O presente que a segunda-feira traz - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 26/04/2024
 
26/10/2015 - 14h47m

O presente que a segunda-feira traz

Mauricio Patrocinio* 

Era uma vez um funcionário de uma empresa que acordava todas as segundas-feiras de mau humor. Ele já começava a sentir a agonia no domingo à noite, quando ouvia a música do Fantástico. E ia dormir com aquela sensação de que o dia seguinte seria puxado.

E a noite já era ruim. Ele dormia tenso dos pés à cabeça. Tinha sonhos terríveis. Ou melhor, pesadelos. E acordava com os nervos à flor da pele.

Não tomava café da manhã direito, não dava bom dia para a esposa, despejava a filha na escola correndo para chegar logo no escritório. E quando chegava lá, sorria para o chefe.

Era aquele sorriso falso, mecânico. Político. Para ser quem ele não era.

Aquele homem sofria internamente. Trabalhava de sol a sol e dizia que era para dar o melhor para a família. Mas a família não tinha seu melhor. Quem tinha seu melhor era seu chefe, que tinha sorrisos (mesmo falsos), tinha presença. Sua família convivia com um carrasco. Com um homem que chegava à noite de mau humor porque coisas tinham acontecido em seu trabalho. E ia dormir cansado. Sem nem perguntar como tinha sido o dia das pessoas pelas quais dizia trabalhar.

Ele acordava com um nó na garganta, sempre preocupado. E ia para o trabalho sofrendo antecipadamente. Só relaxava quando sentava diante do computador.

Sua família estava cada dia mais longe. Não o tinham, de fato. Nem suportavam seu mau humor e sua presença.

O chefe, que sabia das coisas, logo sacava que o funcionário era um puxa-saco. Mas dava lucro para a empresa, porque fazia tudo que ele queria, na hora que queria, mesmo sem gostar.

Então, passavam as semanas, os meses, os anos.

E assim, passava uma vida.

A vida de muitos que hoje estão lendo este texto, sem se darem conta do presente que a segunda-feira nos traz. Da oportunidade de rever tudo que se quer para a vida, para o dia, para a semana. E, se estiver num trabalho que não gosta, procure verificar internamente se é o trabalho que está ruim, ou você que está insuportável.

Na maioria das vezes, somos nós que criamos nossa realidade. Não damos limites para o chefe, mas colocamos travas no coração para não receber o abraço da nossa família.

Somos coniventes com uma série de coisas que não gostamos para manter as aparências. Somos políticos.

Entenda o dia de hoje como uma oportunidade de se reinventar, de perceber como está agindo com as pessoas que te amam e te rodeiam. De desfrutar momentos que devem ser desfrutados, porque eles passam. E a única coisa que não podemos parar é o tempo. Este, sim, deve ser valorizado.

O tempo com a família, o tempo com quem amamos. O tempo com nós mesmos.

E se é tempo de mudanças, que saibamos agir com sabedoria para que ela chegue de uma maneira suave para nós.

Essa é a dica para que você comece sua segunda-feira.

*Mauricio Patrocinio é administrador de empresas, palestrante, consultor e autor do livro Por que as pessoas não são felizes? Trabalhou por 23 anos como executivo, chegando à presidência de uma empresa multinacional, cargo no qual permaneceu por oito anos. Largou a vida de executivo para tocar seu projeto pessoal, Discutindo a Felicidade, ministrando palestras por todo o país. O tema intriga Mauricio desde que ele tinha 8 anos de idade, quando, ao ver as pessoas estressadas em seu dia-a-dia, perguntava para sua mãe: “Por que as pessoas não são felizes?”

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