São Paulo (Agência Hoje) - No primeiro encontro programático do PSB de Eduardo Campos com o Rede Sustentabilidade, de Marina Silva, realizado em São Paulo no último final de semana, a tônica dos debates foram os desafios estruturais do país e a necessidade de atender demandas imediatas da população, mas as questões de compatibilidade entre os integrantes dos dois partidos também foram colocadas abertamente.
"Quem pensar que vamos brigar, Marina e eu, vai errar. Vamos cuidar das boas ideias e juntar as boas pessoas para mudar o país", avisou logo no início o presidente do PSB e governador de Pernambuco, Eduardo Campos, provocando um silêncio geral entre os presentes, cerca de 160 convidados especiais, considerados próximos do partido e formadores de opinião.
O diálogo foi defendido como a melhor forma de alcançar o entrosamento capaz de oferecer ao eleitor "um ciclo de desenvolvimento forjado em outras bases", disse Eduardo Campos, acrescentando em seguida: "aqueles que estão pensando isso aqui como a velha política, vão errar uma atrás da outra. Nosso encontro foi além de um olhar eleitoral, nós queremos dar uma contribuição política efetiva para melhorar o Brasil".
Em certo momento, o presidente do PSB olhou para Marina Silva e declarou, referindo-se à aliança firmada com o trupo Rede Sustentabilidade: "não nos move o interesse eleitoral de ganhar a qualquer preço, mas também não queremos perder a oportunidade de mudar o país". a ex-senadora ouviu, balançou a cabeça em sinal de aprovação e sorriu discretamente.
O encontro do PSB e do Rede Sustentabilidade foi realizado no Espaço do Bosque, na zona oeste de São Paulo, e reuniu mais de 160 convidados, entre dirigentes dos dois partidos e representantes de diversos setores, incluindo empresários e agentes culturais vindos de diversas partes do país. Divididos em 10 grupos, eles fizeram a primeira rodada conjunta de debates para identificar e discutir as diretrizes preliminares na formulação do plano de governo que será apresentado em 2014.
Encontrar o Caminho
Depois, os resultados serão levados para discussão a diversos Estados brasileiros, O objetivo é envolver e obter contribuições de todas as regiões do país. "Nós queremos encontrar o caminho para interpretar corretamente os desafios que estão postos no Brasil e romper com a mediocridade. Queremos recolocar o Brasil no concerto internacional e ajudar a enfrentar essa crise mundial, que também é uma crise de valores", disse Campos.
A ex-senadora Marina Silva falou sobre a importância dos três eixos que conduzirão o programa de governo: democratização da democracia; manutenção e aprofundamento das conquistas econômicas e sociais e desenvolvimento sustentável. "A nova política se expressa em uma nova forma de olhar as conquistas, reconhecer os erros e construir os avanços", afirmou. "Essas diretrizes são ousadas, mas não maiores que a esperança e o sonho de construir um novo caminho no Brasil".
O governador de Pernambuco concordou, afirmando que o desafio da aliança programática entre os dois partidos também significa superar o atual patamar histórico do país e avançar. "Vamos usar a energia das ruas e superar um modelo que já deu o que tinha que dar. Precisamos entender o processo histórico e ter uma visão de longo prazo".
Para ele, as instituições brasileiras envelheceram diante de um novo tecido social e de novas plataformas de comunicação, o que exige o aprofundamento da democracia e a abertura de um ciclo de crescimento que mude, e melhore efetivamente, a vida das pessoas. "É fundamental ter clareza de que o que é mais complexo no Brasil ainda está por ser feito", concluiu.