Cruz Vermelha negocia retirada de feridos, as mortes continuam - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
25/02/2012 - 15h58m

Cruz Vermelha negocia retirada de feridos, as mortes continuam

Agence France Presse 
AFP / -
Imagem capturada de um vídeo do Youtube mostra o bombardeio em Baba Amr
Imagem capturada de um vídeo do Youtube mostra o bombardeio em Baba Amr

DAMASCO (AFP) - A Cruz Vermelha negociava neste sábado com o regime sírio de Bashar al-Assad a retirada de pessoas sitiadas em Homs, incluindo dois jornalistas ocidentais feridos, enquanto os bombardeios continuavam pelo vigésimo segundo dia consecutivo.

Neste sábado já havia 31 mortos por causa da repressão, entre eles 26 civis, no dia seguinte a uma nova jornada mortífera, com 57 mortes, sendo 41 civis, enquanto acontecia uma conferência internacional sobre a situação do país na Tunísia em que foi pedido o fim da violência.

As negociações entre a Cruz Vermelha, diplomatas, o regime sírio e a oposição retomaram neste sábado em Homs para evacuar os feridos do bairro de Baba Amr, o mais castigado pelos bombardeios sobre Homs iniciados há três semanas.

Na sexta-feira, o Crescente Vermelho Sírio e o CICV conseguiram evacuar sete feridos, assim como dezenas de mulheres e crianças doentes para o hospital de Amin, a dois quilômetros do bairro rebelde de Baba Amr.

Contudo, não puderam resgatar a jornalista francesa Edith Bouvier nem o fotógrafo britânico Paul Conroy, feridos na quarta-feira durante o bombardeio de uma casa em Baba Amr transformada em centro de imprensa.

Também não puderam recuperar os cadáveres da jornalista americana Marie Colvin e do repórter gráfico francês Rémi Ochlik, mortos no mesmo ataque.

Reunidos na sexta-feira na Tunísia, os 60 ministros das Relações Exteriores do grupo de países chamados "Amigos da Síria", entre os quais não estavam presentes China, Rússia, nem o principal aliado de Damasco, Irã, pediram o fim imediato da violência e a novas sanções contra o regime sírio, mas se limitaram a "tomar nota" da proposta da Tunísia e do Qatar de mobilizar uma força árabe de manutenção da paz.

Eles reconheceram o principal grupo opositor, no Conselho Nacional Sírio (CNS) como "um legítimo representante dos sírios que busca uma transição democrática pacífica" e se comprometeram a dar um "apoio efetivo" à oposição.

A chefe da diplomacia americana, Hillary Clinton, se mostrou "totalmente satisfeita" com os resultados da conferência e a China comemorou neste sábado o fato de a reunião ter rejeitado "qualquer intervenção estrangeira".

Segundo a agência oficial China Nova (Xinhua), "a maioria dos países árabes começou a compreender que os Estados Unidos e a Europa dissimulam um punhal por trás do sorriso, em outras palavras, enquanto parecem atuar por motivos humanitários, em realidade têm ambições hegemônicas ocultas".

O jornal pró-governamental sírio As Saura, qualificou este sábado de "fracasso" a conferência da Tunísia "que representa uma nova decepção para o pequeno grupo de conspiradores que continuam suas tentativas (de desestabilização) na Síria".

Teerã reiterou neste sábado sua oposição a qualquer intervenção militar na Síria e voltou a negar que esteja enviando armas ao país vizinho, assim como afirmam os ocidentais.

Apesar da violência ininterrupta, o regime mantém para este domingo o referendo sobre uma nova Constituição, que deve por fim ao sistema político de partido único (o Baas), mas que mantém amplos poderes para o chefe do Estado. A oposição pediu o boicote da consulta.

As tropas sírias mataram pelo 41 civis neste sábado nos bombardeios do bairro Baba Amr de Homs e em Aleppo (norte), onde milhares de pessoas se manifestaram nas ruas, anunciou o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Apesar dos pedidos do fim da violência, neste sábado de madrugada o exército sírio recomeçou os bombardeios sobre Baba Amr pelo 22º dia consecutivo, assim como em outros bairros de Homs, segundo o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), resultando na morte de quatro civis nessa cidade.

No resto do país, as forças de segurança mataram seis pessoas em Azaz, próximo a Aleppo (norte), em enfrentamentos entre exército e desertores, em que também morreram cinco militares. Outros oito civis morreram em dois povoados da província de Hama (centro). Uma mulher e três meninas figuram entre as vítimas, segundo o OSDH.

Em Talbiseh, na província de Homs, três civis, um deles um adolescente de 14 anos, foram mortos em um controle das forças de segurança.

A policía abriu fogo contra os 4.000 participantes em um funeral por uma das vítimas mortas na sexta-feira em Aleppo, acrescentou a mesma a mesma fonte.

A violência causou mais de 7.600 mortes em 11 meses de revolta contra o regime, segundo o OSDH.

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