Patriota pede demissão, Dilma aceita e Luiz Alberto Figueiredo vai assumir Ministério - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 20/04/2024
 
26/08/2013 - 21h13m

Patriota pede demissão, Dilma aceita e Luiz Alberto Figueiredo vai assumir Ministério

Agência Brasil/Heloisa Cristaldo 
Agência Brasil/Arquivo/Antônio Cruz
Antonio Patriota deixa Ministério das Relações Exteriores após episódio da fuga de senador boliviano
Antonio Patriota deixa Ministério das Relações Exteriores após episódio da fuga de senador boliviano

Brasília – A presidente Dilma Rousseff aceitou o pedido de demissão do ministro das Relações Exteriores, Antonio Patriota. O representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU), embaixador Luiz Alberto Figueiredo irá assumir o cargo.

Em nota à imprensa, a presidente Dilma Rousseff anunciou a indicação de Patriota para a Missão do Brasil na ONU e agradeceu a atuação do ex-ministro "nos mais de dois anos que permaneceu no cargo". Nesta tarde, a presidente se reuniu com Antonio Patriota, no Palácio do Planalto, por cerca de 50 minutos.

A previsão é que Figueiredo assuma o cargo até a próxima sexta-feira (30) e acompanhe a presidente Dilma neste fim de semana para Cúpula da União de Nações Sul-Americanas (Unasul), em Paramaribo, capital do Suriname, que irá marcar a volta do Paraguai à Unasul.

Patriota deixa o ministério após uma ação que resultou na saída do senador boliviano Roger Pinto Molina da embaixada brasileira na Bolívia, onde ficou abrigado por quase 15 meses, e o ingresso dele no Brasil. Uma das lideranças de oposição ao governo de Evo Morales, Molina pediu asilo político ao Brasil, alegando perseguição política. Ele aguardava o salvo-conduto, para deixar o país, mas que foi negado pelas autoridades bolivianas que alegavam que o parlamentar responde a processos judiciais no país.

Com a saída da embaixada, Molina está em Brasília na casa de seu advogado. O diplomata de carreira e encarregado de negócios na Bolívia Eduardo Saboia é apontado como principal responsável pela saída do senador boliviano. O governo boliviano cobra explicações e argumenta que o senador Molina deixou o país como um "criminoso comum", pois tem ordem de prisão decretada e uma sentença condenatória de um ano por causar prejuízos econômicos ao Estado boliviano.

PATRIOTA SERÁ REPRESENTANTE DO BRASIL NA ONU

Brasília (Agência Brasil/Renata Giraldi) – Após dois anos e oito meses como ministro das Relações Exteriores, Antonio de Aguiar Patriota, de 59 anos, deixa o cargo para ser o novo representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). Com 34 anos de carreira, Patriota antes de ser nomeado chanceler foi secretário-geral do Ministério das Relações Exteriores. Filho de chanceler, Patriota construiu uma carreira baseada na disciplina, na articulação e em negociações multilaterais.

O ex-chanceler conheceu a presidente Dilma Rousseff quando era embaixador do Brasil em Washington (Estados Unidos), de 2007 a 2009. Anteriormente, Patriota foi subsecretário-geral Político do Ministério das Relações Exteriores, de 2005 a 2007, e secretário de Planejamento Diplomático do Ministério das Relações Exteriores, em 2003.

Com perfil de negociador, Patriota tem um estilo sóbrio. Recentemente, o ex-chanceler chamou a atenção pela firmeza com que tratou as denúncias de espionagem envolvendo agências norte-americanas e cidadãos brasileiros. Ao lado do secretário de Estado norte-americano, John Kerry, Patriota cobrou explicações dos Estados Unidos e o fim da espionagem.

Como diplomata de carreira, Patriota serviu também na missão permanente do Brasil em organismos internacionais em Genebra, na Suíça (1999-2003). Ele foi, por dois anos, representante alterno na Organização Mundial do Comércio (OMC) e também integrou a delegação brasileira no Conselho de Segurança da ONU (1994-1999).

Na ONU, como representante do Brasil, Patriota deverá participar de discussões como a busca por consenso em situações de crise. Atualmente, a comunidade internacional está em alerta devido ao agravamento da situação na Síria, em decorrência da suspeita de uso de armas químicas contra civis, e do Egito deflagrado pelas manifestações violentas e confrontos constantes.

NOVO MINISTRO FOI DESTAQUE DURANTE RIO+20

Brasília (Agência Hoje/Renata Giraldi) – O novo ministro das Relações Exteriores é o embaixador Luiz Alberto Figueiredo Machado, de 57 anos. Diplomata de carreira, Figueiredo Machado foi o negociador-chefe da Conferência das Nações Unidas sobre o Desenvolvimento Sustentável, a Rio+20, em junho do ano passado, no Rio de Janeiro. Na ocasião, ele se destacou pela habilidade e conquistou a confiança da presidente Dilma Rousseff pela disposição em negociar pacientemente com os que resistiam a acordos na Rio+20.

De personalidade introspectiva, Figueiredo Machado é contido nas palavras e é apontado como um estrategista. Acostumado a longas negociações, o novo chanceler não costuma demonstrar cansaço, nem impaciência. Ele e Dilma se conheceram na Conferência das Partes (COP), na Dinamarca, quando a presidente ainda estava na Casa Civil.

Figueiredo Machado tem uma longa trajetória com negociações multilaterais e bilaterais referentes não só às questões ambientais, como também à área de energia. Na Rio+20, ele chamou a atenção pelo bom-humor, mesmo diante de perguntas embaraçosas e repetitivas.

Após a Rio+20, Figueiredo Machado foi nomeado representante do Brasil na Organização das Nações Unidas (ONU). A nomeação para a ONU é considerada, entre os diplomatas, valorização do profissional, pois a entidade é o principal órgão internacional de negociações multilaterais.

A ONU também obriga os representantes das delegações dos diversos países a travar acordos bilaterais e específicos. Assuntos como paz, segurança e meio ambiente são apenas alguns dos vários colocados em debates constantes no órgão.

A sede em Nova York engloba a presidência da ONU, a Secretaria-Geral e o Conselho de Segurança. Porém, há, ainda espaços de discussão e definições em Viena (Áustria), Genebra (Suíça), Nairóbi (Quênia) e Haia (Países Baixos).

A diplomacia brasileira costuma ser elogiada por se caracterizar pela construção de consensos, pelo fim das polarizações e pela manutenção constante de diálogos e acordos. Nos últimos anos, as questões relativas à defesa de direitos humanos ganharam mais força para a delegação brasileira, que ressalta a importância de preservação, manutenção e defesa desses princípios.

ADVOGADO COMPARA SITUAÇÃO DO SENADOR BOLIVIANO À DE SNOWDEN E ASSANGE

Brasília (Agência Brasil/Luciano Nascimento) - O advogado do senador boliviano Roger Pinto Molina, Fernando Tibúrcio Peña, comparou hoje (26) a situação do seu cliente à de Julian Assange e Edward Snowden. "Ele é um exilado político, então ele continua na condição de exilado: a mesma situação que hoje tem o Snowden, na Rússia, ou o Julian Assange, no Equador. É exatamente a mesma", disse.

O australiano Julian Assange buscou abrigo na Embaixada do Equador, em Londres, na tentativa de evitar a extradição para a Suécia. As autoridades suecas querem interrogá-lo sobre delitos de ordem sexual. Porém, Assange, está prestes a completar um ano abrigado na embaixada equatoriana na capital inglesa. Ele teme que a Suécia autorize sua extradição para os Estados Unidos, onde deve responder sobre o vazamento de informações consideradas sigilosas, por meio do portal WikiLeaks.

O ex-consultor norte-americano Edward Snowden, de 29 anos, que denunciou, em junho, um esquema de espionagem a cidadãos dos Estados Unidos e estrangeiros por agências secretas de seu país. A denúncia provocou reações no Brasil e no mundo. Acusado de espionagem pelos Estados Unidos, Snowden está exilado temporariamente na Rússia.

O senador boliviano, que é opositor do presidente Evo Morales, ficou abrigado por 15 meses na Embaixada do Brasil em La Paz. No sábado (24), o parlamentar deixou a embaixada com o auxílio do diplomata Eduardo Saboia. O boliviano chegou nesse domingo (25) ao país por Corumbá (MS), onde se encontrou com o presidente da Comissão de Relações Exteriores do Senado, Ricardo Ferraço (PMDB-ES). Os dois voaram em seguida para Brasília.

Nesta segunda-feira, o procurador-geral interino da Bolívia, Roberto Ramirez, disse que o Ministério Público boliviano estuda pedir a extradição de Pinto Molina. "Impossível isso, não tem a menor possibilidade, não tem nenhum embasamento legal para isso", disse Tibúrcio. Amanhã (27), o senador vai ser ouvido na Comissão de Relações Exteriores do Senado.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro