Metroviários suspendem greve, mas ameaçam parar outra vez se Metrô confirmar demissões - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
10/06/2014 - 00h04m

Metroviários suspendem greve, mas ameaçam parar outra vez se Metrô confirmar demissões

Agência Hoje 
Agência Hoje/Ana Carolina Izi
Depois de vários dias com portões fechados, estações do Metrô voltam a funcionar em todas as linhas
Depois de vários dias com portões fechados, estações do Metrô voltam a funcionar em todas as linhas

São Paulo (Agência Hoje) - A greve dos metroviários de São Paulo está suspensa por dois dias e todas as estações do Metrô serão reabertas no horário normal a partir desta terça-feira, 10. Os funcionários concordaram em retornar imediatamente aos postos de trabalho e colocar as composições em movimento, retomando as operações.

A decisão foi tomada em assembleia extraordinária, realizada depois que a diretoria do Metrô anunciou a demissão por justa causa de cerca de 60 funcionários. O recuo do Sindicato dos Metroviários, que antes mantinha-se irredutível em relação ao reajuste solicitado, está sendo interpretado pela diretoria do Metrô como estratégico, uma forma de chamar o Governo de volta à mesa de negociação e obter a readmissão dos trabalhadores demitidos.

Nova assembleia foi marcada para quarta-feira (11), véspera da abertura da Copa do Mundo. Agora, a categoria reivindica, entre outras coisas, a readmissão de 42 trabalhadores demitidos nesta segunda-feira (9) pelo Metrô.

Durante o dia, os grevistas entraram em confronto com soldados da Polícia Militar em vários pontos da cidade, mas os problemas maiores ocorreram na Estação Ana Rosa, na Praça da Sé e em frente ao prédio da Secretaria dos Transportes. Acusados de fazer piquetes, impedindo a entrada de trabalhadores que não aderiram à greve, 13 deles foram detidos.

Idas e Vindas

Na reunião realizada à tarde entre a diretoria do Metrô e o Sindicato, na Delegacia Regional do Trabalho, não houve acordo. O secretário dos Transportes Metropolitanos, Jurandir Fernandes, depois de ouvir o Palácio dos Bandeirantes, considerou inaceitável a readmissão dos metroviários demitidos.

“Não houve acordo. É inadmissível a volta dos 42 demitidos. Não houve acordo e não haverá readmissão em hipótese alguma”, disse, após se reunir com os trabalhadores.

O Sindicato também manteve sua posição dos dias anteriores e anunciou que a decisão sobre a continuidade da greve seria decidida em nova assembleia. “Há uma tendência de defender os companheiros. Há a tendência de a greve continuar”, disse na ocasião o representante dos metroviários, Altino Prazeres.

De acordo com ele, o presidente do Metrô, Luiz Antonio Pacheco, chegou a aceitar, durante a reunião, a readmissão de todos os demitidos, exceto dois deles. “Quando foi consultar o governador Geraldo Alckmin, a resposta final dele foi negativa”, disse.

Mais cedo, o superintendente regional do Trabalho e Emprego em São Paulo, Luiz Antônio de Medeiros, disse que faltou pouco para que fosse fechado um acordo entre a Companhia do Metropolitano de São Paulo (Metrô) e os trabalhadores em greve há cinco dias. A readmissão de 42 metroviários demitidos chegou a ser parcialmente aceita pelo Metrô mas, em seguida, foi recusada pelo Palácio dos Bandeirantes.

“Estranhamente nós tínhamos recebido um sinal verde [do secretário da Casa Civil, Edson Aparecido] para resolver isso, e discutimos exaustivamente. O presidente do Metrô [Luiz Antonio Carvalho Pacheco] concordou, exceto com duas pessoas, que não seriam readmitidas. Achamos que o acordo estava feito, mas quando foi consultar, o Palácio [dos Bandeirantes] disse não”.

Greve Política

Para o Governo, ficou a clara impressão de que a greve foi meramente política e que a diretoria do Sindicato tirou proveito da proximidade da abertura da Copa do Mundo e das eleições de outubro, para pressionar a administração estadual. O recuo, segundo assessores do governador Geraldo Alckmin, só ocorreu após a declaração de greve abusiva pelo Tribunal Regional do Trabalho e pela ameaça de demissões por justa causa.

Nos últimos dias o Sindicato já sofria pressão dos próprios associados. O número de trabalhadores decididos a retomar as funções, reabrir as estações e colocar os trens em funcionamento aumentou muito no fim de semana. "Sentimos que o movimento passou dos limites, não temos o direito de prejudicar quatro milhões de pessoas", comentou um metroviário que prefere não se identificar para evitar represálias.

Também o esperado apoio dos passageiros não veio, mesmo com a defesa da "catraca livre" para todos, uma tentativa de conquistar a simpatia dos usuários do sistema. Irritados com os ônibus lotados, as ruas congestionadas e os prejuízos financeiros por conta de faltas e atrasos no serviço, a maioria dos trabalhadores ficou frontalmente contra a greve.

Na quarta-feira, 11, um dia antes da abertura da Copa do Mundo no Brasil, uma nova assembleia dos metroviários vai decidir se a categoria voltará a paralisar o metrô, interrompendo linhas e fechando estações. A ameaça é de que se as demissões não forem canceladas a greve voltará na quinta-feira, 12.

De acordo com pessoas próximas ao movimento, a tendência é de que o Metrô concorde em readmitir os funcionários afastados e o Sindicato aceite o reajuste proposto pelo Governo do Estado e referendado pelo Tribunal Regional do Trabalho. "Prejuízo mesmo ficou por conta dos mais de quatro milhões de usuários do sistema", comentou um empresário do Tatuapé que perdeu clientes por deixar de entregar encomendas para exportação.

"É fácil perceber quando o movimento tem segundas intenções", comenta ele. "Se o primeiro pedido de aumento é de 30%, o segundo de 20% e o terceiro de 12%, é claro que tem coisa estranha. Reajustes são calculados com base em perdas inflacionárias e elas nunca apresentam diferenças tão grandes. Quem sofre com esse tipo de greve em primeiro lugar é o povo, em segundo é o comerciante que deixa de vender e em terceiro o país, que deixa de crescer".

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