Rússia acha que plano para Síria é última chance de evitar guerra - Hoje São Paulo
São Paulo, SP, 23/04/2024
 
26/03/2012 - 18h47m

Rússia acha que plano para Síria é última chance de evitar guerra

Agence France Presse 
AFP/Ekaterina Shtukina
O presidente russo Dmitri Medvedev cumprimenta Kofi Annan, durante encontro em Moscou, dia 25.
O presidente russo Dmitri Medvedev cumprimenta Kofi Annan, durante encontro em Moscou, dia 25.

DAMASCO (AFP) - O Exército sírio bombardeava nesta segunda-feira os bairros de Homs, um dia depois de a Rússia, aliada do regime, ter assegurado seu apoio total ao plano de Kofi Annan destinado a por fim à violência, mais de um ano após o início da sangrenta repressão à revolta popular.

O enviado da ONU e da Liga Árabe na Síria, Kofi Annan, recebeu uma nova resposta do regime de Damasco a suas propostas para solucionar a crise. Segundo seu porta-voz, "a está estudando e responderá muito em breve".

Annan disse que no dia 14 de março havia recebido uma primeira resposta das autoridades sírias e pediu que fosse esclarecida.

O presidente americano, Barack Obama, e seu homólogo russo Dmitri Medvedev expressaram seu apoio aos esforços de Kofi Annan para por fim à violência. Obama informou que o objetivo final era um poder legítimo na Síria.

No entanto, o presidente americano se referiu às diferenças persistentes em relação à Síria de Bashar al-Assad, da qual a Rússia é aliada e fornecedora de armas desde a época soviética.

O plano de Annan propõe o fim de todas as formas de violência sob supervisão da ONU, a entrega de ajuda humanitária e a libertação das pessoas detidas de maneira arbitrária.

Recentemente, Rússia e China votaram a favor de uma declaração na ONU apoiando a missão de Annan, depois de terem bloqueado duas resoluções condenando a repressão a um movimento de contestação que já dura mais de um ano, tendo deixado mais de 9.100 mortos, segundo o Observatório Sírio de Direitos Humanos (OSDH).

Annan iniciou um giro para tentar convencer ambas as potências, que possuem direito de veto no Conselho de Segurança da ONU, para que pressionem seu aliado sírio.

Depois de ter se reunido com o presidente russo, Annan é esperado na terça-feira em Pequim. A China diz esperar "discussões profunda sobre um acordo político" da crise síria.

Diante da impotência da comunidade internacional, os combates entre soldados e militares dissidentes se intensificaram. Estes disseram que pegaram suas armas para defender suas cidades e os civis.

Nesta segunda-feira, a violência causou outras 32 mortes, entre elas a de 19 civis, 11 soldados e dois desertores, segundo o OSDH.

O Exército efetuou operações na província de Idleb (noroeste), onde enfrentou desertores, em Daraa (sul), Deir Ezzor (leste), próximo a Damasco, em Aleppo (norte) e na região central de Hama.

Soldados e os desertores se enfrentavam também próximo à fronteira turca e nas imediações da capital, segundo o OSDH.

Divisões na oposição síria

No momento em que se aproxima a reunião dos países amigos da Síria, no dia 1º de abril em Istambul, o Conselho Nacional Sírio (CNS), principal coalizão da oposição, pediu que diversos grupos e personalidades hostis ao regime se reúnam nesta segunda e na terça-feira para tentar formar uma frente unida nesta cidade turca.

Alguns se recusaram a participar, e a fragmentação da oposição provoca temores na comunidade internacional, que hesita em conceder uma ajuda aos rebeldes.

No sábado, o Exército Sírio Livre (ESL), constituído de desertores, anunciou ter se dotado de um Conselho Militar Unificado.

Já a Irmandade Muçulmana síria, representada no CNS, anunciou no domingo em Istambul seus objetivos para a Síria depois da queda de Bashar al-Assad, pronunciando-se por um "Estado laico, democrático e pluralista" no qual o "povo eleja nas urnas seus dirigentes".

No nível diplomático, a Turquia fechou na segunda-feira sua embaixada em Damasco, devido a uma degradação das condições de segurança, seguindo assim o exemplo de vários países da União Europeia (Itália, Espanha, França, Reino Unido, Holanda), dos Estados Unidos e das seis monarquias do Golfo.

O Parlamento sírio pediu ao presidente Bashar al-Assad para adiar as eleições legislativas previstas para 7 de maio. Os países ocidentais consideram uma farsa a realização dessas eleições em pleno conflito.

Hoje São Paulo

© 2024 - Hoje São Paulo - Todos os direitos reservados.
Desenvolvido por ConsulteWare e Rogério Carneiro