Em encontro com rei espanhol, Dilma defende ação coordenada para crise - Hoje São Paulo
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04/06/2012 - 15h36m

Em encontro com rei espanhol, Dilma defende ação coordenada para crise

Folhapress 

BRASÍLIA, DF (Folhapress) - A presidente Dilma Rousseff afirmou hoje que a retomada do crescimento global não pode depender apenas de "medidas tomadas pelos países emergentes". Durante almoço para recepcionar o rei da Espanha, Juan Carlos 1º, no Itamaraty, Dilma defendeu a "ação coordenada e solidária" entre todos os "grandes atores da economia mundial", em especial os países da Europa.

"A retomada do crescimento em nível global não pode depender apenas de medidas adotadas pelos países emergentes. Em um momento de crise é fundamentel insistir em uma ação coordenada e solidária entre todos os grandes atores da economia mundial, em especial uma ação coordenada e solidária entre os próprios países da Europa. Será esta a mensagem que o Brasil levara à próxima cúpula do G20, no México", afirmou a presidente.

"A afirmação da importância do crescimento econômico e simultaneamente a tomada de medidas na área dos esforços macroeconômicos de estabilidade. Não há incompatibilidade entre as duas, pelo contrário, é necessário o crescimento para que o ajuste não seja feito em detrimento dos interesses dos povos dos países europeus e dos povos de todos os países do mundo", completou a presidente.

A presidente afirmou ainda que, diante do acirramento da crise e de processos recessivos, o Brasíl está se preparando para ter uma política "pró-cíclica" de investimentos. "Nós temos imensas oportunidades tanto na área de infraestrutura, transportes, energia, telecomunicações, como também na relação associada entre Brasil e Espanha", disse Dilma.

DISCURSO DO REI

Em seu discurso, o rei da Espanha reconheceu que o bloco europeu enfrenta um problema econômico. "O mundo afronta hoje uma profunda crise econômica e financeira, que afeta a todos e golpeia com violência os países da União Europeia", afirmou durante almoço no Itamaraty.

O monarca, entretanto, destacou que seu país mantém esforços para superar essa situação, e defendeu os "fundamentos sólidos" da Espanha. "Meu país tem o empenho e determinação para superar a crise desde a solidez de suas instituições e a excelência de nosso capital humano. (...) A economia espanhola tem fundamentos sólidos: nossa dívida pública é menor do que a de outros países da União Europeia. Nossas contas com o exterior e nossas contas públicas se equilibram com rapidez ao tempo que melhora nossa competitividade."

O rei Juan Carlos adotou um tom elogioso ao Brasil ao afirmar que o país é hoje uma "potência do presente", e disse que os dois países podem trabalhar juntos para lidar com a crise.

CHEGADA

O rei da Espanha, Juan Carlos 1º, chegou ao Palácio do Planalto por volta de 11h40min, com dificuldades de locomoção - ele não foi recebido na rampa do prédio, como prevê o cerimonial nesse tipo de visita. Ele entrou por uma porta lateral do palácio e se dirigiu ao gabinete da presidente Dilma Rousseff para a primeira agenda oficial do dia.

Pela manhã, o monarca reuniu-se por cerca de uma hora e meia com Dilma, no Palácio do Planalto. Também participaram do encontro os ministros Antonio Patriota (Relações Exteriores), Fernando Pimentel (Indústria, Desenvolvimento e Comércio Exterior), Marco Aurélio Garcia (assessor especial) e o embaixador do Brasil na Espanha, Paulo César de Oliveira Campos.

Juan Carlos está acompanhado de uma comitiva de empresários com o objetivo de intensificar o relacionamento econômico entre os dois países. De acordo com o Ministério das Relações Exteriores, a Espanha é o segundo maior investidor estrangeiro no país, com investimentos da ordem de US$ 85 bilhões no Brasil. Em 2011, a balança comercial (exportações e importações) Brasil-Espanha foi de US$ 7,97 bilhões.

Os dois países também assinaram um protocolo para criação do conselho empresarial Brasil-Espanha.

Após o almoço no Itamaraty, o rei Juan Carlos deve seguir para o Chile.

O monarca, de 74 anos, se acidentou durante uma polêmica viagem a Botsuana para caçar elefantes. Na viagem, a prótese que usava no quadril se deslocou.

O episódio causou polêmica na sociedade espanhola por ter acontecido num momento de crise econômica no país. Num movimento inédito, o rei acabou pedindo perdão publicamente pelo ocorrido. "Eu sinto muito, me equivoquei e não voltará a acontecer", disse na ocasião.

VISTOS

Em visita ao Brasil no mês passado, o chanceler espanhol, José Manuel Garcia-Margallo, afirmou haver uma "decisão política" para resolver o problema de brasileiros barrados na Espanha e de espanhóis inadmitidos no Brasil.

Desde abril, o Brasil passou a exigir dos espanhóis os mesmos critérios aplicados a brasileiros em viagem ao país europeu. Comprovante de reserva em hoteis e um mínimo de recursos para permanecer no país são algumas exigências feitas atualmente.

Hoje, diplomatas brasileiros e espanhois se encontram em Madri par discutir uma forma de diminuir atritos entre os países nesse tema.

"É um compromisso, não uma promessa. Nossas equipes vão trabalhar para que as dificuldades que afetam as pessoas sejam resolvidas de forma imediata", afirmou no mês passado o chanceler espanhol, após encontro com o ministro brasileiro Antonio Patriota (Relações Exteriores).

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