CPI terá depoimentos decisivos de dois governadores na semana; Perillo e Agnelo - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 19/04/2024
 
10/06/2012 - 12h07m

CPI terá depoimentos decisivos de dois governadores na semana; Perillo e Agnelo

Agência Hoje/Agência Senado 
Agência Senado/Arquivo/Divulgação
Governadores de Goiás (Marconi Perillo, à direita)) e do Distrito Federal (Agnelo Queiroz) têm encontro com a CPI esta semana
Governadores de Goiás (Marconi Perillo, à direita)) e do Distrito Federal (Agnelo Queiroz) têm encontro com a CPI esta semana

A Comissão Parlamentar de Inquérito (CPI) mista que investiga Carlos Augusto Ramos, o Carlinhos Cachoeira, terá uma semana decisiva, com o depoimento dos governadores Marconi Perillo (PSDB-GO) e Agnelo Queiroz (PT-DF).

Deputados e senadores também têm reunião marcada para votação de requerimentos, entre os quais os que pedem a convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit) Luiz Antônio Pagot e do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish.

O primeiro compromisso da CPI será na terça-feira (12), quando vai ser ouvido o governador de Goiás, Marconi Perillo. O depoimento está marcado para as 10h15, na sala 2 da Ala Nilo Coelho do Senado. Perillo terá de esclarecer detalhes da venda da casa onde Cachoeira foi preso pela Polícia Federal (PF), em fevereiro deste ano, durante a Operação Monte Carlo.

A CPI já ouviu duas pessoas sobre o assunto. O ex-vereador Wladimir Garcez declarou que comprou a residência de Perillo. Mas, como não dispunha dos R$ 1,4 milhão cobrados, tomou o dinheiro emprestado com Cachoeira e com Cláudio Abreu, ex-diretor da Delta no Centro-Oeste. A compra teria sido efetivada com três cheques, os quais, segundo a PF, foram assinados por um sobrinho de Cachoeira.

Na semana passada, o empresário Walter Paulo Santiago deu outra versão para o negócio, afirmando que comprou a casa pagando R$ 1,4 milhão em dinheiro vivo, em notas de R$ 50 e R$ 100 guardadas “em pacotinhos”. Ainda segundo Walter, a compra se deu por intermédio de Wladimir Garcez e o dinheiro foi entregue a ele e ao ex-assessor de Perillo Lúcio Gouthier Fiúza, que foi exonerado no último dia 6.

Nesta semana, o advogado de Perillo, Antonio Carlos de Almeida Castro, o Kakay, disse que o governador fez a venda do imóvel de forma legal, recebeu os cheques de Wladimir Garcez e apenas os depositou, sem, no entanto, preocupar-se de quem eram.

Outra questão a ser explicada pelo governador diz respeito à denúncia do radialista Luiz Carlos Bordoni de que teria recebido dinheiro da Alberto & Pantoja Construções como pagamento por serviços prestados à campanha de Perillo para o governo de Goiás. Segundo a polícia, a Pantoja é uma empresa de fachada do esquema criminoso de Cachoeira, destinada à lavagem de dinheiro.

Os deputados e senadores também devem fazer perguntas sobre a ex-chefe de gabinete de Perillo Eliana Gonçalves Pinheiro. Segundo a PF, ela mantinha contato com Cachoeira e chegou a receber informações sobre investigações que beneficiavam políticos ligados ao investigado.

Gravações telefônicas revelam que Eliane avisou ao prefeito de Águas Lindas de Goiás (GO), Geraldo Messias, aliado de Marconi, que agentes fariam uma busca na residência dele. Após a divulgação das gravações, Eliana pediu exoneração.

AGNELO QUEIROZ

O depoimento do governador do Distrito Federal, Agnelo Queiroz (PT) será na quarta-feira (13), também às 10h15. Ele deve ser questionado a respeito de denúncias de favorecimento à Delta em contratos de recolhimento de lixo em Brasília e região. Nesta semana, o governo local anunciou a rescisão dos contratos com a Delta, alegando que a empresa foi desclassificada de licitação realizada em 2007 e só realizava o serviço graças a uma liminar. Outras duas empresas assumirão os contratos.

De acordo com a Polícia Federal, assessores de Agnelo foram flagrados em conversas telefônicas que insinuam o pagamento de propina para a manutenção do contrato com a empresa. Depois que as denúncias vieram à tona, o chefe de gabinete Cláudio Monteiro e o subsecretário João Carlos Feitoza, também conhecido como Zunga, deixaram o governo.

REQUERIMENTOS

A CPI do Cachoeira tem 194 requerimentos aguardando para serem votados. Parte deles deve ser analisada na quinta-feira (14). Entre os documentos, estão nove pedidos de convocação do ex-diretor-geral do Departamento Nacional de Infraestrutura de Transportes (Dnit), Luiz Antônio Pagot.

Também constam pedidos de convocação do dono da Delta Construções, Fernando Cavendish, além de quebras de sigilos bancário, fiscal e telefônico de várias empresas suspeitas de participação no esquema do contraventor goiano.

PRESIDENTE DA CPI DIZ QUE DEPOIMENTO DO COMPRADOR COMPLICA SITUAÇÃO DE PERILLO

As contradições sobre a venda da casa em que Carlinhos Cachoeira foi preso geraram a necessidade de muitas explicações por parte do governador de Goiás, Marconi Perillo, ex-proprietário do imóvel. Essa é a opinião de grande parte dos parlamentares ouvidos após a reunião realizada nesta terça-feira (5) pela Comissão Parlamentar Mista de Inquérito (CPI) que investiga as ligações de Cachoeira com agentes públicos e privados. O relator da comissão, deputado Odair Cunha (PT-MG), defendeu a quebra de sigilo do governador e o presidente interino, deputado Paulo Teixeira (PT-SP), disse que a versão apresentada pelo empresário Walter Paulo Santiago trouxe mudanças ao cenário da CPI.

- Essa história, na minha opinião, complica mais a vida do governador Marconi Perillo - afirmou Teixeira, para quem as diferentes versões sobre a venda da casa geram “uma nuvem” em torno do negócio.

Durante a reunião, os parlamentares tomaram o depoimento do empresário goiano Walter Paulo Santiago, responsável pela compra da casa do governador. A informação de Walter Paulo contraria a versão de Perillo, que declarou ter recebido o pagamento em três cheques, os quais, segundo a PF foram assinados pelo sobrinho de Cachoeira, Leonardo Ramos.

Para Odair Cunha, o depoimento aprofundou as contradições antes evidenciadas e mostrou que “alguém está mentindo”. A quebra de sigilo, segundo o relator, poderia esclarecer se o governador recebeu duas vezes pela casa, o que daria um total de R$ 2,8 milhões, e o que fez com o dinheiro.

- Se recebeu em dinheiro, o que fez com ele? Depositou na sua própria conta? Isso precisa ser esclarecido, e a forma de esclarecer é a quebra de sigilo - afirmou.

A quebra de sigilo bancário do governador também foi defendida pelo deputado petista Cândido Vaccarezza (SP), que explorou a contradição entre a versão de Perillo e a de Santiago. Para ele, as diferentes versões sobre o pagamento da casa (em cheque ou dinheiro) já são motivo para pedir a quebra de sigilo bancário do governador de Goiás.

ESCLARECIMENTOS

Os oposicionistas recomendam igualmente que Perillo esclareça a controvérsia. Onyx Lorenzoni (DEM-RS) afirmou que existem muitas contradições, mas disse considerar que a vinda de Perillo à CPI será uma oportunidade de esclarecer os fatos.

O senador Alvaro Dias (PSDB-PR) lembrou que o partido sempre defendeu a vinda do governador para que os fatos fossem esclarecidos. No entender dele, embora alguns tentem transformar a investigação em “CPI do Marconi Perillo”, a compra da casa é apenas um detalhe em uma investigação muito mais ampla e o depoimento, em sua avaliação, não complicou a situação do governador.

- Não complica nem descomplica, é uma questão de interpretação de quem ouviu o depoimento. Nós temos que questionar o governador. Depois desse questionamento é que nós saberemos - disse o senador, para quem a discussão sobre quebra de sigilo deve ocorrer somente depois que a CPI ouvir Perillo.

Sobre uma acareação entre os envolvidos no negócio, Paulo Teixeira disse que, em tese, é uma possibilidade, mas afirmou que os próximos passos serão investigar documentos e ouvir o governador Marconi Perillo. A data do depoimento do governador ainda foi confirmada oficialmente para o dia 12 de junho às 10h15.

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