Corinthians de muitos heróis faz 2 a 0 no Boca e conquista Copa Libertadores invicto - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
05/07/2012 - 00h45m

Corinthians de muitos heróis faz 2 a 0 no Boca e conquista Copa Libertadores invicto

Folhapress 
©AFP / Nelson Almeida
Os jogadores do Corinthians levantaram o troféu esperado há tantos anos pela sua torcida
Os jogadores do Corinthians levantaram o troféu esperado há tantos anos pela sua torcida

SÃO PAULO, SP (Folhapress) - Com a conquista do sonhado título da Taça Libertadores ao superar o Boca Juniors por 2 a 0, no Pacaembu, o Corinthians encerrou um tabu de 34 anos ao repetir feito raro na história da competição e igualou uma marca do Santos de Pelé.

Foi campeão invicto, algo que apenas cinco clubes conseguiram nas 53 edições da Taça Libertadores até aqui. Peñarol (1960), Santos (1963), Independiente (1964), Estudiantes (1969 e 1970) e, na última vez, Boca Juniors (1978) são os recordistas.

O curioso é que em 1963 o Santos superou o Boca na decisão, assim como o Corinthians de agora. A diferença é que naquela ocasião o time de Pelé fez quatro partidas (como campeão do ano anterior, entrou na semifinal) e o rival disputou a primeira final.

Já o Corinthians fez 14 jogos, iniciou a disputa na fase de grupos e encarou o Boca Juniors, então hexacampeão da Libertadores e com dez finais na bagagem.

HISTÓRIA

O último título invicto na Libertadores (1978) foi antes de a competição mudar o formato e de ser inchada com a participação de mais equipes, além da inclusão de mexicanos.

Em 1978, foram 21 participantes e três fases. Neste ano, foram 38 clubes e seis fases.

Foi a partir de 1978 também que o torneio passou a ser objeto maior do desejo dos clubes nacionais. Desde então, 13 vezes o campeão foi brasileiro. Antes, apenas três títulos foram do Brasil --dois deles do Santos de Pelé.

O domínio, contudo, ainda é dos argentinos. Eles têm 22 títulos. O Independiente é o recordista de taças, tem sete. O Boca Juniors tem seis. Estudiantes tem quatro. River Plate tem duas. Argentinos Juniors, Racing e Vélez Sarsfield têm uma cada.

Com o título do Corinthians, o Brasil passa a ter 16 taças e é o segundo no quadro de campeões. Tem vantagem significativa para os uruguaios, que tem oito taças. Já no ranking de clubes, o Brasil é o que tem mais agremiações campeãs: nove.

EMERSON É MAIS UM DOS MUITOS HERÓIS DO TÍTULO

SÃO PAULO, SP (Folhapress) - O atacante Emerson, 33, marcou os dois gols da vitória do Corinthians por 2 a 0 sobre o Boca Juniors, nesta quarta-feira, que decretou o primeiro título da Libertadores na história do Corinthians. E, ao final do jogo, decidiu desabafar.

"Há um ano atrás, me tiraram de um lugar por uma coisa que eu não fiz. Vocês erraram comigo, e hoje eu sou cameão da Libertadores", afirmou ainda no gramado, referindo-se à diretoria do Fluminense, que o dispensou sob alegação de indisciplina durante a Libertadores de 2011.

A acusação era de que Emerson teria cantado músicas em homenagem ao Flamengo, rival do Flu, em pleno ônibus da equipe carioca.

"Eu gosto dessas partidas. E hoje eu juro que não vou chorar".

CORINTHIANS É CAMPEÃO COM TRÊS REMANESCENTES DA SÉRIE B

SÃO PAULO, SP (Folhapress/Rafael Valente e Vinícius Bacelar) - Campeão da Libertadores de forma invicta e superando rivais como Boca Juniors (2 a 0 na segunda final), Santos e Vasco. O presente do Corinthians não passaria de um sonho se fosse imaginado há quatro anos por Júlio César, Alessandro e Chicão.

O trio fez parte da reconstrução corintiana após a queda para a Série B do Brasileiro em 2007. São os únicos remanescentes. Júlio César era reserva, mas Alessandro e Chicão foram titulares durante quase toda temporada de 2008.

No segundo jogo da final da Libertadores, a situação se repetiu. Júlio César foi banco, mas Alessandro e Chicão jogaram. Juntos, os três somam 537 jogos pelo Corinthians -134, 217 e 186, respectivamente.

Os três já tiveram o gostinho de usar a faixa de capitão no Corinthians, mas também já tiveram o dessabor por não serem unanimidade entre os torcedores.

Segundo o Datafolha, Alessandro é o terceiro jogador do Corinthians mais eficiente nos passes, com 83,6%. Perde para Ralf e Paulinho.

Chicão é o terceiro que mais desarma, com 16,9 desarmes em média por jogo. E o segundo que mais faz lançamentos, média de 0,4 por jogo.

Os números não consideram o segundo jogo da final.

JÚLIO CÉSAR

Quem sofreu mais foi Júlio César. Ele passou a ser titular em meados de 2010, com a saída de Felipe. Nunca foi unanimidade entre os torcedores, mas não era ameaçado pela sombra dos reservas e manteve-se no posto até esta temporada.

Júlio César participou da maioria dos jogos da equipe corintiana, mas duas falhas contra a Ponte Preta nas quartas de final do Paulista -jogo que resultou na eliminação corintiana- fizeram o goleiro ser afastado por Tite.

Com a saída dele, Cássio, que até então não era conhecido, herdou a posição e agradou os torcedores. Iniciou a Libertadores contra o Emelec, nas oitavas de final. Desde então não saiu mais. Ambos sofreram dois gols no torneio sul-americano.

CHICÃO

Chicão, conhecido como zagueiro artilheiro pelos 37 gols, chegou a ser apontado como o melhor na posição na Série B-2008, no Paulista-2009 e no Brasileiro- 2010. A partir de 2010, no entanto, iniciou uma fase mais irregular.

Ele passou a sofrer com algumas lesões e a titularidade deixou de ser absoluta. No ano passado, perdeu o posto após a derrota para o Santos por 3 a 1, no Pacaembu. Inicialmente não aceitou ficar no banco de reservas e acabou afastado de oitos jogos.

Iniciou a temporada atual como reserva, mas acabou voltando ao time titular por conta da operação no joelho direito de Paulo André, no início de fevereiro. Desde então não saiu mais do time. Participou de todos os jogos da Libertadores.

ALESSANDRO

Diferentemente dos outros dois nomes, Alessandro não agradou os torcedores no início. Ele já somava passagens por outros grandes clubes, entre eles Palmeiras e Santos, e tinha um histórico de lesões.

Conquistou os torcedores na campanha da Série B, quando foi apelidado de Guerreiro. Depois reforçou a fama na campanha da Copa do Brasil-2009, quando o Corinthians foi campeão. Após a eliminação para o Tolima, o lateral foi um dos poucos poupados.

Quando Chicão foi afastado, herdou a faixa de capitão automaticamente. Neste ano, contudo, chegou a perder a posição para Edenílson, mas como o volante (improvisado na lateral) fraturou o pé, Alessandro retornou ao time titular.

Fez nove jogos na Libertadores e foi elogiado pelo desempenho na semifinal contra o Santos, quando ajudou o sistema defensivo a anular Neymar.

TITE CONSEGUE TÍTULO INÉDITO E MANTÉM TABU PESSOAL

SÃO PAULO, SP (Folhapress/Vinícius Bacelar) - O técnico Tite levou o Corinthians ao título inédito da Libertadores com a vitória de 2 a 0 sobre o Boca Juniors, de forma invicta, e ainda manteve um tabu pessoal: ele nunca perdeu um duelo contra equipes argentinas.

Desde 2001, foram 12 partidas entre times dirigidos pelo treinador gaúcho e clubes argentinos. São nove vitórias e três empates.

"Meu filho brinca que é bom pegar uma equipe argentina", disse Tite, por diversas vezes antes da decisão do torneio continental.

O seu filho atualmente está nos EUA. Mas, mesmo assim, Tite nunca deixa de conversar com ele após os jogos. Sua esposa e sua filha, que moram com o comandante corintiano, também recebem telefonemas depois das partidas.

"Eu não gosto de muita exposição. Prefiro ficar perto da minha família", salientou na última coletiva antes da final. "Namoro não dá para abrir mão", brincou.

Outro ritual feito pelo técnico é comemorar as vitórias com uma caipirinha. Os êxitos de Tite nunca são decantados antes de acontecer. "Em respeito ao adversário forte que tem méritos do outro lado".

Nos dias que antecedem às decisões, ele fica no campo isolado, toca a bola para si mesmo e pensa nas instruções que devem ser dadas aos jogadores. Desta maneira e com orações, o católico Tite tenta manter a concentração.

Na medida do possível, ele se cobra para ser justo com o elenco. Não centraliza os méritos. Algo reconhecido pelos próprios atletas.

Tite também não se empolga com a recente idolatria da torcida corintiana. "Faz bem para auto-estima", limita-se a dizer. Notório para quem saiu do mesmo clube, em 2005, devido a uma divergência com o empresário iraniano Kia Joorabchian, da então parceira MSI, e com desconfiança de parte dos torcedores.

O que restou de benéfico da primeira passagem pelo Corinthians foi a amizade com Andres Sanchez, diretor de futebol à época. Até hoje, o técnico o agradece pela permanência após a vexaminosa eliminação para o Tolima, em 2011.

"Quando recebi a ligação do Andres em 2010, eu disse que queria voltar. Deixei de disputar um Mundial por esse desafio", falou Tite, que estará no Japão, em dezembro.

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