São Paulo, SP, 25/04/2024
 
24/03/2015 - 15h19m

Consumo individual de água em Buenos Aires chega a 600L por dia

Agência Brasil/Monica Yanakiew 
Reprodução
Cada morador de Buenos Aires consome, em média, 600 litros de água
Cada morador de Buenos Aires consome, em média, 600 litros de água

Buenos Aires - Cada morador de Buenos Aires consome, em média, 600 litros de água tratada por dia para beber, tomar banho, regar o jardim, cozinhar, lavar os pratos, a casa e o carro. É o dobro do consumo indivudual médio nos Estados Unidos, o triplo do da Europa e 12 vezes superior ao gasto mínimo (50 litros diários) estabelecido pela Organização Mundial da Saúde (OMS).

Recentemente, algumas medidas têm sido tomadas para evitar o desperdício da água na capital argentina. A administração municipal, por exemplo, limitou a três por semana (segundas, quartas e sextas-feira) os dias em que os porteiros têm autorização para lavar as calçadas, mas essa regra nem sempre é respeitada. Além disso, o Sindicato dos Porteiros distribuiu pistolas para serem atarraxadas na ponta das mangueiras e, assim, controlar o jato de água quando vai lavar os arredores dos edifícios da capital.

“Aqui temos o hábito de madrugar para lavar as calçadas”, explica o porteiro Ricardo Miranda. “Mas cada vez que íamos abrir a porta para um morador, entregar o jornal ou ajudar alguém a sair da garagem, largávamos a mangueira no chão, com a água jorrando à toa. Com a pistola, o jato de água só sai se eu apertar o gatilho. Se eu parar, a água deixa de sair automaticamente.”

O principal motivo para tanta faxina é a quantidade de cachorros na cidade: um para cada quatro habitantes. É comum ver os cachorros saírem todas as manhãs (muitos deles em matilha, acompanhados por passeadores). O governo de Buenos Aires não só obriga os donos a recolher as fezes dos animais, como distribui sacos plásticos para quem tiver esquecido de sair com o seu. “Mas isso não resolve o cheiro de xixi que os cachorros fazem nas paredes dos edifícios, nem as manchas nas calçadas, que só saem com água”, explica o porteiro Raul.

Nem todos os argentinos, no entanto, têm a mesma situação privilegiada que os moradores da Grande Buenos Aires. Na província de Mendoza, por exemplo, a escassez de água é um problema histórico, agravado nos últimos cinco anos pela falta de chuva e neve.

Mendoza é um deserto, ao pé da Cordilheira dos Andes. A terra árida é ideal para o plantio da uva malbec – daí a província ser considerada a capital mundial do vinho malbec. Mas toda a irrigação é controlada porque a água é um bem escasso, que depende do volume de chuva e de neve.

A cidade de Mendoza tem um sistema de acequias (pequenos canais), por onde escorre a água que vem da neve derretida, no verão. Nenhuma gota é desperdiçada. Em Mendoza, os controles sobre o uso de água para lavar carros, calçadas e regar jardins são muito mais rígidos do que em Buenos Aires, porque os vizinhos sabem que, se um abusar, os outros ficam sem tomar banho ou cozinhar.

Diante da seca, o governo decretou estado de emergência hídrica ate 2020. O objetivo é realizar obras para consertar o sistema de canalização, para evitar perdas – outra grande fonte de desperdício.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro