeito desta patologia que é muito complexa.

Em primeiro lugar e o mais interessante é que pode ser evitado o desenvolvimento das células malignas com medidas que tem um grande impacto no diagnóstico precoce e aumento significativo nas chances de cura com medidas simples que podem ser solicitadas por médicos clínicos gerais.

Basta seguir um roteiro de recomendações de exames que devem ser feitos com periodicidade e a partir de determinada idade. Esses exames são de custo baixo e muito nos auxiliam no diagnóstico precoce de alguns tumores.

Exames que podem ser solicitados para diagnóstico precoce de câncer em homens e mulheres:

A solicitação do exame de citologia oncótica de papanicolau, em mulheres com atividade sexual a cada dois anos para a prevenção e diagnóstico precoce do câncer do colo uterino, pois 99% desses tumores estão relacionados à infecção pelo vírus HPV Papiloma Vírus Humano, que pode ser tratado antes de se transformar em câncer.

Deve ser realizado em todas as mulheres após iniciar a atividade sexual, e ser repetido a cada ano ou no máximo a cada 2 anos.

É muito simples e colhido em postos de atendimento ginecológico, podendo ser colhido por um técnico.

Mamografia, que deve ser solicitado para mulheres a partir de 35 anos e deve ser anual em mulheres com parentes de primeiro grau (mãe, irmãs e filhas) que tiveram câncer de mama e a cada dois anos em mulheres que não tem parentes com câncer de mama.

Colonoscopia, que deve ser realizado a partir dos 50 anos. Deverá ser anual para as pessoas que tem parentes de primeiro grau com câncer de intestino (principalmente com idade jovem) e a cada 5 anos para quem não tem parentes com câncer de intestino.

O exame do toque da próstata deve ser feito em homens a partir de 50 anos, ou em homens que apresentem alteração no jato urinário.

A dosagem do PSA também auxilia na pesquisa dos pacientes com potencial de desenvolvimento de câncer de próstata, pois valores altos este exame podem ser um sinal de alerta de câncer de próstata que geralmente é assintomático.

O outro tumor não tem prevenção, exceto os tumores de pulmão onde 80% das pessoas que tem câncer de pulmão são fumantes, então o fato de não fumar, ou parar de fumar é um fator de prevenção do câncer de pulmão.

E o câncer de pele que pode ser prevenido com o cuidado na exposição a radiação solar, lembrando sempre que a exposição ao sol a partir de 10 horas é muito nociva e o uso de filtro solar fator 30 diariamente previne a formação de lesões na pele que podem se transformar em câncer de pele.

* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro