Guiné-Bissau prepara eleições dois anos após golpe militar - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 24/04/2024
 
02/04/2014 - 09h30m

Guiné-Bissau prepara eleições dois anos após golpe militar

Agência Hoje Internacional 
Reprodução
População prepara-se para eleições e retorno à democracia no país
População prepara-se para eleições e retorno à democracia no país

Bissau, Guiné Bissau (Agência Hoje Internacional) - Com uma área de 36.55 quilômetros quadrados e uma população de 1 milhão e 400 mil habitantes, a Guiné Bissau está preparando com muito cuidado as eleições gerais marcadas para o domingo, dia 13 de abril, dois anos após sofrer um golpe militar que deixou a economia em dificuldades e a população temerosa de sair às ruas.

Missões dos países da CEDEAO (ECOMIB) e da ONU já admitiram que têm falhado na busca de consolidar a democracia no país e segundo o investigador Gustavo Plácido dos Santos, "é tempo de Portugal, Angola, Brasil e outros países da CPLP voltarem à cena para ajudar este país de língua portuguesa e que ganhou a independência em setembro de 1973.

As eleições estavam inicialmente previstas para abril do ano passado e a incapacidade de organização e de melhorar o funcionamento da Justiça, provocaram o atraso. Além disso, segundo funcionários da ONU, a “persistente intromissão dos militares em assuntos nacionais mostra que as missões da CEDEAO e da ONU (UNIOGBIS) têm em larga medida sido incapazes de influenciar os acontecimentos”.

Sobre o assunto, Plácido dos Santos escreveu artigo para o Instituto Português de Relações Internacionais e Segurança (IPRIS) detalhando os fatos. "A fraqueza da ECOMIB esteve patente em dois episódios recentes. O primeiro foi, em fevereiro, ao mandar parar por militares o carro do líder da UNIOGBIS, José Ramos Horta. Antes, militares e a guarda nacional haviam cercado o escritório da missão da ONU na cidade de Buba, convencidos de que Carlos Gomes Júnior, o ex-primeiro-ministro cuja eleição para presidente foi impedida pelo golpe de 2012, estaria ali refugiado".

O ponto chave da afirmação do Estado de Direito na Guiné-Bissau será a reforma das forças de segurança. A sua força desproporcional na sociedade tem impedido sucessivos governos de se consolidar. Mesmo depois das eleições do mês que vem, muitas são as dúvidas acerca da capacidade de fazer os militares voltar para os quartéis, respeitar ordens e não se envolver na política.

As sanções que se seguiram ao golpe vieram ainda agravar a situação económica e financeira da frágil Guiné-Bissau. Só a União Europeia tinha prometidos 6,5 milhões de euros para modernização da administração pública. Portugal, um dos principais parceiros de cooperação, também tem mantido uma relação distante. Com isso, representantes da Guiné-Bissau se afastaram do dia-a-dia da Comunidade dos Países de Língua Portuguesa.

Para Plácido dos Santos a “melhor opção” em termos de envolvimento internacional seria uma força de estabilização da ONU, devidamente mantida pelo Conselho de Segurança, tal como os países lusófonos defenderam logo após o golpe de 2012.

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