Campanha de combate ao escalpelamento é lançada no Pará para alertar a população - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 18/04/2024
 
24/08/2015 - 10h37m

Campanha de combate ao escalpelamento é lançada no Pará para alertar a população

Agência Brasil/Graziele Bezerra  

Brasília - Começa nesta segunda-feira (24) e vai até sexta-feira (28), no Pará, uma campanha de combate ao escalpelamento – que ocorre quando as vítimas têm cabelos, orelhas e outras partes do rosto arrancados quando os cabelos se enroscam no eixo dos motores das embarcações durante o transporte em rios. A mobilização quer alertar a população ribeirinha sobre os riscos desse acidente, comum na região amazônica.

Entre as ações da campanha, a promotora de Justiça Suely Catete, da Comissão de Erradicação dos Acidentes com Escalpelamento no Pará, destaca o trabalho direcionado aos barqueiros, para incentivar a cobertura do eixo do motor das pequenas embarcações.

Segundo ela, a Marinha fornece essas coberturas de forma gratuita. "Só que, infelizmente, muitos não aceitam ou aceitam e depois retiram porque acham que dificulta a retirada de água nas pequenas embarcações.

O escalpelamento ocorre quando o eixo de um barco, em rotação, enrosca os cabelos de uma pessoa, arrancando-os bruscamente. Em muitos casos, além de ter os cabelos arrancados, a vítima sofre lesões nas orelhas e sobrancelhas. Segundo a promotora, só no primeiro semestre de 2015 o Pará registrou seis acidentes como esse.

"A última ou a penúltima vítima foi uma criança, a avó estava sentada perto do motor e resolveu deitar a cabeça da criança com o cabelo solto. Aí achou que nunca ia acontecer. Esse é o grande problema: as pessoas acham que nunca vai acontecer", disse Suely.

Há quatro anos, a assistente social Maria Cristina dos Santos apoia uma organização não governamental que atende a ribeirinhos vítimas de acidentes com motor, a Orvam. Para ela, o maior problema enfrentado pelas mulheres escalpeladas é o preconceito.

"Às vezes, os familiares abandonam essas mulheres, essas crianças. Há maridos que abandonaram suas mulheres, namorados que abandonaram as namoradas. Aquela mulher já passou por uma situação tão delicada e ainda foi abandonada pela família, que não teve estrutura emocional para superar junto com a mulher esse problema. isso é o mais dolorido", explicou.

A Orvam recebe doações de cabelos para a confecção de perucas, que são repassadas exclusivamente a mulheres vítimas de escalpelamento. As doações podem ser enviadas à sede da Orvam, na Avenida João Paulo Segundo, Lote 134, Bairro Castanheira, em Belém, no Pará.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro