Bento XVI celebra missa de Quinta-feira Santa dedicada à Síria - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 28/03/2024
 
05/04/2012 - 22h12m

Bento XVI celebra missa de Quinta-feira Santa dedicada à Síria

Agence France Presse 
©AFP / Alberto Pizzoli
O Papa se prepara para o ritual do lava-pés durante missa da Quinta-feira Santa, na basílica São João de Latrão, em Roma
O Papa se prepara para o ritual do lava-pés durante missa da Quinta-feira Santa, na basílica São João de Latrão, em Roma

ROMA (AFP) - O Papa Bento XVI celebrou a missa de Quinta-feira Santa pedindo aos cristãos que "se ajoelhem" perante Deus para melhor resistir ao "poder do mal", durante uma cerimônia cujas oferendas serão enviadas aos refugiados sírios, vítimas do conflito no país.

Durante esta missa solene, celebrada na Basílica São João de Latrão, o Sumo Pontífice seguiu a tradição lavando os pés de doze padres da diocese de Roma, como Cristo fez com seus apóstolos durante a Última Ceia, antes de sua prisão e crucificação.

O Papa, que fará 85 anos em 16 de abril e acaba de retornar de uma cansativa viagem apostólica a México e Cuba, convidou os católicos a se ajoelharem perante Deus para rezar.

Durante sua Paixão, "Jesus rezou de joelhos. Os cristãos, ao se ajoelharem, entram na prece de Jesus no Monte das Oliveiras. Perante a ameaça do poder do mal, eles, porque se ajoelham, ficam eretos perante o mundo", insistiu.

Mais cedo, durante a solene "Missa Crismal" celebrada na Basílica de São Pedro, a primeira da Quinta-Feira Santa, o Papa condenou os apelos à desobediência, tais como os lançados na Áustria pela ordenação de mulheres. O pontífice considerou que esta atitude constitui um "impulso desesperado" e não o caminho para a renovação de uma Igreja que está "em uma situação dramática".

"Recentemente, um grupo de sacerdotes de um país europeu fez um apelo à desobediência, também deram exemplos concretos de como expressar essa desobediência", relatou o Papa para os 1.600 cardeais, bispos e padres presentes.

Esta contestação, afirmou, é a favor da ordenação de mulheres. Sobre isso, "João Paulo II já havia declarado, de maneira irrevogável, que a Igreja não recebeu qualquer autorização do Senhor para tanto".

O Papa respondeu ao movimento austríaco "Iniciativa dos padres", que fez em junho de 2011 um "apelo à desobediência religiosa" e um pedido por reformas na Igreja. Este movimento sempre foi muito bem recebido pelos fiéis e clero austríaco e em outros lugares.

"A desobediência é um caminho de renovar a Igreja?", perguntou o Papa, antes de contestar: "O que é necessário é uma configuração a Cristo, e assim, necessariamente, uma renúncia da alardeada auto-realização".

"Mas como deve ser feita esta configuração a Cristo na situação dramática vivida pela Igreja hoje?", questionou o Papa, que reconheceu certa sinceridade nos esforços desses reformista.

"Queremos acreditar que os autores deste apelo são motivados por sua preocupação com a Igreja, convencidos de que temos de enfrentar a lentidão das instituições por medidas drásticas para abrir novos caminhos".

"Mas será que está correto agir com o ímpeto desesperado de transformar a Igreja de acordo com desejos e ideias pessoais?" - questionou.

Segundo Bento XVI, o próprio Cristo havia "corrigido tradições humanas que ameaçavam sufocar a palavra e a vontade de Deus", opondo-se aos sacerdotes judeus de sua época. Mas ele fez isso "para despertar a verdadeira obediência à vontade de Deus".

O Papa negou que a Igreja Romana queira "defender o status quo, o endurecimento da tradição", referindo-se ao Concílio Vaticano II (1962-1965), que marcou a abertura da Igreja ao mundo moderno.

"Não! Quem olha a história da época pós-conciliar é capaz de reconhecer a dinâmica da verdadeira renovação, que frequentemente toma formas inesperadas em um movimento cheio de vida", disse.

Durante a missa, que é uma oportunidade dos padres renovarem a sua fidelidade à Igreja, o Papa estimulou todos à excelência e a não serem meros servos da Igreja: os fiéis "nunca devem ter a sensação de que cumprimos o nosso cronograma de trabalho, mas que antes e depois nos preocupamos com nós mesmos".

"Um padre nunca pertence a si mesmo", concluiu.

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