São Paulo (Agência Hoje) - A instalação de mais quatro centrais mecanizadas de triagem na cidade vai permitir a ampliação da coleta seletiva na cidade. O Plano de Resíduos Sólidos, lançado nesta quarta-feira, 2, pela Prefeitura estabelece programação para recolher pelo menos cinco vezes mais resíduos secos, incluindo material inorgânico, como papéis e metais.
O objetivo é elevar a coleta seletiva dos atuais 1,8% para 10% até 2016, retirando das ruas materiais que podem ser reciclados. O serviço será estendido para os 96 distritos do município e terá como apoio quatro centrais mecanizadas de triagem, consideradas as mais modernas da América Latina.
O Plano de Gestão Integrada de Resíduos Sólidos da Cidade de São Paulo (PGIRS) foi desenvolvido a partir de projetos elaborados de maneira participativa com entidades e cooperativas e, segundo a Prefeitura, estabelece as diretrizes para as políticas públicas no setor pelos próximos 20 anos.
Para o prefeito Fernando Haddad, o plano coloca São Paulo na vanguarda da questão ambiental no país. “Nós vamos ser a primeira cidade do Brasil e da América Latina a ter as primeiras duas centrais de triagem mecanizadas. Cada central tem capacidade para 2,5% de todo o resíduo sólido produzido na cidade de São Paulo. Isto significa que nós vamos este ano ainda superar o 6% de capacidade de coleta seletiva”, afirmou.
Cada uma das centrais receberá das empresas concessionárias investimentos de R$ 35 milhões e processará 250 toneladas diárias de resíduos recicláveis, o que possibilitará ao município triplicar sua capacidade de processamento, chegando a 750 toneladas por dia.
As duas primeiras devem entrar em operação ainda no primeiro semestre deste ano - uma está sendo construída na avenida Miguel Yunes, ao lado do Transbordo Santo Amaro. A outra está localizada na avenida do Estado, na Ponte Pequena.
“Todas estas máquinas são importadas e nós sugerimos às concessionárias que comprassem máquinas diferentes, para testarmos as tecnologias. As duas primeiras virão da França e da Alemanha. A ideia é transformar São Paulo em um laboratório de boas práticas”, afirmou o prefeito.
Importância das Cooperativas
A ampliação da coleta seletiva em São Paulo será feita a partir de um processo de valorização das cooperativas de reciclagem. A Prefeitura abrirá espaço para parceria com novas cooperativas e remunerará os serviços a um valor fixo de referência.
“Hoje nós temos um convênio em que a gente fornece o caminhão, o galpão e pagamos as despesas como luz, água, IPTU e aluguel. Nós vamos criar com a receita das grandes centrais, um fundo privado que vai gerenciar os recursos. Além de pagar as cooperativas, elas vão ter a possibilidade de vender a produção para este fundo a um preço garantido. E também vamos contratar as cooperativas pelo trabalho ambiental que elas prestam”, explicou o secretário municipal de Serviços, Simão Pedro.
Atualmente a Autoridade Municipal de Limpeza Urbana tem cadastradas 22 cooperativas e associações de catadores.
Em dezembro de 2013, foi anunciada uma linha de crédito do Banco Nacional de Desenvolvimento Econômico e Social (BNDES) de R$ 40 milhões que será utilizada para melhorar a estrutura das 22 centrais de triagem já existentes. O investimento prevê a reforma, adequações, modernização e equipagem das 11 centrais de triagem existentes instaladas em galpões próprios. Além disso, 11 centrais de triagem instaladas em galpões alugados serão modernizadas e equipadas.
De maneira geral, o plano estabelece como objetivo de longo prazo reduzir ao máximo os rejeitos, que são os materiais que não recebem destinação de reutilização ou de reciclagem. O documento traz metas para a coleta seletiva domiciliar, para o manejo de resíduos secos e orgânicos, e para os restos da construção civil, além do lixo produzido por escolas, feiras, sacolões e mercados.
Prevê ainda ações de compostagem, de reciclagem solidária e de educação ambiental. São também discutidas ações de logística reversa, que é a comercialização de créditos de reciclagem para empresas privadas, em procedimento similar à venda de créditos de carbono.
“Este é um plano completo, é um sonho que nós queríamos para todos os municípios do Brasil. O plano fortalece a Lei Nacional de Resíduos Sólidos e mostra que é possível fazer leis de maneira completa e participativa”, apontou Ney Maranhão, secretário de Recursos Hídricos e Ambiente Urbano do Ministério do Meio Ambiente.
Veja o que é lixo seco:
Papel, papelão, jornais, revistas, cadernos, folhas soltas, caixas e embalagens em geral, caixa de leite, caixas de papelão (desmontadas), metais (ferrosos e não ferrosos) latas em geral, alumínio, cobre, pequenas sucatas, copos de metal e de vidro, garrafas, potes e frascos de vidro (inteiros ou quebrados), plásticos (todos os tipos), garrafas PET, sacos e embalagens, brinquedos quebrados, utensílios domésticos quebrados.
Veja o que é lixo úmido:
Sobras de alimento, lixo de banheiro, podas das árvores e restos orgânicos em geral.