Cachoeira mandou sequestrar comparsa, diz delegado da Polícia Federal na CPMI - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 27/04/2024
 
10/05/2012 - 01h33m

Cachoeira mandou sequestrar comparsa, diz delegado da Polícia Federal na CPMI

Folhapress/Andreza Matais e Rubens Valente 

BRASÍLIA, DF (Folhapress) - No depoimento sigiloso à CPI do Cachoeira, o delegado Raul Alexandre Souza revelou uma faceta violenta do grupo de Carlinhos Cachoeira, citando "uma ampla sorte de crimes de natureza grave". Segundo o delegado, Cachoeira mandou sequestrar e grampear pessoas do seu grupo para punir traições.

A reportagem teve acesso ao áudio integral do depoimento do delegado à comissão. A sessão foi reservada.

"Em 19 de abril de 2009 um determinado funcionário foi sequestrado e mantido em cárcere privado em razão de desconfiança de Carlos Cachoeira de fraudes no recolhimento de máquinas caça níqueis", afirmou.

Conforme o delegado, os executores do crime foram o policial militar Jairo Martins de Sousa e o terceiro sargento da Aeronáutica Idalberto Martins de Araujo, o Dadá. "Ambos ligados a atividades de inteligência de suas corporações." A reportagem não os localizou ontem para comentar o assunto nem seus advogados.

Dadá, afirmou o delegado, "chega a mencionar em ligação telefônica que trabalhava para Cachoeira há mais de dez anos", o que comprovaria a relação profissional entre os dois. Esses fatos, informou o delegado na CPI, podem configurar ameaça, sequestro e cárcere privado e lesão corporal.

O delegado relatou ainda que após um assalto a casa de um de seus gerentes, Cachoeira "faz contatos, entre outros, com delegado da Polícia Civil e orienta as investigações visando identificar os assaltantes" e "se empenha junto a comparsas que exercem cargos públicos para quebra de sigilo funcional de seus próprios funcionários com o intuito de verificar se algum deles pode ter envolvimento no assalto". O delegado afirmou que trata-se de violação criminal a lei de interceptação telefônica.

O senador José Pimentel (PT-CE) questionou o delegado sobre o sequestro. "Dadá e Jairo abordam um funcionário e o Cachoeira manda dar uma prensa, dar um pescoção nele. A gente temeu muito pela vida dele", detalhou o delegado. Conforme o delegado, o funcionário foi solto porque uma pessoa próxima a Cachoeira interfere "e consegue garantir a integridade desse funcionário que foi sequestrado".

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro