São Paulo (Agência Hoje) - O país inteiro está comemorando a vitória do Brasil sobre a Espanha, com um placar elástico e inquestionável. Em 94 minutos, 90 do tempo regulamentar e quatro de acréscimos dados pelo juiz, a seleção brasileira mostrou um futebol da melhor qualidade, de muita garra, empenho e determinação.
No Rio de Janeiro, mesmo com um grupo de manifestantes se aproximando ousadamente da entrada C do Estádio do Maracanã, a festa pela vitória prevaleceu e tomou conta de tudo. A Polícia Militar chegou a ter algum trabalho e enfrentou um grupo de 50 vândalos que saiu das manifestações pacíficas e decidiu atacar os policiais, primeiro aos gritos e palavrões e depois com bombas caseiras e coquetéis molotov.
Mas, nem isso tirou o ar de festa pelos 3 a 0 conquistados contra a seleção espanhola, até então considerada invencível. O público superior a 73 mil pessoas lotou o Maracanã e esqueceu problemas e protestos, dando vazão ao grito de "o campeão voltou", "Neymar", "Fred", "David Luiz" e repetidos "Brasil!", "Brasil!".
Em São Paulo, torcidas organizadas em vários bairros e cidades do interior comemoraram depois do segundo minuto de partida, quando o Brasil fez o seu primeiro gol, em um lance extraordinariamente feliz de Fred. Ainda no primeiro tempo, bem no finalzinho, Neymar apareceu e com a perna esquerda deu um balanço indefensável - 2 a 0.
O segundo tempo veio com muita confiança e um pouco de medo. Todo mundo esperava uma Espanha mordida, disposta a tudo para não perder a invencibilidade de 29 partidas, 26 delas oficiais. Entre jogadores, técnico e comentaristas espanhóis ninguém aceitava uma derrota da campeã do mundo por 2 a 0.
Foi pior, logo no começo do jogo, novamente o matador Fred fez o que todos queriam no campo e na arquibancada. Marcou o terceiro gol brasileiro e acabou de vez com a banca da seleção da Espanha. E ficou barato, o placar poderia ter sido maior. Houve várias oportunidades para esticar para 4 ou 5. Só que para uma seleção que até dias antes da Copa estava desacreditada, no 17º lugar no escore da Fifa, os 3 a 0 conseguidos foram bons demais.
O público que cantou "...e a seleção voltou" arrepiou todo mundo, brasileiros e espanhóis. Jogadores, torcedores, comissão técnica. O coro de mais de 70 mil vozes fez a sua parte e soube agradecer os atletas que estiveram em campo. Ninguém foi mais importante, mas é preciso enaltecer o arrojo salvador do David Luiz, a vontade de Júlio César, a categoria de Paulinho, o oportunismo do Fred e a genialidade do Neymar.
Para comandar tudo isso, um técnico que saiu do Palmeiras cabisbaixo, chegou à seleção sob críticas e dúvidas e soube se impor, demonstrar personalidade, juntar um grupo jovem, dispensar medalhões e transformar um time heterogêneo em uma turma alegre e entrosada. Scolari fez em 30 dias a mágica de dar ao Brasil uma cara, um objetivo, uma Copa.