Rebeldes abandonam cidade da Síria, após oito dias e 120 mortes - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 25/04/2024
 
13/06/2012 - 07h34m

Rebeldes abandonam cidade da Síria, após oito dias e 120 mortes

Agence France Presse 
AFP/United Nations/Arquivo / David Manyua
A cidade de Homs é alvo de bombardeios do regime sírio
A cidade de Homs é alvo de bombardeios do regime sírio
  • Observadores da ONU foram alvos de tiros quando tentavam entrar em uma cidade para verificar informações de massacre
  • Organizações de direitos humanos estimam que cerca de 1.200 crianças morreram nos 15 meses de revolta contra Assad

BEIRUTE (AFP) - Os rebeldes do Exército Sírio Livre (ESL) se retiraram na madrugada desta quarta-feira da cidade de Hafa, noroeste da Síria, e as forças do regime, que bombardeiam a região há oito dias, invadiram a localidade, informou o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH).

"Os insurgentes se retiraram da cidade de Hafa e de toda sua região na madrugada para preservar a vida dos habitantes de bombardeios extremamente violentos", declarou à AFP Rami Abdel Rahmane, diretor do OSDH, que citou militantes ligados aos combatentes na província de Latakia.

"Depois do recuo tático para preservar a vida dos habitantes, as forças oficiais assumiram o controle da região, cercada e bombardeada pelas tropas do regime há uma semana", completou Abdel Rahman.

Durante este período, as tropas do regime sofreram "grandes perdas" em combates com os insurgentes, nos quais centenas de soldados ficaram feridos ou morreram, disse o diretor do OSDH.

O bombardeio e os combates provocaram 120 mortes em oito dias, de acordo com a ONG.

O ESL já havia abandonado as cidades de Zanquba, Dafil e Bakas, na região de Hafa.

Uma equipe de observadores da ONU tentou entrar em Hafa na terça-feira, mas foi impedida por moradores de uma localidade vizinha partidários do presidente Bashar al-Assad. Três veículos das Nações Unidas foram alvos de disparos.

Nesta quarta-feira, o governo da China expressou preocupação com a "situação crítica" na Síria, país que agora enfrenta uma guerra civil, segundo um alto representante da ONU.

CHEFE DA OTAN NÃO APROVA INTERVENÇÃO MILITAR

SIDNEY,Austrália (AFP) - Uma intervenção militar na Síria não é "um bom caminho", estimou nesta quarta-feira o secretário-geral da Otan, Anders Fogh Rasmussen, horas após um alto responsável das Nações Unidas qualificar a situação no país de "guerra civil".

"Não há atualmente qualquer projeto" de operação da Otan na Síria, declarou Rasmussen, que qualificou de "grave erro" o fracasso do Conselho de Segurança da ONU em obter um acordo sobre os meios de se aumentar a pressão sobre Damasco.

Sobre o Afeganistão, Rasmussen prometeu não abandonar o país, no momento em que as tropas estrangeiras se retiram pouco a pouco.

"Não abandonaremos o Afeganistão, não deixaremos um vazio na segurança", disse Rasmussen no Clube da Imprensa Nacional em Canberra.

EXÉRCITO SÍRIO TORTURA, MATA E USA CRIANÇAS, DIZ ONU

NOVA YORK (AFP) - As tropas do regime do presidente sírio Bashar al-Assad torturaram, mutilaram, estupraram e assassinaram crianças, e também utilizaram algumas de até 8 anos como "escudos humanos" durante ataques militares contra os rebeldes, revelou nesta terça-feira um relatório da ONU.

As Nações Unidas classificaram o governo da Síria como um dos piores em sua "lista da vergonha" anual de países em conflito nos quais as crianças são assassinadas, torturadas ou forçadas a combater.

Organizações de direitos humanos estimam que cerca de 1.200 crianças morreram nos 15 meses de revolta contra Assad, cuja brutal repressão foi condenada pela comunidade internacional.

"Raras vezes vi uma brutalidade semelhante contra crianças como na Síria, onde meninas e meninos são presos, torturados, executados e utilizados como escudos humanos", disse à AFP Radhika Coomaraswamy, representante especial da ONU para crianças em conflitos armados, antes da apresentação do relatório.

As forças governamentais da Síria capturaram dezenas de crianças de oito a treze anos antes de realizar um ataque no povoado Ayn Aruz, na província de Idlib (noroeste), no dia 9 de março, afirma o relatório.

As crianças foram "utilizadas pelos soldados e membros do exército como escudos humanos, colocando-as em frente às janelas dos ônibus que transportavam militares para realizar o ataque ao povoado", disse.

Apoiando-se em testemunhos de pessoas que estiveram no local dos incidentes, o relatório da ONU afirma que o exército sírio, assim como os serviços de inteligência e a milícia Shabiha, partidária de Assad, isolaram o povoado para realizar um ataque que durou quatro dias.

Entre os 11 mortos do primeiro dia, havia crianças de 15 a 17 anos. Outras 34 pessoas, entre elas duas crianças de 14 e 16 anos, foram presas.

"Presume-se que a metade do povoado foi queimado e que quatro dos 34 detidos foram executados e queimados, incluindo as duas crianças de 14 e 16 anos", acrescentou o relatório.

O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, disse que o relatório revelou uma das muitas "violações graves" de direitos humanos realizadas contra crianças.

O governo sírio e as milícias que lhe são partidárias estiveram entre os novos integrantes da "lista da vergonha da ONU", junto com organizações e partidos políticos de Sudão e Iêmen.

O relatório foi finalizado antes do massacre de Houla (centro), no dia 25 de maio, no qual 49 das 108 vítimas parecem ter sido crianças, algumas de dois e três anos, mortas por tiros na cabeça ou cujos crânios foram brutalmente atingidos.

"A maioria das crianças que foi vítima de tortura disse ter sido espancada, impedida de ver, submetida a situações de estresse, chicoteada com pesados fios elétricos, queimada com cigarros e em um caso foi reportado o uso de choques elétricos na região genital", disse o relatório.

A violência se intensificou na Síria nas últimas semanas, apesar da suposta vigência de um cessar-fogo acordado em abril. Segundo a oposição ao governo de Assad, mais de 14.000 pessoas morreram desde o início da rebelião contra o governo, em março de 2011.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro