Empresas prometem sustentabilidade, mas críticos permanecem céticos - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
18/06/2012 - 11h12m

Empresas prometem sustentabilidade, mas críticos permanecem céticos

Agence France Presse 
©AFP / Christophe Simon
Projetos de sustentabilidade de grandes empresas foram recebidos com ceticismo na Rio+20
Projetos de sustentabilidade de grandes empresas foram recebidos com ceticismo na Rio+20

RIO DE JANEIRO (AFP) - A Microsoft e outras empresas que participam do fórum empresarial Rio+20 não poupam esforços para mostrar como respeitam o meio ambiente, mas os críticos se mantêm céticos sobre seus compromissos.

Cerca de mil diretores e presidentes de empresas de todo o mundo participam do Fórum de Sustentabilidade Corporativa, organizado pelo grupo "Global Compact", uma iniciativa da ONU para estimular as empresas a respeitarem os direitos humanos, as leis do trabalho, o meio ambiente e a adotar princípios contra a corrupção, que tem 7.000 participantes empresariais em 135 países.

Muitos atenderam à convocação para fazer o que for correto e se comprometeram a agir para obter progressos em seis temas centrais: energia e clima, água e ecossistemas, agricultura e alimentos, desenvolvimento social, cidades e urbanização, economia e financiamento.

Neste domingo, a titã americana da tecnologia Microsoft anunciou planos para manter em zero as emissões de gases do efeito estufa em seus bancos de dados, laboratórios de desenvolvimento de programas de informática e nas viagens aéreas de seus funcionários ao impulsionar a eficiência energética e a aquisição de energia renovável.

"Dissemos que seríamos neutros na emissão de gases contaminantes a partir de 1º de julho", disse Rob Bernard, chefe de estratégia ambiental da Microsoft, em uma entrevista coletiva à imprensa.

A meta será obtida em parte por meio de compensações, ou seja, equilibrando a quantidade de CO2 emitida com uma mesma quantidade capturada, ou comprando créditos de carbono o suficiente para compensar a diferença.

A ArcelorMittal, maior fabricante de aço do mundo, com sede em Luxemburgo, indicou que para 2020 reduzirá suas emissões em 8% para cada tonelada de aço produzida.

No Brasil, a Netafim, líder mundial em irrigação inteligente, indicou que trabalha com o governo para instalar mil sistemas de irrigação por gotejamento em pequenas propriedades no estado de Piauí (nordeste) até 2014.

A irrigação com gotas ajuda a economizar água e fertilizante ao permitir que o líquido chegue lentamente às raízes das plantas.

A gigante americana química Dupont prometeu investir 10 bilhões de dólares até 2020 em pesquisas e no desenvolvimento de planos para lançar 4.000 novos produtos até o final desse ano com o objetivo de produzir mais alimentos, melhorar a nutrição e a sustentabilidade agrícola e alimentar no mundo.

As estatais sul-africana Eskom e a americana Duke Energy prometeram colaborar com o desenvolvimento de um mapa de eletrificação para garantir que 500 milhões de pessoas na África e nos países em desenvolvimento tenham acesso à energia até 2025.

Esses são alguns dos mais de 100 compromissos que os organizadores asseguram que serão anunciados até segunda-feira no fórum empresarial, junto com recomendações para os líderes mundiais da Rio+20 que se reunirão de quarta a sexta-feira.

Mas os críticos acusam a "Global Compact" de atuar como uma ferramenta de marketing das grandes empresas.

O grupo rejeita a acusação, e indicou que seu esquema incorpora rígidos mecanismos de responsabilidade que obrigam seus integrantes a fornecer informações anualmente sobre sua implementação. Caso não respeite as normas do grupo, um membro pode ser expulso.

"Estão tentando ficar bem aqui no Rio, mas estão entre os maiores poluidores e estão atrasando de maneira ativa o desenvolvimento sustentável", disse à AFP Daniel Mittler, diretor de políticas do Greenpeace Internacional, ao comentar os compromissos da Eskom e da Duke Energy.

O Greenpeace também acusa a Microsoft, uma das três maiores proprietários de bancos de dados do mundo junto com a Amazon e a Apple, de emitir muitos gases nocivos ao planeta.

"Bancos de dados gigantes que armazenam e enviam milhões de bytes de fotos, e-mails, músicas e vídeos de que desfrutamos todos os dias são agora uma das fontes de demanda de nova eletricidade de maior crescimento no mundo", disse.

"Todos os dias, toneladas de poluição de CO2 causadora de asma e destruidora do clima são lançadas no ar para manter a internet em funcionamento", disse Mittler.

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