Projeto Grael desiste de contrato para limpar a Baía de Guanabara - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
31/03/2015 - 10h19m

Projeto Grael desiste de contrato para limpar a Baía de Guanabara

Agência Brasil/Alana Gandra  
Agência Brasil/Tânia Rêgo
Programa de limpeza previa uso de ecobarcos e instalação de ecobarreiras
Programa de limpeza previa uso de ecobarcos e instalação de ecobarreiras

Rio de Janeiro - O Projeto Grael/Instituto Rumo Náutico desistiu de assinar contrato com a Secretaria de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro para implantar o programa de limpeza da Baía de Guanabara com o uso de ecobarcos e instalação de ecobarreiras. Embora o instituto tenha competência técnica para gerir o projeto de gestão do lixo flutuante da baía, pesou na decisão a falta de licitação no processo. A decisão foi unânime do conselho diretor da entidade.

A gerente adjunta do Projeto Grael, Joanna Dutra, disse à Agência Brasil que todos os projetos de grande porte são submetidos ao conselho diretor para aprovação. “O conselho achou prudente não corrermos o risco porque, sem licitação, por mais que haja suportes legais e caráter de emergência ou notório saber, existe risco lá na frente. Por isso, o conselho diretor votou por não assinar o contrato.”.

A forma da contratação levou os irmãos Torben e Lars Grael, além de outros membros do conselho, a não dar prosseguimento à negociação com a Secretaria de Estado do Ambiente. Joanna admitiu que, se houver uma licitação, o Projeto Grael poderá avaliar se participará do processo. Mesmo nessa hipótese, a decisão caberá ao conselho diretor.

Joanna lembrou que o Projeto Grael tem experiência nessa área. “Trabalhamos há quatro anos monitorando as correntes da Baía de Guanabara, colocamos o primeiro barco catalixo para funcionar na Baía. Tem todo um know-how ao longo desse período.”

O estudo preparado pelo Projeto Grael será cedido ao governo sem ônus, como sugestão. “Porque já contribuímos para que o lixo flutuante seja recolhido, porque sempre foi uma das bandeiras do instituto a questão do lixo flutuante na Baía de Guanabara”, explicou a ambientalista.

Criado em 1998, o projeto desenvolvido pelos irmãos Torben, Lars e Axel Grael e o amigo e velejador Marcelo Ferreira, teve como principal objetivo usar o esporte como ferramenta de inclusão social. Em 2006, o Projeto Grael introduziu o caráter de educação ambiental. Joanna Dutra deixou claro que, diferentemente do que foi veiculado pela mídia, o contrato não era para fazer a despoluição da Baía de Guanabara, mas para fazer a gestão do lixo flutuante.

O medalhista olímpico de vela, Lars Grael, destacou a importância da gestão do lixo flutuante para os Jogos Olímpicos de 2016, a fim de que o país possa oferecer “uma raia mais justa e igualmente competitiva para os atletas”.

As aulas de vela, natação e oficinas profissionalizantes oferecidas gratuitamente pelo Projeto Grael destinam-se a crianças a partir de 9 anos e jovens de até 29 anos de idade que estudam ou tenham concluído o ensino médio em escolas públicas.

Em nota, o secretário de Estado do Ambiente do Rio de Janeiro, André Corrêa, lamentou a decisão do Instituto Rumo Náutico de não gerir e operacionalizar a contenção e limpeza dos resíduos flutuantes da Baía de Guanabara. “Entendo a posição do conselho do Instituto Rumo Náutico, e a minha admiração pela família Grael aumentou ainda mais”, diz o secretário, na nota.

Diante da decisão, a secretaria vai entrar com pedido de urgência no Tribunal de Contas do Estado (TCE) para fazer uma licitação que defina a empresa gestora das ecobarreiras para conter o lixo flutuante na Baía de Guanabara.

Segundo Corrêa, será prioridade, a partir de agora, a criação de um plano de emergência cujo objetivo é evitar prejuízos para o evento-teste de vela para as Olimpíadas de 2016, programado para a segunda quinzena de agosto. O secretário pretende fazer um mutirão “para que, a exemplo do anterior, o evento-teste deste ano ocorra dentro dos níveis esperados”.

Corrêa esclareceu que as raias onde serão as provas olímpicas das competições náuticas continuam mostrando “padrões internacionais de balneabilidade”.

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