As histórias e curiosidades por trás de 5 bairros que cresceram junto de São Paulo - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
05/09/2014 - 16h47m

As histórias e curiosidades por trás de 5 bairros que cresceram junto de São Paulo

Agência Hoje 
Reprodução
São Paulo
São Paulo
  • Santana, na Zona Norte da cidade.
  • Brás, no Centro da cidade.
  • Pinheiros, na Zona Oeste da cidade.
  • Penha, na Zona Leste da cidade.
  • Igreja da Penha.
  • Vila Mariana, na Zona Sul da cidade.
  • Palacete Baruel
  • Parque da Juventude

São Paulo (Agência Hoje/Gabriel Grunewald) – Com milhões de pessoas e diversos distritos, São Paulo têm em sua formação bairros que são símbolos das mudanças ocorridas na cidade. Como alguns bairros cresceram junto com ela, sua trajetória se confunde com a do município, ajudando a explicar e entender as mudanças ocorridas em São Paulo.

A Agência Hoje separou cinco bairros que, com suas singularidades e os seus rumos, ajudam a entender um pouco melhor essa cidade, cheia de personagens e histórias que valem a pena serem contadas.

BRÁS - CENTRO

A origem do bairro está ligada ao português José Brás, proprietário de uma chácara na região e construtor da Igreja do Senhor Jesus de Matosinhos, um importante pólo de habitação daquela área no tempo em que os povoados surgiam ao redor de igrejas. Esse pequeno povoado era conhecido como “paragem do brás”, que recebeu esse nome pois era um ponto de descanso para os que transitavam na estrada da Penha.

Em 1818, o Brás foi oficializado como freguesia e a igreja construída por José Brás passou a ser a sua matriz. Mesmo o Brás já sendo formalmente um bairro, ele ainda era despovoado, muito em função das inundações do rio Tamanduateí que dificultavam a construção de moradias.

Por ser um local de chácaras e da importante estrada da Penha, era notória a disparidade de construções, com os casarões dos donos de chácaras ao lado de casebres dos mais humildes que eram obrigados a morar ao lado do caudaloso rio. Ao fim do século XIX chegam os trilhos da São Paulo Railway e o Brás começar a ter a cara que se conhece hoje.

Ao lado da ferrovia foram sendo criadas as indústrias, casas dos operários e os pequenos comércios. Por ser um terreno alagadiço, os imóveis eram baratos e imigrantes mudaram-se em massa para lá.

Durante o século XX, o bairro foi palco de muitas ondas de imigração. Primeiro vieram os europeus. A partir dos anos 40 chegaram os migrantes nordestinos e em meados dos anos 80 desembarcaram migrantes de países da América Latina.

O bairro que começou sua história ao redor de uma igreja viu seu destino mudando quando a ferrovia foi instalada em suas terras. A partir daí, ele se desenvolveu nos seus arredores, facilitando a chegada de milhões de pessoas que vieram tentar a sorte, seja em fábricas ou no comércio popular.

VILA MARIANA – ZONA SUL

A vila foi uma concessão de sesmaria à Lázaro Rodrigues Piques em 1782, situando suas terras entre o Rio Ipiranga e a estrada do Cursino. O nome Vila Mariana só veio em 1864 quando o coronel Carlos Eduardo Paula Petit fundiu os nomes de sua esposa Maria e da sua sogra Anna. Carlos Eduardo foi um dos homens mais importantes da região, eleito vereador e alçado à função de juiz de paz pelos moradores que necessitavam de auxílios e resoluções.

Em 1887 começou a funcionar o Matadouro Municipal (Atual Cinemateca Brasileira), construção que impulsionou o povoamento de toda a região. A vinda do Matadouro, ponto central de diversas rotas de estradas, ajudou na instalação oficinas de Ferro Carril, na Rua Domingos de Morais, e da fábrica de fósforos. Também foi criada a Escola Pública Dona Maria Petit destinada aos funcionários das novas fábricas.

No ano de 1891, com o crescimento do bairro José Antônio Coelho loteou a antiga “Chácara Boa Vista”, abrindo vias que vieram, posteriormente, a serem chamadas: Humberto I, Rio Grande e Álvaro Alvim – sendo esse o primeiro projeto de residencialização do bairro.

No início do século XX foram construídas muitas casas em estilo modernista. Desenhadas pelo arquiteto Gregori Warchavchik, a mais notória, a Casa da Rua Santa Cruz, 325 chegou a ser tombada. Com o avanço industrial e o povoamento da região, ainda foi criado o Instituto Biológico que tinha como objetivo controlar pragas e criar uma instituição de estudos aos moldes do Instituto Oswaldo Cruz.

O bairro que foi nomeado a partir de uma junção de nomes é hoje um quadro vivo das mudanças da cidade aliadas ao seu passado. Casas antigas ao lado de faculdades, largas avenidas próximas a ruas sem saída, moradores simples convivendo com habitantes de duplex, enriquecendo e colorindo as nuances desta antiga Vila.

PENHA – ZONA LESTE

A Penha é um dos bairros mais antigos de São Paulo e seu desenvolvimento é intrinsecamente ligado com a religiosidade. Sua primeira referência oficial ocorre quando, em uma petição, Mateus Nunes de Siqueira obtém uma sesmaria do capitão-mor Agostinho de Figueiredo no dia 5 de setembro de 1668.

Alguns anos depois a sesmaria passa ao nome do Padre Jacinto Nunes, que provavelmente, alcançou essa posição por ser filho ou irmão de Mateus Nunes (infelizmente faltam documentos que precisem o vínculo genealógico).

Desde seu início, a Penha tem forte envolvimento com a religião, seu nascimento é contado através de uma lenda que faz parte da história local. Diz o conto que um francês, católico fervoroso, seguia viagem de São Paulo ao Rio de Janeiro carregando uma imagem de Nossa Senhora. Para descansar do longo trajeto ele pernoitou no alto de uma colina, ainda sem nome. No dia seguinte ao retomar seu caminho deu falta da imagem, e, assustado, tratou de retornar para buscar a imagem. Foi então que ele encontrou a estátua de Nossa Senhora quando subiu o alto da colina.

O francês pegou a imagem e seguiu caminho, porém na outra noite, ao dormir em outro local perdeu novamente a imagem, e, depois de muito procurar, ele a encontrou, parada no mesmo lugar do dia anterior, no topo daquela colina. O devoto católico interpretou que a vontade da Santa era permanecer no alto daquele monte, que foi nomeado de Penha, e significa penhasco, rocha, rochedo.

Naquela colina chamada de Penha construíram a Igreja de Nossa Senhora da Penha de França, finalizada em 1667. Um século depois foi promovida a paróquia na região e, por ser uma importante zona de passagem para os viajantes que se deslocavam entre São Paulo, Vale do Paraíba e Rio de Janeiro, ela cresceu rapidamente, sempre ao redor de sua igreja matriz, à beira da colina da Penha.

PINHEIROS – ZONA OESTE

Pinheiros é um dos primeiros bairros de São Paulo, tendo em sua gênese a forte influência portuguesa e também indígena – que utilizavam o bairro como uma rota em seus caminhos. Historiadores defendem que jesuítas se instalaram no planalto em 1560, às margens do rio Pinheiros. A área fazia parte de uma imensa sesmaria doada por Martim Afonso de Sousa a Pero de Góis, se estendendo do Butantã à cabeceira do riacho da Água Branca.

O nome do bairro provavelmente é devido à grande ocorrência de araucárias por aquelas terras. Em 1584 a sesmaria passou a pertencer a Fernão Dias, bandeirante que foi responsável pela expulsão provisória dos jesuítas por não concordar com a catequização em detrimento da escravização do gentio.

A vila por estar assentada em um estreitamento das margens do rio Pinheiros, sempre foi uma importante travessia, tornando-se trecho obrigatório de diversas trilhas que cruzavam a região, fossem indígenas ou bandeirantes. Um dos acessos mais utilizados era conhecido como Caminho de Pinheiro, e atualmente corresponde à Rua da Consolação.

Durante muito tempo Pinheiros foi apenas um local de passagem dos viajantes. O cenário mudou no momento em que o ciclo do café tomou forma em São Paulo. Ao final do século XIX o bairro recebeu um bom número de imigrantes italianos, e posteriormente foram para lá muitos japoneses – a grande maioria em busca de trabalho na lavoura.

Por volta de 1920 o bairro já conta com uma classe média local e começam a ser abertas as primeiras lojas e indústrias. Nessa época é fundada a Sociedade Hípica Paulista que atestava o intenso movimento das classes mais abastadas pelo bairro. No ano de 1944 em uma parceria entre o Estado de São Paulo e a fundação Rockfeller, são fundados as referenciais: Faculdade de Medicina e Cirurgia de São Paulo e o Hospital das Clínicas.

Devido à consolidação de São Paulo como o maior centro econômico e financeiro do país, o distrito de Pinheiros viu uma mudança drástica em suas ruas. Um bairro tipicamente de classe média passou a ser alvo da elite mais rica de São Paulo, em função de sua infraestrutura e localização central da cidade, que até hoje é uma das mais importantes rotas por quem passa pela cidade e quem escolhe aqui para morar.

SANTANA – ZONA NORTE

Santana é o núcleo precursor de povoamento ao norte do Rio Tietê. O bairro que fica no caminho de Atibaia e Minas Gerais foi por muitos anos conhecido como Fazenda Tietê ou Guaré. A região melhorou e teve o estabelecimento de alguns campos de plantação e criação de animas por meio dos padres jesuíticos que catequizavam os índios locais.

A simples fazenda, com o auxílio dos jesuítas e indígenas teve muitas reformas, passando a ser a mais importante do Colégio de São Paulo. Ela abrangia desde o Jardim da Luz até Mairiporã, porém com as determinações do Marques de Pombal os jesuítas foram expulsos do Brasil e a grande faixa de terra seria agora administrada pela Coroa.

Em 1887 a Coroa havia doado sesmarias a 130 beneficiários e o pequeno núcleo agricultor ergueu a Paróquia de Sant´ana, no alto do principal morro. Devido às constantes cheias do Rio Tietê, a expansão foi lenta. Mesmo sendo uma área de risco; personalidades destacadas como Francisco Antônio Baruel mudaram-se para lá, chegando a construir um palacete que tempos depois seria um orfanato.

A região só começou a se desenvolver de fato quando o Governo iniciou as obras de captação de água na Serra da Cantareira e construiu uma pequena linha férrea que transportava operários e matéria prima.

Inicialmente os trilhos passavam por toda Avenida Santana, atual Cruzeiro do Sul. Em seguida eles foram expandidos, chegando até Guarulhos. Além de facilitar o acesso, a ferrovia funcionou até 1965 e auxiliou a acelerar o crescimento do bairro.

Em 1975 foram estreadas as estações Santana, Carandiru e Tietê do metrô, o Terminal de Ônibus e também uma eficiente rede de trólebus que atingiam grande parte do novo bairro. Com todas essas comodidades, a explosão comercial foi inevitável e padrões de casas mudaram e diversos comércios abriram em suas ruas.

Atualmente o bairro é arborizado e bem planejado. Pontos problemáticos de seu entorno como, por exemplo, o Carandiru, foram reformados e hoje a área que era uma antiga penitenciária se transformou no Parque da Juventude, importante pólo para a prática de esportes que conta com biblioteca e intensa agenda cultural.

O bairro de expansão recente tem disparidades em sua formação. O centro é repleto de comércios populares, casas deterioradas e população mais simples, todavia, está localizado logo ao lado do Alto de Santana, área nobre e verticalizada do bairro que sofre uma grande especulação imobiliária.

As diferenças percebidas em Santana expressam um pouco o que é São Paulo. Muitos lugares e personagens que divergem em centenas de aspectos buscam (e encontram) uma forma de conviver no mesmo espaço, que já foi habitado por índios, jesuítas, portugueses, imigrantes europeus e nordestinos, e por fim formam, através de todas essas misturas, o paulistano.

SERVIÇO

Cinemateca Brasileira

Endereço: Largo Senador Raul Cardoso, 207

Telefone: (11) 3512-6111

Site: http://www.cinemateca.gov.br/

Igreja Nossa Senhora da Penha

Endereço: Praça Nossa Senhora da Penha

Telefone:(11) 2091-8194

Horário de Funcionamento: Segunda a Sexta, das 7h às 18h. Sábado das 9h às 13h.

Sociedade Hípica Paulista

Endereço: Rua Quintana, 206

Telefone: (11) 5504-6100

Site: www.shp.org.br

Hospital das Clínicas da Faculdade de Medicina da Universidade de São Paulo

Endereço: Avenida Doutor Enéas de Carvalho Aguiar, 25

Telefone: (11) 2661-0000

Palacete Baruel

Endereço: Rua Voluntários Da Pátria, 2741

Parque da Juventude

Endereço: Av. Cruzeiro do Sul, 2630 – Carandiru, São Paulo – SP, 02030-100

Telefone: (11) 2251 2706

Horário de Funcionamento: De segunda a domingo, das 6h às 18h

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