Candidatura de Marina ganha mais apoio político, mas PSB diz que decisão só após enterro - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
15/08/2014 - 08h39m

Candidatura de Marina ganha mais apoio político, mas PSB diz que decisão só após enterro

Agência Hoje* 
Agência Brasil/Arquivo
Eduardo Campos e Marina em foto do dia em que os dois foram apresentados como candidatos a presidente e vice
Eduardo Campos e Marina em foto do dia em que os dois foram apresentados como candidatos a presidente e vice

Recife (Agência Hoje*) - Depois da declaração enfática do advogado Antonio Campos, irmão de Eduardo Campos, favorável a candidatura de Marina Silva à Presidência da República, outros membros da família, lideranças políticas e eleitores de vários Estados também se manifestaram, a maioria defendendo a mesma posição.

Analistas políticos avaliaram nesta quinta-feira, 14, que Marina Silva tem todas as chances de alcançar entre 16% e 18% das intenções de voto já nas pesquisas que serão realizadas no período de 18 a 21 de agosto. O aumento em relação aos 9% obtidos por Eduardo Campos nos últimos levantamentos, ocorreria por conta da emoção do público que acompanha as notícias sobre a morte do candidato e também do prestígio pessoal de Marina.

A postura dela após a morte de Eduardo Campos, demonstrando emoção e sentimento verdadeiro em várias ocasiões, de acordo com os mesmos analistas, contribuem para criar um clima de simpatia. "Apesar das posições que ocupou, como ministra do Governo Lula e depois como candidata com 20 milhões de votos, Marina sempre foi uma pessoa simples, humilde, e isso conta muito".

Para Antonio Campos, o fato de o irmão Eduardo ter escolhido Marina como candidata a vice-presidente na chapa do PSB, leva a constatação de que ela deve ocupar a cabeça da chapa naturalmente. "Estou certo de que esta é a decisão correta a ser tomada e seria apoiada por Eduardo, seria a vontade dele".

Na tarde desta quinta-feira, 14, Antonio Campos reiterou os termos da carta divulgada dias atrás e demonstrou que acompanhava de perto os passos do irmão na política. Advogado e escritor, ele afirmou que a sua opinião é pessoal, mas que fará a defesa dela logo que o Diretório Nacional do partido abrir as discussões em caráter oficial.

Veja o que disse Antonio Campos na carta aberta:

"Como filiado ao PSB, membro do Diretório Nacional com direito a voto, neto mais velho vivo de Miguel Arraes [ex-governador de Pernambuco], presidente do Instituto Miguel Arraes - IMA - e único irmão de Eduardo, que sempre o acompanhei em sua trajetória, externo a minha posição pessoal que Marina Silva deve encabeçar a chapa presidencial da coligação Unidos Pelo Brasil liderada pelo PSB",

Decisão Depois

Legalmente, o PSB tem prazo até o dia 23 de agosto para definir o nome que substituirá Eduardo Campos como candidato à Presidência da República. Apesar do tempo reduzido, o Partido prefere esperar o enterro, previsto para o domingo, 17, para reunir o diretório e tomar uma decisão.

Em comunicado oficial, o PSB informou que a decisão sobre quem irá disputar o cargo pelo partido será tomada quando a legenda julgar oportuno. “A direção do PSB tomará, quando julgar oportuno, e ao seu exclusivo critério, as decisões pertinentes à condução do processo político-eleitoral”, diz o comunicado, assinado pelo presidente da legenda, Roberto Amaral.

Pelas regras eleitorais, o partido têm até dez dias contados da morte do candidato para indicar à Justiça Eleitoral o substituto.

Os partidos que integram a coligação Unidos para o Brasil - PSB, PPS, PPL, PRP, PHS, além da Rede Sustentabilidade, que ainda não tem registro - tem até o dia 23 para informar à Justiça Eleitoral o nome do novo candidato à Presidência da República, no lugar do ex-governador Eduardo Campos.

A vice de Campos na chapa, a ex-senadora Marina Silva, pode substituí-lo, mas a coligação também pode escolher outro nome. De acordo com o Tribunal Superior Eleitoral (TSE), a substituição deverá ser feita por decisão da maioria absoluta da direção dos partidos da coligação.

“[O PSB] Recolhe-se, neste momento, irmanado com os sentimentos dos seus militantes e da sociedade brasileira, cuidando tão somente das homenagens devidas ao líder [Eduardo Campos] que partiu”, diz o comunicado, acrescentando que o partido está de luto pela trágica morte de seu presidente nacional. Mais tarde, o PSB informou que contratou um escritório de advocacia para acompanhar as investigações do acidente.

Enquanto o futuro da coligação não é definido, o cientista político Carlos Pereira, professor da Escola Brasileira de Administração Pública e de Empresas (FGV/Ebape), avalia que o cenário de expectativa contribui para a democracia. “Todos desejam ambiente democrático, ou seja, que não exista certeza absoluta do vencedor. A candidatura de Campos trouxe algum grau de incerteza”, disse.

Homenagens

Políticos, como o presidente da Câmara, Henrique Alves (PMDB-RN), já declararam que vão ao velório e enterro de Eduardo Campos, no Recife, mas todos ainda aguardam uma definição sobre horário e data. A Câmara dos Deputados vai fazer na primeira semana de setembro (em dia a ser confirmado) uma sessão solene em homenagem ao candidato do PSB à Presidência. A sessão estava prevista inicialmente para a próxima quarta-feira (20).

O presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), decretou luto oficial do Congresso Nacional por três dias. Em nota divulgada ontem (13), Renan ainda antecipou que vai propor uma sessão solene para conceder a Ordem do Mérito do Congresso Nacional ao ex-governador de Pernambuco.

Parlamentares que mantinham um relacionamento mais próximo com Campos, como o deputado Júlio Delgado (PSB-MG) e o senador Rodrigo Rollemberg (PSB-DF), foram nessa quarta-feira mesmo para São Paulo acompanhar o trabalho dos policiais e bombeiros no local do acidente.

A maioria dos presidenciáveis suspendeu as agendas de campanha por causa da morte de Eduardo Campos. Candidatos a outros cargos que também eram próximos de Campos decidiram seguir a mesma linha e não terão compromissos eleitorais.

* Com informações da Agência Brasil

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