GTA reinicia buscas por restos mortais de desaparecidos em ação na guerrilha do Araguaia - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
09/06/2012 - 01h33m

GTA reinicia buscas por restos mortais de desaparecidos em ação na guerrilha do Araguaia

Agência Brasil/Daniella Jinkings 
Agência Brasil/Arquivo/Ana Nascimento
Zezinho do Araguaia, ex-guerrilheiro, em foto de 2004
Zezinho do Araguaia, ex-guerrilheiro, em foto de 2004
  • Josean Soares, ex-militar, mostra poço artesiano onde estariam enterrados mais dois corpos de guerrilheiros
  • Em foto de 6 de março de 2004, Raimundo Pereira e Josean Soares (ex-militares e testemunhas) apontam novo local onde foram mortos dois guerrilheiros

Brasília - O Grupo de Trabalho Araguaia (GTA) reinicia no próximo domingo (10) as buscas por restos mortais de desaparecidos da Guerrilha do Araguaia, em Xambioá (TO). Desta vez, a expedição segue até o dia 20 de junho. As atividades serão acompanhadas por uma equipe técnica pericial, além de parentes dos mortos e desaparecidos da guerrilha e representantes do Ministério Público Federal (MPF).

Esta será a primeira expedição do grupo neste ano, pois os trabalhos foram interrompidos em outubro de 2011, devido ao início do período das chuvas. Na última quarta-feira (6), o Diário Oficial da União publicou uma portaria que prorroga as atividades do GTA por dois anos e dá publicidade aos nomes dos seus novos integrantes.

O GTA, reformulado em maio, é coordenado pelos ministérios da Defesa, da Justiça e pela Secretaria de Direitos Humanos (SDH). As pessoas que tiverem informações que possam levar ao local onde teriam sido enterrados os guerrilheiros devem ligar para o Disque Direitos Humanos (Disque 100). As ligações são gratuitas e não há necessidade de identificação.

A Guerrilha do Araguaia foi um movimento que surgiu na década de 1970 em oposição à ditadura militar. Até hoje, dezenas de militantes que participaram da guerrilha estão desaparecidos. Em 2009, a juíza da 1ª Vara Federal do Distrito Federal Solange Salgado determinou que o governo federal reiniciasse as buscas na região.

ATIVISTAS DOS DIREITOS HUMANOS QUEREM ABERTURA DOS ARQUIVOS

São Paulo (Agência Brasil/Camila Maciel) - Ativistas dos direitos humanos reunidos no 16º Encontro Nacional do Movimento Nacional de Direitos Humanos (MNDH) em São Bernardo do Campo, na Grande São Paulo, querem a abertura dos arquivos da ditadura militar.

A representante da Comissão de Familiares Mortos e Desaparecidos Políticos, Rosalina Santa Cruz Leite, disse que organização popular é essencial para que a Comissão da Verdade cumpra a tarefa de esclarecer a verdade histórica. “Esse trabalho pode resultar em uma simples reunião de fatos já conhecidos, apenas para cumprir com a sentença da Corte Interamericana de Direitos Humanos. As forças conservadoras não querem essa comissão, senão ela já teria sido feita em outros governos, como outros países fizeram”.

O MNDH listou a Constituição Federal de 1988, o Estatuto da Criança e do Adolescente, a Lei Maria da Penha, e a Comissão da Verdade como alguns dos avanços, dos últimos 30 anos, na luta por esses direitos no Brasil. Na avaliação do movimento, no entanto, a efetivação dessas conquistas é a principal dificuldade, o que torna a mobilização pela garantia dos direitos humanos no país uma necessidade permanente.

“Outras décadas serão necessárias até que esses direitos estejam de fato consolidados”, avaliou Rosalina.

Outro desafio recorrente nas avaliações dos participantes é a relação do movimento com os governos democráticos e populares. “Na primeira fase das organizações de direitos humanos, a postura de ser contra o Estado era bastante clara. Hoje, estamos vivendo os dilemas da terceira fase, que é de parceria da sociedade civil e Estado. Não podemos deixar de reconhecer, no entanto, que o capital e o Estado continuam sendo os principais violadores dos direitos humanos”, avaliou Renato Simões, conselheiro do MNDH.

Para Benedito Mariano, secretário de Segurança Urbana de São Bernardo do Campo, o papel dos movimentos sociais na crítica aos governos é fundamental. “Mesmo que as pessoas que estejam no Estado sejam nossos companheiros, o discurso de denúncia de violações aos direitos humanos não podem ser relativizados. Esse é o desafio”.

Mariano propôs, ainda, que os movimentos de direitos humanos se dediquem à tarefa de pautar um modelo de segurança pública condizente com democracia. “A polícia tem um modelo repressor que ainda é ditatorial”.

Irene dos Santos, uma das fundadoras do MNDH, destaca também os desafios internos da organização. “Precisamos voltar um pouco mais para a base. O número de lideranças diminuiu. Precisamos renovar nossos quadros, aproximando a juventude”. Ela aposta que esse trabalho de base pode resultar em mudanças mais profundas em torno das políticas sociais. “Não acredito em mudança vinda de governo, acredito no povo. São essas pessoas que podem, de fato, provocar as transformações necessárias”.

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