BEIRUTE (AFP) - Os rebeldes sírios deram nesta quinta-feira prazo até sexta-feira ao meio dia para que o regime de Bashar al-Asssd aplique o Plano Annan, que prevê fundamentalmente o fim da violência no país, e destacaram que em caso contrário não serão obrigados a respeitar o plano.
"Se o regime sírio não respeitar o prazo de sexta-feira ao meio dia, o comando do Exército Sírio Livre (ESL) anuncia que não se sentirá obrigado por nenhum compromisso vinculado com o Plano Annan. Nosso dever consistirá em defender os civis", afirma o ESL em um comunicado.
"Depois do massacre bárbaro de mulheres e crianças em Houla, nós anunciamos que nada justifica o respeito da trégua de forma unilateral, pois Assad enterrou o Plano Annan diante do mundo inteiro", completa a nota.
Os insurgentes exigem a aplicação do plano de seis pontos do emissário internacional Kofi Annan, sobretudo o cessar-fogo imediato, o fim de todas as formas de violência, a retirada de todas as tropas, dos tanques e veículos do regime das zonas residenciais, a entrada de ajuda humanitária em todas as regiões devastadas, a libertação dos prisioneiros, o acesso dos meios de comunicação ao país e a liberdade de manifestação pacífica.
De acordo com o Observatório Sírio dos Direitos Humanos (OSDH), o Exército sírio bombardeava nesta quinta-feira pelo segundo dia consecutivo a região de Houla, cenário de um massacre na semana passada.
Também de acordo com a ONG, 73 pessoas morreram na quarta-feira no país.
ONU ALERTA RISCO DE "CATASTRÓFICA GUERRA CIVIL" NA SÍRIA
ISTAMBUL (AFP) - O secretário-geral da ONU, Ban Ki-moon, advertiu nesta quinta-feira sobre o risco de uma "catastrófica guerra civil" na Síria após o massacre de mais de 100 civis na cidade de Houla.
"Massacres como os que vimos no fim de semana passado podem levar a Síria a uma catastrófica guerra civil, uma guerra civil da qual o país nunca se recuperará", disse Ban durante o fórum da Aliança de Civilizações em Istambul.
O massacre de Houla (centro da Síria) matou, segundo a ONU, 108 pessoas, incluindo 49 crianças, e provocou uma onda de indignação mundial.
Vários países, incluindo Estados Unidos, Grã-Bretanha e França, ordenaram a saída dos representantes diplomáticos sírios para aumentar a pressão sobre o regime de Bashar al-Assad.
Ban Ki-moon demandou que a Síria aplique o plano de paz do mediador das Nações Unidas e da Liga Árabe, Kofi Annan, para acabar com a violência no país.
"Eu peço que a administração síria cumpra com seu compromisso de aplicar o plano de paz de Annan", afirmou Ban.
Annan se reuniu na terça-feira com o presidente sírio Bashar al-Assad e pediu a adoção de "medidas corajosas" de forma imediata para acabar com a violência.
Ban afirmou nesta quinta-feira que os 300 observadores da ONU mobilizados na Síria são os "olhos e ouvidos" da comunidade internacional para que os "autores dos crimes possam prestar contas à justiça".
"Não estamos lá para ser um observador passivo diante de atrocidades que não têm nome", disse Ban.
O regime sírio nega envolvimento no massacre de Houla.