Indignada com espionagem, Dilma pode cancelar viagem - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 19/04/2024
 
02/09/2013 - 23h04m

Indignada com espionagem, Dilma pode cancelar viagem

Agência Brasil/Renata Giraldi e Carolina Sarres 
Agência Brasil/Valter Campanato
Ministros do Governo Dilma reclamam de espionagem norte-americana e prometem ações
Ministros do Governo Dilma reclamam de espionagem norte-americana e prometem ações

Brasília – A presidente Dilma Rousseff examina a possibilidade de adiar ou até mesmo cancelar a visita como chefe de Estado aos Estados Unidos, em 23 de outubro. A visita será a primeira de Dilma com honras de chefe de Estado ao país. Em meio às denúncias de espionagem, envolvendo dados pessoais da presidente e de assessores, ela está avaliando as alternativas. Oficialmente, o ministro das Relações Exteriores, Luiz Alberto Figueiredo Machado, evitou comentar o tema.

“Não vou tratar [hoje] sobre a viagem da presidente [aos Estados Unidos, em outubro]”, disse Figueiredo, que convocou entrevista coletiva ao lado do ministro da Justiça, José Eduardo Cardozo, para anunciar a indignação do governo brasileiro sobre as denúncias de espionagem e a exigência de explicações formais por parte dos norte-americanos.

Antes da visita de Dilma aos Estados Unidos, ela deve participar, em Nova York, no próximo dia 24, da Assembleia Geral das Nações Unidos, que não tem caráter de visita de chefe de Estado.

O último brasileiro recebido com honras de chefe de Estado nos Estados Unidos foi o então presidente Fernando Henrique Cardoso, em 1995. A honraria é concedida pelos norte-americanos a raras autoridades, pois envolve uma série de situações relacionadas ao cerimonial. A previsão é que Dilma seja recebida na Casa Branca com um tapete vermelho e homenageada com um jantar de gala. Também terá momentos de retribuição às homenagens que receberá, como depositar flores no obelisco – monumento em memória aos heróis de guerra.

Os preparativos da visita estão sendo organizados nos mínimos detalhes, entre eles as preferências da presidenta para o cardápio e o gosto musical. Em maio, quando o então ministro das Relações Exteriores Antonio Patriota foi a Washington (Estados Unidos) e esteve com o secretário de Estado, John Kerry, ficou definida a data da visita de Dilma.

BRASIL COBRA NOVAS EXPLICAÇÕES DOS EUA SOBRE ESPIONAGEM

Brasília (Agência Brasil/Renata Giraldi e Carolina Sarres) – O governo do Brasil reiterou hoje (2) a indignação às autoridades dos Estados Unidos em meio às denúncias de espionagem de agências norte-americanas sobre dados da presidente Dilma Rousseff e assessores, conforme divulgado ontem (1º) no programa Fantástico, da TV Globo.

Os ministros José Eduardo Cardozo (Justiça) e Luiz Alberto Figueiredo Machado (Relações Exteriores) reiteraram ser inadmissível aceitar qualquer tipo de violação, mas evitaram mencionar futuras providências que deverão ser tomadas contra os Estados Unidos.

Cardozo e Figueiredo cobraram dos Estados Unidos explicações, por escrito e formais, sobre as denúncias. “A violação da soberania não pode acontecer sob nenhum pretexto", disse Cardozo, lembrando que a indignação foi exposta aos norte-americanos. “Nós confrontamos com aquilo que foi revelado.”

Em seguida, o ministro da Justiça reiterou que “a violação da soberania não pode acontecer sob nenhum pretexto”. Segundo ele, a situação se agrava quando a violação ocorre “sob o ponto de vista político e empresarial”. “Isso fica, sem sombra de dúvidas, piorada”.

Na semana passada, Cardozo esteve em Washington, nos Estados Unidos, para reuniões com o vice-presidente Joe Badin, a assessora para Assuntos de Contraterrorismo, Lisa Monaco, e o chefe de Departamento de Justiça, Eric Holder. O ministro disse que apresentou como sugestão a adoção de protocolo de entendimento entre Estados Unidos e Brasil para a investigação em caso de suspeitas de terrorismo ou atos ilícitos.

Cardozo disse que a proposta se baseia na fixação de regras que a interceptação de dados só pode ser feita em território nacional, com ordem judicial e sob presunção de inocência. “Diante de indícios, se existirem práticas, o governo norte-americano poderia solicitar dentro do protocolo um acesso a essas informações”, disse. “Nós dissemos que não nos furtaríamos ao diálogo, desde que a questão não se colocasse de forma meramente retórica.”

Figueiredo acrescentou que a violação da privacidade e dados pessoais, sejam de autoridades, como a presidente da República, e dos cidadãos em geral é “incompatível” com a parceria existente atualmente entre Brasil e Estados Unidos. “É uma violação inconcebível e inaceitável da soberania brasileira”, ressaltou.

Pela manhã, Dilma convocou ministros para duas reuniões de emergência no Palácio do Planalto para discutir as denúncias de espionagem. As reuniões ocorreram em duas etapas: a primeira, que começou por volta das 10h, teve a presença dos ministros Cardozo, José Elito (Gabinete de Segurança Institucional), e Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência).

A segunda reunião, ocorreu logo depois, com Cardozo e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Celso Amorim (Defesa) e Luiz Alberto Figueiredo Machado (Relações Exteriores). Antes das reuniões, Figueiredo convocou o embaixador dos Estados Unidos no Brasil, Thomas Shannon, para prestar esclarecimentos formais ao governo brasileiro e cobrou explicações por escrito das autoridades norte-americanas.

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