Extremistas islâmicos profanam tumba de santo muçulmano - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 19/04/2024
 
05/05/2012 - 23h33m

Extremistas islâmicos profanam tumba de santo muçulmano

Agence France Presse 
©AFP/Arquivo / Issouf Sanogo
Parte da cidade história de Timbuktu, no Mali
Parte da cidade história de Timbuktu, no Mali

BAMAKO (AFP) - Membros da organização Al-Qaeda no Magreb Islâmico (AQMI) profanaram a tumba de um santo muçulmano na cidade histórica de Timbuktu, informou neste sábado uma fonte oficial.

"Membros da AQIM, apoiados pelo (grupo islâmico armado) Ansar Dine, destruíram a tumba do santo Sidi (Mahmoud Ben) Amar. Eles atearam fogo à tumba", disse a fonte à AFP, sob a condição de ter sua identidade preservada, acrescentando que os vândalos prometeram destruir outros túmulos.

Timbuktu, declarado Patrimônio Mundial da Unesco e berço do aprendizado islâmico, está sob o controle da AQIM e do Ansar Dine desde que grupos se aproveitaram de um golpe realizado em 22 de março para tomar o controle do norte do Mali.

"Eles prometeram destruir outras tumbas. Timbuktu está em choque. Agora, eles querem tomar e controlar outras tumbas e manuscritos", informou a fonte.

Um jornalista local confirmou que a tumba foi destruída. "Isto é muito sério", afirmou.

O governo de transição do Mali expressou revolta com a profanação, denominando-a de "ato indescritível", em um comunicado lido em rede de televisão nacional.

Além de suas mesquitas históricas, o sítio compreende 16 cemitérios e mausoléus, segundo o site da Unesco.

Estas tumbas são "elementos essenciais de um sistema religioso, uma vez que, segundo a crença popular, constituem uma trincheira que protege a cidade de todo infortúnio", informou a agência cultural da ONU.

Às vezes chamada de cidade dos 333 santos, Timbuktu também abriga 100 mil manuscritos antigos, alguns datados do século XII, preservados em casas de família e bibliotecas privadas, sob os cuidados de estudiosos religiosos.

Em seu auge, nos anos 1500, a cidade, um porto do rio Níger nos limites do Saara, 1.000 km ao norte de Bamako, foi uma interseção chave para comerciantes de sal vindos do norte e de ouro, procedentes do sul.

Também foi um renomado centro de estudos islâmicos, com manuscritos em árabe e fulani escritos por estudiosos do antigo império do Mali, cobrindo uma variedade de temas, como Islã, História, astronomia, música, botânica, genealogia e anatomia.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro