Ministro diz que Governo Dilma tem pressa em conhecer e dialogar com grupo Black Bloc - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 23/04/2024
 
29/10/2013 - 18h11m

Ministro diz que Governo Dilma tem pressa em conhecer e dialogar com grupo Black Bloc

Agência Brasil/Danilo Macedo 
Agência Brasil/Arquivo/Fernando Frazão
Ministro Gilberto Carvalho disse que criminalizar ações do grupo Black Bloc não resolve problema de vandalismo
Ministro Gilberto Carvalho disse que criminalizar ações do grupo Black Bloc não resolve problema de vandalismo

Brasília - O ministro-chefe da Secretaria-Geral da Presidência, Gilberto Carvalho, disse hoje (29) que o governo está acelerando a busca de um diagnóstico mais preciso sobre o movimento Black Bloc no Brasil para ter uma atuação mais eficaz contra ações de vandalismo durante manifestações populares no país. Segundo ele, é preciso ir à raiz do problema para resolvê-lo.

“Estamos em diálogo com a polícia, com as autoridades dos estados e também com a sociedade, com os movimentos juvenis, buscando ter rapidamente esse diagnóstico porque a simples criminalização imediata não vai resolver”, disse Carvalho.

Segundo o ministro, a polícia deve fazer o combate à destruição, mas é preciso conhecer mais o movimento Black Bloc que vem atuando nos protestos pelo país desde junho. Ele disse que uma das maiores dificuldades é ausência de interlocutores do movimento para dialogar com o governo.

“A linguagem aparente, insisto, aparente, é muito da destruição, da negação. Agora nós precisamos de alguma forma ter alguma ponte. Estamos buscando com muita força esse diálogo para que consigamos achar uma saída eficaz porque a repressão é necessária, mas só reprimindo não vamos resolver na profundidade o problema”, disse.

Carvalho disse que concorda com a afirmação de algumas pessoas sobre a população ter ficado, de certa forma, “refém” do movimento. “O próprio esvaziamento das manifestações mostrou isso. A população começou a recuar frente à violência”, disse. “O que nós queremos é impedir a violência, mas, ao mesmo tempo, ir à raiz do problema para entender essa questão e tomar medidas que resolvam”.

Black Bloc é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual pessoas que têm afinidades, mascaradas e vestidas de preto, se reúnem durante as manifestações. O grupo tem atuado principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

BLACK BLOC FOI TEMA DE AUDIÊNCIA PÚBLICA NA CÂMARA

Brasília (Agência Brasil/Aline Valcarenghi) - A Comissão de Direitos Humanos e Minorias da Câmara dos Deputados discutiu no dia 23 de outubro, em audiência pública, a atuação do Black Bloc em manifestações populares no país. De acordo com a professora de relações internacionais da Universidade de São Paulo, Esther Gallego, a violência do grupo é um sintoma de uma “doença institucional”. "Eles estão falando alto e claramente sobre as insatisfações dos jovens brasileiros", disse.

Black Bloc é o nome dado a uma estratégia de manifestação e protesto anarquista, na qual pessoas que têm afinidades, mascaradas e vestidas de preto, se reúnem durante as manifestações. O grupo tem atuado principalmente no Rio de Janeiro e em São Paulo.

Desde o início das ações violentas dos blacks blocs, Esther Gallego vem conversando com alguns deles. Segundo a professora, o grupo é formado por jovens de classe média baixa, maduros politicamente e que querem uma mudança estrutural no sistema político brasileiro.

“Eles falam que estão totalmente insatisfeitos com a política e como o governo não os escuta. Eles usam a violência para chamar atenção. Não acreditam em nada e não se sentem representados pelos políticos”, disse Esther Gallego. Para a professora, a violência da polícia e dos blacks blocs está aumentando e cada vez mais dificultando o diálogo.

Para Gustavo Romano, advogado e coordenador do blog Para Entender Direito, da Folha de S.Paulo, nada pode ser feito se não se souber o que eles querem, e isso não está claro. “Sem a violência, eles não teriam se tornado atores políticos. Mas, para a democracia, isso não funciona", disse.

Na avaliação de Romano, os Parlamentos municipais, estaduais e federal devem entender que, se não trouxerem essas pessoas para o sistema político, o país sempre vai passar por esse tipo de manifestação. "Essas pessoas acham que o Parlamento não as representa. Nós temos que encontrar mecanismos para dar voz a elas”, ressaltou.

"Mesmo aqueles que agiram de forma criminosa podem ter reivindicações legítimas, porque, embora o método que escolheram seja inadequado, para não dizer criminoso, o que eles querem pode ser a expressão do anseio ainda incompreendido do resto da sociedade que está silente", completou Romano

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