Papa pede políticas públicas dignas e que jovens não se desiludam com corrupção - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 16/04/2024
 
25/07/2013 - 13h34m

Papa pede políticas públicas dignas e que jovens não se desiludam com corrupção

Agência Brasil/Vitor Abdala e Akemi Nitahara 
Agência Brasil/Tânia Rêgo
Papa Francisco, sempre sorridente, cumprimentou fiéis na visita à comunidade
Papa Francisco, sempre sorridente, cumprimentou fiéis na visita à comunidade
  • Mesmo com chuva, milhares de pessoas ouviram o Papa com atenção em Manguinhos
  • Completamente à vontade, falando em bom português, Papa distribuiu bençãos entre os moradores

Rio de Janeiro – Em discurso durante visita à comunidade de Varginha, no Complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio de Janeiro, o papa Francisco fez um apelo às autoridades públicas, aos mais ricos e à sociedade em geral para que não se cansem de trabalhar por um mundo mais justo e solidário. Ele pediu políticas nas áreas de educação, saúde e segurança e dignidade às pessoas.

O pontífice fez um pedido especial aos jovens para que não percam a confiança em um mundo melhor. “Vocês, jovens, têm uma sensibilidade especial frente às injustiças, mas muitas vezes se desiludem com notícias que falam da corrupção de pessoas que, em vez de buscar o bem comum, procuram seu próprio benefício. Nunca desanimem, nunca percam a confiança. Não deixem que se apague a esperança, a realidade pode mudar. O homem podem mudar. Procurem ser vocês os primeiros a procurar o bem”, disse.

O papa falou do esforço da sociedade brasileira em combater a fome e a miséria, e destacou que as pessoas não podem virar as costas para os mais pobres. “Nenhum esforço de pacificação será duradouro, não haverá harmonia e felicidade para uma sociedade que abandona na periferia parte de si mesma. Ela simplesmente empobrece. Não deixemos entrar em nossos corações a cultura do descartável, porque somos irmãos e ninguém é descartável”, disse.

O discurso foi pontuado por alguns momentos de descontração do papa. Em um trecho, ele disse que gostaria de bater à porta de cada casa brasileira para “dizer bom dia, pedir um copo de água fresca, beber um cafezinho. Não um copo de cachaça”, disse para risos da plateia que se aglomerou no campo de futebol, onde ocorreu o discurso.

Em outro momento, o papa disse que o brasileiro é solidário e sempre busca compartilhar comida com quem tem fome. “Quando alguém que precisa comer bate à porta, vocês sempre dão um jeito de compartilhar a comida. Como diz o ditado: sempre se pode colocar mais água no feijão”, brincou o pontífice.

Francisco encerrou seu discurso dizendo que ele levará a comunidade de Varginha em seu coração. O papa chegou à favela por volta das 10h40. Mesmo com a chuva, milhares de moradores do Complexo de Manguinhos, uma das áreas mais pobres da cidade, acompanharam o papa Francisco à favela.

Na chegada à comunidade, muitas pessoas gritavam o nome do pontífice e algumas faixas foram estendidas nas grades, contra as remoções forçadas e pedindo justiça pelos mortos nas comunidades.

Logo que chegou a Varginha, o pontífice saiu do carro fechado e subiu no papamóvel. Durante o trajeto, ele parou várias vezes para abençoar crianças, que eram levadas até ele por seus próprios pais ou por seguranças. Depois, o pontífice fez uma oração na capela São Jerônimo, onde se encontrou com crianças da catequese. Uma delas é João Pedro Ferreira da Silva, 15 anos, coroinha da capela.

A mãe dele, Cleonice Ferreira de Lima, cozinheira, se sente privilegiada pela oportunidade, mesmo não podendo entrar no local. "Sinto uma emoção muito grande, meu filho vai ser abençoado."

Ao sair da capela, ele caminhou pela comunidade e continuou cumprimentando moradores e abençoando crianças, mesmo cercado por forte esquema de segurança. Várias pessoas deram presentes ao papa, inclusive uma faixa do San Lorenzo, time de futebol do qual Francisco é torcedor. No meio do trajeto e pouco antes de iniciar seu discurso, ele entrou em uma casa da comunidade.

PAPA CONDENA LIBERALIZAÇÃO DAS DROGAS

Rio de Janeiro (Agência Brasil/Paulo Virgilio) -  O papa Francisco condenou hoje (24) a liberalização do uso de drogas, ao discursar na inauguração do Polo de Atendimento a Dependentes Químicos, do Hospital São Francisco, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio. “Não é deixando livre o uso das drogas, como se discute em várias partes da América Latina, que se conseguirá reduzir a difusão e a influência da dependência química. É necessário enfrentar os problemas que estão na raiz do uso das drogas, promovendo uma maior justiça, educando os jovens para os valores que constroem a vida comum, acompanhando quem está em dificuldade e dando esperança no futuro”, disse.

O papa começou o discurso fazendo referência a São Francisco de Assis, patrono da ordem religiosa que mantém o hospital, onde a unidade inaugurada atenderá 70 dependentes químicos, entre eles usuários de crack. “Quero abraçar a cada um e a cada uma de vocês, que são carne de Cristo, e pedir a Deus que encha de sentido e de esperança segura o caminho de vocês e também do meu. Abraçar, abraçar...precisamos todos aprender a abraçar quem passa necessidade, como fez São Francisco de Assis”, declarou.

Durante a solenidade, que reuniu cerca de 1,5 mil pessoas, Francisco ouviu atentamente do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, e do padre Manuel Manganão, da Pastoral da Sobriedade, relatos sobre o trabalho de assistência aos dependentes químicos prestado pela Arquidiocese do Rio, em colaboração com órgãos federais e estaduais e a iniciativa privada.

Os momentos mais emocionantes foram os relatos de dois ex-usuários de drogas submetidos a tratamento pelo Programa de Assistência a Dependentes da arquidiocese. Um deles disse que depois de passar 17 anos se drogando, mas há 11 anos está livre do vício. O outro declarou que parou de se drogar há pouco mais de um ano. Os dois ganharam presentes e foram abraçados pelo papa.

Em uma veemente condenação ao tráfico, Francisco condenou o egoísmo que prevalece no mundo de hoje e desafiou a sociedade a enfrentá-lo. “São tantos os mercadores de morte que seguem a lógica do poder e do dinheiro, como a chaga do tráfico de drogas, que favorece à violência e que semeia a dor e a morte e que exige da inteira sociedade um ato de coragem”.

 

IMPRENSA INTERNACIONAL DESTACA DISCURSO SOBRE DROGAS

Brasília (Agência Brasil) – O discurso do papa Francisco ontem (24) condenando a liberalização do uso de drogas, durante a inauguração do Polo de Atendimento a Dependentes Químicos, do Hospital São Francisco, no bairro da Tijuca, zona norte do Rio, foi destaque na imprensa internacional.

O site do jornal inglês The Guardian ressaltou que o pontífice entrou em temas políticos com uma veemente condenação dos movimentos de legalização do uso de drogas. Segundo o jornal, os comentários do papa vão de encontro “ao movimento crescente na América Latina de liberalizar as vendas de maconha e outros narcóticos a reboque de décadas de violenta e ineficiente guerra contra as drogas na região.” O jornalista Jonathan Watts também destacou que o papa Francisco “lançou um rigoroso ataque contra os mercadores da morte que vendem drogas”.

O jornalista do periódico espanhol El País, Pablo Ordaz, informou que o pontífice fez um apelo “contra a praga do narcotráfico que favorece a violência e semeia dor e morte”. O jornal também destacou a primeira homilia do papa na Basílica do Santuário Nacional de Nossa Senhora Aparecida. De acordo com o El País, o papa enfatizou que os católicos não podem ser pessimistas e que a Igreja Católica deve enfrentar as questões do mundo moderno “de forma positiva, sem medo, deixando para trás a ameaça constante do inferno e do fogo eterno”.

O correspondente do jornal norte-americano The New York Times, Simon Romero, por sua vez, ressaltou os erros na visita do papa, lembrando da chegada tumultuada no Rio de Janeiro, em que o carro que levava o pontífice foi cercado por fiéis. O jornal criticou a pane por duas horas do metrô carioca prejudicando milhares de passageiros, principalmente peregrinos que se dirigiam a Copacabana, onde ocorria a cerimônia de abertura da Jornada Mundial da Juventude. O jornalista também informou que as autoridades do Rio de Janeiro têm enfrentando críticas sobre a forma como têm lidado com as manifestações na cidade.

ENCONTRO COM PEREGRINOS DA ARGENTINA

Rio de Janeiro (Agência Brasil/Vitor Abdala)  – O papa Francisco terá encontro na tarde de hoje (25) com peregrinos conterrâneos argentinos, na Catedral Metropolitana do Rio de Janeiro. Segundo o porta-voz da Santa Sé, padre Federico Lombardi, 5 mil peregrinos serão autorizados a participar do encontro, às 12h30, com o pontífice. Eles ganharão crachás e entrarão por ordem de chegada.

“Será uma saudação, um encontro um pouco improvisado. [O papa] pediu o encontro para ver os jovens argentinos e para que os jovens argentinos vejam o papa”, observou Lombardi. Segundo o porta-voz, não há discurso preparado para o encontro “mas, seguramente, o papa saberá o que dizer”.

O papa começou sua agenda hoje com uma missa privada na residência oficial da Arquidiocese do Rio, no Sumaré, às 7h30. Às 9h45, ele participará de cerimônia de entrega das chaves da cidade e de bênção às bandeiras olímpicas do Rio de Janeiro, no Palácio da Cidade, na zona sul.

Às 11h, o pontífice visitará a comunidade de Varginha, no complexo de Manguinhos, na zona norte da cidade do Rio, onde ele fará discurso. Depois do encontro com os peregrinos argentinos, às 12h30, o papa participa pela primeira vez de evento oficial da Jornada Mundial da Juventude, a festa de acolhida dos jovens, às 18h.

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