Igreja Católica discute formas de reconhecer segundo casamento - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 29/03/2024
 
24/10/2014 - 11h36m

Igreja Católica discute formas de reconhecer segundo casamento

Agência Brasil/Andreia Verdélio 
Reprodução
Presidente da CNBB, dom Raimundo Damasceno, disse que igreja conhece situação especial de muitos casais
Presidente da CNBB, dom Raimundo Damasceno, disse que igreja conhece situação especial de muitos casais

Brasília - O presidente da Conferência Nacional dos Bispos do Brasil (CNBB), cardeal Raymundo Damasceno Assis, disse nesta quinta-feira (23) que a Igreja Católica está discutindo a possibilidade de reconhecer casais formados por divorciados que estejam em segunda união.

O assunto foi tratado durante a 3ª Assembleia Extraordinária do Sínodo dos Bispos, de 5 a 19 deste mês, no Vaticano, com o tema Os desafios pastorais da família no contexto da evangelização.

Segundo dom Damasceno, há consenso quanto à indissolubilidade do matrimônio, mas o sínodo não desconheceu situações especiais que muitas casais têm hoje.

São pessoas que contraem novo matrimônio, continuam participando das atividades da igreja, atuando nas comunidades, com uma vida estável e assumindo sua responsabilidade quanto à educação dos filhos, disse ele.

"E [esses casais] são desejosos de comungar e se confessar. Então, a igreja está aprofundando essa temática para ver, caso a caso, que soluções dar para essas situações.”

O cardeal ressaltou que não houve mudança doutrinal. Ele explicou que o sínodo foi dividido em duas etapas e que o documento final com as conclusões será proclamado pelo papa na segunda fase, em outubro do ano que vem. Foi preparado, no entanto, um documento com o resumo das discussões que será encaminhado às dioceses e conferências episcopais para ser aprofundado e receber contribuições.

Dom Damasceno, que é arcebispo de Aparecida, em São Paulo, informou que, durante o sínodo, foram apresentadas sugestões sobre como tratar o assunto. De acordo com ele, muitos casais procuram o tribunal eclesiástico para anular o primeiro matrimônio.

O cardeal acredita que é possível simplificar esse processo, que normalmente se dá em duas instâncias. “É uma proposta reduzir somente à primeira e dar poder maior ao bispo para a tomada de decisão nesses casos.”

Outra possibilidade apresentada é a dotar a prática das igrejas orientais que, segundo dom Damasceno, admitem a comunhão de casais em segunda união após um processo de acompanhamento, conversão e análise da situação deles ao longo da vida matrimonial. “Mas não são normas gerais, há normas a serem aplicadas caso a caso”, ressaltou.

No Brasil já existe o acompanhamento desses casais em algumas dioceses, pelas pastorais de casal em segunda união. O cardeal ressaltou, entretanto, que não houve, durante o sínodo, compartilhamento de iniciativas semelhantes para homossexuais.

“Não é matrimônio, nem família. Não se pode equiparar a união civil de casais do mesmo sexo ao matrimônio entre homem e mulher, que é uma união aberta à geração da vida. Mas essas pessoas, que procuram a igreja, devem ser respeitadas e acolhidas. Há consenso sobre isso. A igreja não discrimina e atende aos cristãos batizados que querem participar da comunidade, mas não significa que a igreja esteja apoiando esse tipo de união”, disse o arcebispo.

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