Minas tem 247 mortos por dengue com idade superior a 50 anos - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
14/12/2016 - 17h53m

Minas tem 247 mortos por dengue com idade superior a 50 anos

Agência Brasil/Léo Rodrigues, Correspondente em Belo Horizonte 
Agência Brasil/Arquivo
Agentes de saúde aceleram ações de combate ao mosquito da dengue em todo país
Agentes de saúde aceleram ações de combate ao mosquito da dengue em todo país

Belo Horizonte - A Secretaria de Saúde de Minas Gerais registrou 247 mortes por dengue no estado em 2016. Destas, 70,4% tem acima de 50 anos.

Os números foram apresentados nesta quarta-feira (14) durante o lançamento da Campanha de Enfrentamento ao Aedes aegypti, que será coordenado pelo comitê gestor estadual instalado no final de 2015 para o combate do mosquito. A estrutura é composta por representantes da Secretaria de Saúde, da Coordenadoria Estadual de Defesa Civil e outros órgãos estaduais.

Além das 247 mortes confirmadas, outras 41 óbitos suspeitos de dengue estão em investigação. Foi o maior número de casos confirmados e suspeitos da doença no estado neste ano. Até o momento, são 526.902 ocorrências, envolvendo os quatro sorotipos da dengue, mas com predominância do sorotipo 1. Em comparação, 2015 contabilizou 192.040 casos confirmados e suspeitos. Até então, o recorde era de 2013, quando foram registrados 413.743 ocorrências.

Problema Nacional

A dengue é transmitida pelo mosquito Aedes aegypti. O inseto é também vetor do vírus Zika e da febre chikungunya. Segundo o subsecretário de vigilância e proteção à saúde de Minas Gerais, Rodrigo Said, o problema é nacional e exige envolvimento de todas as esferas do poder público e da população.

"Vivemos um cenário diferente que é a circulação simultânea de três vírus que possuem o mesmo vetor. Hoje, em experiencia mundial, não há nenhum local que tem apresentado sucesso efetivo nas medidas de controle do Aedes. Precisamos pensar em ações intensificadas com a participação de todos os setores, incluindo a população. É o melhor caminho, ao invés de ficarmos apontando quem errou."

Rodrigo Said disse que, apesar da crise financeira que atinge o país e o estado, o combate ao Aedes aegypti é considerada uma ação prioritária do Governo de Minas Gerais. "Faremos todo o esforço possível, com apoio técnico e financeiro, para atuarmos em conjunto com os municípios", afirmou. Na semana passada, o governador Fernando Pimentel decretou calamidade financeira.

Zika e Chikungunya

Em 2016, foram registrados nos municípios mineiros 15.135 casos prováveis do vírus Zika. A doença foi confirmada em 1.065 gestantes, vítimas que preocupam porque existe o risco dos bebês nascerem com microcefalia. Ao longo desse ano, a microcefalia foi observada em 220 recém-nascidos. Quatro desses casos foram associados ao vírus Zika, 12 tiveram esse vínculo descartado e outros 137 permanecem em investigação. Os 67 restantes tiveram análise descartada.

Minas Gerais também registrou 482 vítimas prováveis de febre chikungunya em 2016. Embora a doença tenha aparecido no estado em 2014, somente neste ano foi confirmado o primeiro caso de transmissão autóctone, que ocorre quando o vírus é adquirido no próprio território mineiro.

Para 2017, uma das principais preocupações da Secretaria de Saúde do estado é a baixa resistência da população do estado em relação às doenças transmitidas pelo Aedes. "Neste momento, temos os quatro sorotipos da dengue circulando. O vírus Zika teve introdução em Minas Gerais apenas no final de 2015 e a febre chikungunya registrou transmissão autóctone apenas esse ano. Nós ainda não temos proteção imunológica", afirmou Said.

Vacinas

O desenvolvimento de vacinas contra o vírus da dengue aumenta a expectativa de enfrentamento da doença. O Instituto Butantan desenvolve um imunizante em dose única que deve ser disponibilizado ao público em 2018.

Na semana passada, os pesquisadores começaram a realizar testes em Belo Horizonte em parceria com a Universidade Federal de Minas Gerais (UFMG). Até agosto de 2017, 1.222 pessoas serão recrutadas como voluntárias. Outras doze cidades já estão com os testes em andamento.

O laboratório francês Sanofi Pasteur já obteve a aprovação de seu imunizante na Agência Nacional de Vigilância Sanitária (Anvisa). Aplicada em três doses com intervalo de seis meses, a vacina já foi disponibilizada na rede pública para a população de 30 municípios do estado do Paraná e também está a venda em clínicas privadas. Porém, ainda não há previsão para que a saúde pública em Minas Gerais receba a novidade.

"Nós seguimos as orientações do Programa Nacional de Imunização. Há um comitê técnico assessor que é responsável pelos estudos de custo e efetividade da implantação de qualquer imunobiológico no país. E até o momento, não há nenhuma recomendação de uso dessa vacina na saúde pública. Quando tiver um posicionamento concreto do Ministério da Saúde, iremos avaliar a melhor estratégia para Minas Gerais", disse o sub-secretário.

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