EUA espionaram cerca de 56 mil e-mails de cidadãos comuns - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 18/04/2024
 
22/08/2013 - 08h29m

EUA espionaram cerca de 56 mil e-mails de cidadãos comuns

Agência Brasil/Renata Giraldi* 
Agência Brasil/Jose Cruz
Jornalista Gleen Greenwald, do jornal britânico The Guardian, responsável por revelar ao mundo os programas secretos americanos de interceptação de dados
Jornalista Gleen Greenwald, do jornal britânico The Guardian, responsável por revelar ao mundo os programas secretos americanos de interceptação de dados

Brasília – A Agência Nacional de Segurança dos Estados Unidos (NSA) espionou cerca de 56 mil comunicações eletrônicas, no período de 2008 a 2011, de cidadãos sem ligações com o terrorismo. A informação está em documento oficial, preparado pela direção da agência, confirmando a interceptação de dados.

O gabinete do diretor nacional do serviço de informações, James Clapper, publicou ontem (21) documento, de 86 páginas, em que detalha a forma como a agência interceptava dados que violam a privacidade de pessoas, sem relação com o terrorismo, levando a instituição a mudar a forma de coleta de informações eletrônicas.

A publicação do documento ocorre depois de o governo norte-americano decidir desclassificar as decisões do tribunal federal, que define e autoriza as operações de vigilância, assim como analisa a legalidade dos programas de espionagem.

As deliberações do tribunal são normalmente secretas (classificadas), mas a mudança para revelar os documentos surge em meio às denúncias de Edward Snowden, ex-funcionário de uma empresa terceirizada que prestava serviços à NSA e que divulgou o esquema de espionagem.

Com base no extinto programa, a NSA desviava grandes volumes de dados internacionais que circulavam por fibra ótica nos Estados Unidos, supostamente para filtrar as comunicações estrangeiras. Porém, a agência indicou dificuldades para separar os e-mails dos norte-americanos e a estimativa é que tenha recolhido cerca de 56 mil comunicações domésticas todos os anos.

A NSA recolhia entre 20 milhões e 25 milhões de correios eletrônicos por ano, por intermédio desse programa, dos quais cerca de 56 mil eram classificados como domésticos, representando comunicação de cidadãos norte-americanos ou residentes nos Estados Unidos sem ligações com o terrorismo.

Em 2011, o tribunal federal, criado pela Lei de Vigilância e Inteligência Estrangeira, considerou o programa inconstitucional. “A aquisição desse tipo de comunicação obviamente não ajuda ao objetivo do governo de ‘obter, produzir e disseminar informação de inteligência estrangeira’”, destacou o juiz John Bates, do tribunal federal, segundo o documento desclassificado.

De acordo com a NSA, o que houve foi um problema técnico e não uma deliberada invasão de privacidade. Em 2012, a agência apagou todos os correios eletrônicos de cidadãos norte-americanos que tinha recolhido por esse método.

O documento judicial foi publicado com outros igualmente desclassificados e está disponível na página icontherecord.tumblr.com, criada pelo gabinete do diretor nacional da NSA na tentativa de aumentar a transparência sobre os programas de espionagem nos Estados Unidos. Há menos de duas semanas, o presidente norte-americano, Barack Obama, avisou sobre a criação da página.

*Com informações da agência pública de notícias de Portugal, Lusa

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