Restaurante típico nordestino, Mocotó é point da Vila Medeiros - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 01/05/2024
 
14/03/2014 - 15h57m

Restaurante típico nordestino, Mocotó é point da Vila Medeiros

Agência Hoje/Angela Conti, free lancer 
Divulgação
Restaurante Mocotó, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, amplia e melhora instalações
Restaurante Mocotó, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, amplia e melhora instalações

São Paulo (Agência Hoje) - Caldinho de Mocotó, fava com linguiça, bacon e carne-seca ou feijão-de-corda. Ou ainda, carne de sol, atolado de bode e paleta de cordeiro do Velho Chico. São dezenas de pratos nordestinos de nomes sugestivos, um sem número de misturas e um sabor sem igual, capaz de atrair brasileiros de São Paulo, do norte, do sul e do centro-oeste.

O restaurante Mocotó, criado em 1973 com o nome de Casa do Norte, na avenida Nossa Senhora do Loreto, na Vila Medeiros, zona norte de São Paulo, é o recanto de José Oliveira de Almeida, um pernambucano de 76 anos de idade, jeito simples e muita disposição para trabalhar e atender os fregueses com simpatia. Ele é o dono, mas também atende, lava pratos, organiza o salão e sabe manter uma conversa agradável.

No começo, a Casa do Norte Irmãos Almeida era apenas um ponto a mais na Vila Aurora, funcionando como um pequeno bar que oferecia uma pinguinha, uma cerveja e muitos tipos de petiscos, sempre com as características da comida nordestina. Puxado pelo caldo de mocotó, o lugar agradou e apenas um ano depois transformou-se em um bar amplo, sempre cheio.

Viagem Difícil

"Trabalhei na roça até a véspera da viagem e a única bagagem que trouxe foram duas camisas, uma calça e um par de calçados, minha mala era um saco e o cadeado era o nó. A viagem durou oito dias, vim num ônibus caindo aos pedaços e cheguei aqui por sorte. Numa parada no Rio de Janeiro o motorista ao manobrar o ônibus derrubou o muro de uma casa e fugiu me deixando pra trás junto com alguns amigos, a sorte foi que ele enganchou num viaduto e conseguimos alcançá-lo."

A história é contato com orgulho por José Oliveira de Almeida. Nascido em Mulungu, um pequeno vilarejo do sertão de Pernambuco, ele chegou a São Paulo quando tinha 25 anos. Trabalhou em fábrica de laticínios, metalúrgica, fundição, na feira e por último em uma malharia. Chegou a dividir um quarto de pensão com mais oito pessoas. Em 1973, em sociedade com dois irmãos, montou a "Casa do Norte Irmãos Almeida" na Vila Aurora.

Foi nessa época que começou a história de sucesso do caldo de mocotó. As pessoas se acotovelavam para entrar no bar e tomar a iguaria, além de comprar produtos típicos como carne seca, farinha de mandioca, rapadura, bolachas e queijos nordestinos. Com o passar do tempo o pequeno bar não comportava mais a clientela e em 1979 ele montou a "filial", bem em frente à matriz. Em 1994, a Casa do Norte foi fechada e deu lugar ao restaurante.

Ainda hoje, o "Seu Zé Almeida" vai ao Mocotó, atende clientes, lava pratos, orienta os cozinheiros e cria novas receitas. Ele é conhecido por seu coração de ouro. Faz questão de cumprimentar os clientes e os funcionários, contar histórias do dia a dia e saber o que estão achando dos pratos. Sempre tem uma palavra a mais, um sorriso.

Comida e Bebida

O restaurante é simples e está localizado em um bairro modesto de São Paulo, mas tem uma clientela fiel e apresenta números que chamam a atenção. No último levantamento feito, em 2011, o Mocotó atendeu 240 mil clientes, preparou mais de 15 toneladas de carne-seca, cinco toneladas de tomate e 15 toneladas de mandioca.

No mesmo período foram servidas 55 mil porções de baião de dois, uma mistura de arroz e feijão, 40 mil torresmos e 30 mil caipirinhas à base de pinga e limão.

Na cozinha, preparando tudo isso, permanece o chef de muitos cursos no Brasil e no exterior. Trata-se de Rodrigo Oliveira, filho do seu Zé Almeida, e preparado desde criança para seguir os passos do pai e unir a teoria conquistada nas escolas de gastronomia com a prática de um restaurante de grande movimento e alto nível de exigência.

“Fazer cozinha brasileira pra mim é fazer a comida do sertão, que é o meu chão e o de minha família, é contar nossa história. De lá vem nossa riqueza, nosso entendimento e posicionamento no mundo. É o que e como servimos. É nossa paixão.”, repete ele, orgulhoso de tudo o que aprendeu e da posição que ocupa.

É Rodrigo, já nascido no bairro de Santana, em São Paulo, quem conta parte da história do pai. "Seu José Almeida é cabra-macho, sertanejo, um dos filhos mais velhos de uma família de catorze irmãos. Desde cedo tomou conta dos demais e de boa parte do sustento da casa trabalhando na roça. Ainda garoto chegou a ter nove cabeças de gado, crescidas a partir de um bacuri presenteado pelo tio. A seca comeu tudo, foram-se os bichos para salvarem-se da fome".

E continua. "Quando não havia mais medida, sangue ou suor que tirasse da terra rachada o mínimo sustento, ele se aventurou na cidade grande. Chegou a São Paulo e por aqui enfrentou de tudo, desde trabalhos severos em fundição e metalurgia, até modestos negócios próprios como uma padaria e uma pequena malharia. Até que ao lado de dois irmãos, Gercino e Gilvan, abriu a Casa do Norte Irmãos Almeida. Foi quando sua sorte começou a mudar".

Mocotó da Vila Medeiros

Mudou tanto que ele abriu o Mocotó, fez freguesia fiel e se tornou uma das principais referências na Vila Medeiros. Para atender bem os clientes, oferece saladas, pratos tradicionais do nordeste e alguns quitutes que agradam clientes de todos os lugares. Tem a favada, o sarapatel, o feijão-de-corda e petiscos muito apreciados, como o bolinho de abóbora com carne-seca.

O caldinho de mocotó, porém, é imperdível. Para acompanhá-lo vale a pena entrar no reino das cachaças e experimentar algumas tiradas como a "Minha Nega", uma mistura de cachaça envelhecida, suco de limão e rapadura. Custa R$ 16,90 em março de 2014. Ou a "Caipirinha de Verão", a base de cachaça, cajá, tangerina e manjericão. Também a R$ 16,90.

E quem prefere ficar só na pinga, tem a "Vinagrinha", uma cachaça envelhecida em tonel de carvalho, potencializada com vinagre orgânico de maça e mel. A dose sai por R$ 5,00.

É pouco? O Mocotó também impressiona pelo seu Clube da Cachaça, onde o restaurante guarda 117 marcas diferentes de pingas de todos os tipos e regiões do Brasil. Tem as puras ou a base de amendoim, jequitibá, freijó, amburana, bálsamo e carvalho, com oito ou mais anos de envelhecimento. Tudo em nome da boa comida e da boa bebida.

SERVIÇO

Restaurante e Cachaçaria Mocotó

www.mocoto.com.br

Avenida Nossa Senhora do Loreto, 1100, Vila Medeiros, São Paulo

Telefone - (11) 2951-3056

Aceita todos os cartões de crédito e de débito

Pratos Principais em março de 2014

Caldo de Mocotó, Mocotó com Fava, Baião-de-Dois, Sarapatel, Feijão-de-Corda

Petiscos

Segunda-feira - Bolinho de Arroz

Arroz vermelho, cateto e agulhinha combinados com queijo-de-coalho e nossos temperos.

Servido com molho de pimenta agridoce

6 unid. R$ 12,90 porção 12 unid. R$ 19,90

Terça-feira - Bolinho de Mandioquinha e Linguiça

Linguiça assada e linguiça defumada numa massa delicada de mandioquinha e tapioca.

6 unid. R$ 12,90 porção 12 unid. R$ 19,90

Quarta-feira - Bolinho de Abóbora com Carne-Seca

Massa de abóbora, recheado com carne-seca desfiada e requeijão-do-norte.

Servido com vinagrete da casa.

unid. R$ 4,90 porção 07 unid. R$ 29,90

Quinta-feira - Bolinho de Feijão Branco e Linguiça

Massa de feijão recheada com linguiça e pé de porco, empanada

em farinha de torresmo. Servido com vinagrete da casa.

unid. R$ 4,90 porção 07 unid. R$ 29,90

Sexta-feira - Pasteizinhos de Carne-de-Sol

Massa sequinha e crocante recheada com nossa carne-de-sol,

queijo-de-coalho e nossos temperos. Servido com vinagrete da casa.

02 unid. R$ 6,90 porção 07 unid. R$ 21,90

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