Envelhecimento: importante fator de risco para o câncer
São Paulo - O envelhecimento tem sido amplamente discutido pela sociedade, pois tanto na consideração econômica como médica teremos que nos preparar para os eventos esperados nesta fase da vida. Hoje é um novo desafio em Saúde Pública.
Os idosos apresentam um risco para o desenvolvimento de câncer pela própria fisiopatologia do envelhecimento, com as múltiplas possibilidades de danos no DNA das células expostas por longos períodos da vida a agentes potencialmente cancerígenos.
Mas não é simplesmente o fato de envelhecer que aumenta a probabilidade de desenvolvimento do câncer.
Tal qual os determinantes do envelhecimento que são os fatores genéticos, ambientais e de estilo de vida que também influenciam no desenvolvimento dos tumores em idosos.
O fator genético tem influência maior durante a vida, sendo na idade avançada determinante de fatores principalmente relacionados com a manutenção da capacidade funcional e autonomia do idoso.
Os fatores de maior importância e que podem ser tratadas durante a vida são os fatores ambientais e o estilo de vida.
Importante ação como a conscientização do fumo teve impacto extremamente positivo na redução da incidência de tumores relacionados ao habito de fumar como os tumores de pulmão, boca e cavidade oral e bexiga em idosos.
Os fatores ambientais de maior impacto são por exemplo, a exposição a luz solar, que aumenta muito a probabilidade de câncer de pele.
O envelhecimento é um fator de risco para o desenvolvimento do câncer, uma das teorias é baseada no desiquilíbrio de dois tipos de genes que temos, que se equilibram durante a vida para controle do crescimento celular.
Temos genes que estimulam o crescimento das células – oncogêneses e genes que inibem a divisão celular – genes inibidores de tumores.
De uma forma muito simples para podermos entender, há um equilíbrio entre esses dois genes, e quando um desses genes está alterado, ocorre o início da divisão celular, ocorrendo a formação de um tipo de tumor.
Como o envelhecimento é multifatorial com influência mais marcante de fatores genéticos e do ambiente, os mecanismos genéticos são modulados através da manutenção do reparo das células e com o tempo vão surgindo genes específicos do envelhecimento.
Muitas funções celulares vão diminuindo com o avançar da idade, um exemplo disso é a menopausa na mulher, onde o envelhecimento leva a exaustão da liberação dos óvulos pelo ovário e com a falta do estimulo hormonal, os órgãos sexuais femininos tendem a atrofiar no decorrer da idade avançada.
Na nossa estrutura celular temos no DNA uma porção que se chama telomero.
O telomero vai reduzindo conforme a célula vai se dividindo e na idade avançada o telomero das nossas células está bem reduzido e desta forma as células ficam mais suscetíveis a formação de tumores.
Outro fator a se considerar é o envelhecimento do Sistema Imunológico, que também envelhece por múltiplos mecanismos e fica incompetente para nos defender de agentes cancerígenos.
A deficiência nutricional também influencia neste processo, levando a uma piora da situação em relação a defesa de nosso organismo.
Um dos tipos de tumores mais frequentes nos idosos e que pode ser evitado é o Câncer de Pele não Melanoma:
A Sociedade Brasileira de Dermatologia alerta que o câncer de pele, tipo de câncer mais comum no Brasil, tornou-se um problema geriátrico.
De acordo com a entidade, há cada vez mais casos de câncer não-melanoma entre pessoas com mais de 70 anos.
Saiba como reconhecer as principais lesões e procure um dermatologista:
Queratose actinica – lesões superficiais com área inflamatória avermelhada recoberta por uma camada de queratina(casquinha clara ou escura)
Carcinoma Basocelular – lesão tipo tumoral, bem delimitada, geralmente avermelhada, indolor e de crescimento lento.
Carcinoma Espinocelular – lesão tipo ulcerada, com formação de uma feridinha que não cicatriza e geralmente ocorre em áreas expostas a luz solar.
Cresce rápido e pode se espalhar para outros locais.
Esse tipo de lesão é o mais grave dos tumores de pele não melanoma, principalmente nos idosos.
E a prevenção é o fator mais importante.
Homens a partir dos 45 anos devem procurar auxilio médico para avaliar exames de rastreamento para câncer de próstata.
Mulheres devem se prevenir anualmente contra o câncer de mama, através da mamografia (a partir dos 40 anos), e do câncer de colo uterino, através do exame ginecológico de citologia Oncótica de Papanicolau.
O rastreamento para o câncer de intestino deve ser indicado a partir dos 50 anos, para homens e mulheres, com exame de colonoscopia.
Fontes pesquisadas:
-Arq Med ABC, vol. 30, jan/jun 2005
-Journal of Clinical Oncology
-Revista Brasileira de Cancerologia 2013; 59(4): 555-557
-Rev. bras. enferm. vol.62 no.4 Brasília July/Aug. 2009
* A Dra. Silvia Regina Graziani, CRM 56925, é Medica Oncologista Clinica, com título de especialista em Cancerologia (1992). Residência Médica: Hospital do Câncer A. C. Camargo. Mestrado e Doutorado pela Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo. Médica do Instituto do Câncer Arnaldo Vieira de Carvalho – IAVC, São Paulo.