O levantamento foi feito pelo Instituto Ayrton Senna para a Agência Brasil, com base nos dados divulgados pelo Ministério da Educação (MEC). Foi considerado o Ideb das escolas públicas, tanto da rede municipal quanto estadual.
O Ideb é um indicador de qualidade dos ensinos fundamental e médio, divulgado a cada dois anos. O índice é calculado com base em dados sobre aprovação e desempenho escolar obtidos por meio de avaliações do MEC. Desde a criação do indicador, em 2005, foram estabelecidas metas que devem ser atingidas por escolas, prefeituras e governos estaduais.
As metas intermediárias são diferenciadas para cada ente federativo e escola, porque cada um partiu de um ponto distinto em 2005. O objetivo é que o país atinja o Ideb nos 6 anos iniciais do ensino fundamental até 2021 e nos anos finais até 2025.
Nos anos iniciais, a meta é cumprida nacionalmente desde 2007, quando começou a ser estipulada. Para 2015, a meta do Brasil é de 5,2. A etapa alcançou 5,5. Nos anos finais, a meta foi descumprida pela primeira vez em 2013. Em 2015, o índice esperado de 4,7 também não foi alcançado. A etapa registrou um Ideb de 4,5.
"Nos anos iniciais, o Brasil vem melhorando de forma consistente e vai bater a meta prevista talvez até mesmo antes de 2021. Já nos anos finais, o Brasil melhora, mas não o suficiente para bater a meta, vai ter que fazer um esforço maior", diz o diretor de articulação e inovação do Instituto Ayrton Senna, Mozart Neves Ramos.
Dos cerca de 4,7 mil municípios com Ideb divulgado desde o início da série histórica, 2,3 mil vêm batendo sistematicamente as metas. Considerando apenas o Ideb de 2015, a porcentagem aumenta. Dos cerca de 5,3 mil com o índice calculado, 4 mil, ou 75,8% bateram a meta para os anos iniciais.
Nos anos finais, considerando apenas o Ideb de 2015, a porcentagem também aumenta, passando para 28,6%. Apesar da melhora, a porcentagem significa que, nos anos finais, cerca de 70% dos municípios não conseguiram cumprir o estipulado para o ano e, nos anos iniciais, 50%.
"Para início do ensino fundamental, parece que encontramos o caminho, mas quando começa a ter um professor por disciplina, o Brasil desanda e não têm mais condições de dar a resposta que precisa. O problema se agrava depois no ensino médio", disse Ramos.
Na avaliação do presidente do Instituto Alfa e Beto, João Batista Oliveira, para melhorar a educação, é preciso investir na formação de professores. "Primeiro é preciso perder a ideia de que mais é igual a melhor, isso não cola na educação. O que é preciso para melhorar é ter bons professores e, para isso, tem que atrair gente muito boa para ser professor. O Brasil não chegou sequer a pensar nisso", afirmou.
Segundo ele, fatores externos como a melhoria do nível socioeconômico dos brasileiros, que têm mais peso nos anos iniciais, podem ter influenciado no cumprimento da meta do Ideb e no desempenho dos estudantes. Mais para frente quando o ensino depende mais da escola, os índices não são satisfatórios.
Estados e capitais
Cinco capitais bateram as metas do Ideb nas escolas públicas para os anos finais do ensino fundamental desde o início da série histórica: Manaus, Fortaleza, Goiânia, Cuiabá e Campo Grande. Considerando apenas o Ided de 2015, Recife e Teresina também se unem ao grupo.
Nos anos iniciais, mais capitais cumpriram a meta desde 2007: Rio Branco, Salvador, Fortaleza, Goiânia, Cuiabá, Campo Grande, Belo Horizonte, João Pessoa, Curitiba, Teresina, Rio de Janeiro, Boa Vista, Florianópolis e Palmas. Em 2015, além dessas cidades, Manaus, Vitória, Recife, Natal e São Paulo também bateram a meta.
Minas Gerais é o estado que mais concentra municípios que bateram as meta de 2015 para os anos iniciais e finais. Nos anos iniciais, foram 752 cidades, o equivalente a 18,8% com os dados do Ideb disponíveis. Em segundo lugar, nos anos iniciais, está São Paulo com 484 municípios, 12,1%; e, em terceiro, o Paraná, com 317 municípios, ou 7,9%.
Nos anos finais, 399 cidades mineiras, o equivalente a 26,6% daquelas com Ideb computado para as escolas públicas, atingiram a meta. Em segundo lugar está o Ceará, com 147 municípios, ou 9,8%; e, em terceiro, Goiás, com 146, ou 9,7%.
Veja o Ideb das capitais para os Anos Iniciais (AI) e Anos Finais (AF)
NORTE
Manaus - AI: 5,5; AF: 4,4
Macapá - AI: 4,4; AF: 3,5
Boa Vista - AI: 5,5; AF: 3,8
Belém - AI: 4,4; AF: 3,3
Porto Velho - AI: 4,9; AF: 3,7
Rio Branco - AI: 5,8; AF: 4,5
Palmas - AI: 6,0; AF: 4,7
NORDESTE
Maceió - AI: 4,3; AF: 3,0
Aracaju - AI: 4,3; AF: 3,1
Salvador - AI: 4,7; AF: 3,1
São Luís - AI: 4,6; AF: 4,0
Natal - AI: 4,6; AF: 3,2
João Pessoa - AI: 4,6; AF: 3,7
Recife - AI: 4,6; AF: 3,9
Teresina - AI: 5,9; AF: 4,6
Fortaleza - AI: 5,4; AF: 4,2
SUL
Porto Alegre - AI: 4,8; AF: 3,6
Curitiba - AI: 6,3; AF: 4,6
Florianópolis - AI: 5,7; AF: 4,6
SUDESTE
Vitória - AI: 5,6; AF:
Rio de Janeiro - AI: 5,6; AF: 4,1
São Paulo - AI: 6,1; AF: 4,3
Belo Horizonte - AI: 6,2; AF: 4,4
CENTRO-OESTE
Campo Grande - AI: 5,4; AF: 4,8
Brasília - AI: 5,6; AF: 4,0
Cuiabá - AI: 5,4; AF: 4,3
Goiânia - AI: 5,7; AF: 4,9