Luanda, Angola (Agência Hoje Internacional) - Cerca de três mil famílias de camponeses que ocupavam a área onde está sendo construído o novo aeroporto de Luanda, encaminharam memorando ao ministro dos Transportes, Augusto da Silva Tomás e ao governador Bento Francisco Sebastião, pedindo para serem incluídos em um programa de realojamento.
O grupo relata que desde 2005, quando a área foi ocupada por uma companhia chinesa, encarregada de executar as obras do aeroporto, estão sem lugar fixo para morar. Alegam que teriam perdido plantações de mandioca e outras culturas de subsistência. Também não foram aproveitados na obra como empregados.
Segundo os camponeses, no início da construção, o então ministro dos Transportes, André Luís Brandão, teria garantido que todos eles seriam amparados. "Prometeram boas condições de vida, realojamento da população, indenização das duas lavras e garantia de emprego para os mais jovens. Nada disso foi feito nesses anos todos", aponta um deles.
O documento aponta também que todas as residências construídas em alvenaria foram destruídas pela construtora chinesa e as de madeira, queimadas. Pedidos de ajuda dirigidos à administração municipal de Icolo e Bengo não tiveram resposta, o que está gerando uma grande insatisfação.
Na administração municipal de Icolo e Bengo, assessores informaram que "não existe nenhuma irregularidade com os proprietários dos terrenos onde está sendo construído o novo aeroporto", mas que há uma comissão integrada por funcionários do Ministério dos Transportes, Casa Militar da Presidência da República, Governo de Luanda e Administração Municipal de Icolo e Bengo, trabalhando no processo de realojamento dos camponeses".
De acordo com os administradores, "eles estão sendo indenizados aos poucos e não é verdade que sejam mais de três mil os cidadãos à espera de indenização, nesse meio há muitos aproveitadores". Há indicações de que até agora apenas 30 famílias foram realojadas e receberam indenização de acordo com as benfeitorias que possuiam antes.
Há reclamações também em relação a maneira como são tratados pelos chineses que trabalham no aeroporto. "Alguns populares vivem em um lugar que foi cercado pela construtora e ficaram impedidos de circular livremente", conta o documento encaminhado ao ministro e ao governador. "Muitas vezes são revistados, acusados e humilhados", afirmam.